Apanhado do PercPan 2010 RJ
Written by urbe, Posted in Música, Resenhas
Buraka Som Sistema
Baseado na única apresentação que havia assistido deles, com um DJ e dois MCs, se alguém me dissesse que o Buraka Som Sistema seria o destaque desse PercPan, ainda mais dividindo a noite com o Hypnotic Brass Ensemble, não apostaria dois tostões.
Só que eles chegaram maiores, com uma formação que inclui uma bateria, percussão e programações. O volume que isso gera visualmente no palco se reflete no som. A apresentação cresce muito. Mesmo já estando tarde e com o público não se empolgando muito, ninguém foi embora. Impacto teve.
Durante todo o show fiquei pensando como é que pode não haver UMA banda de funk (baile funk) nesse formato. O surrado DJ-MC segue sendo a regra, desperdiçando um potencial gigante. Tem a do Catra, mas isso é uma outra história.
Estou falando de um formato feito pra bombar uma pista de dança, um palco ou um clube, independente do público ser iniciado ou não nas batidas. Uma apresentação com um apelo mais pop, sem sentido pejorativo no termo.
Mesmo considerando qualquer limitação financeira, passou da hora do funk dar um passo a frente tanto em sentido de referências (e nesse sentido o Sany puxa o bonde) quanto de formato. Fico pensando no estrago que faria uma banda com bateria, programação, um MC violento e um repertório, de clássicos e/ou inéditas. João Brasil, aproveita que está em Londres e vai que é tua, lenda!
Hypnotic Brass Ensemble
Tocando antes do Buraka, o Hypnotic Brass Ensemble lutou contra a dificuldade de fazer a platéia de fato pular e se empolgar (culpa, talvez, do excesso de convidados). Pediram, falaram, insistiram numa participação do público que nunca veio.
Depois do show, muita gente reclamava do excesso de blá blá blá e da postura “yo, rap” do grupo. Não sei exatamente o que esperavam de um grupo de músicos de rua com forte influência exatamente do hip hop. Um concerto, com todos sentados, certamente fugiria muito da proposta. Pode ter faltado entendimento, ou aceitação, do que a banda tem pra apresentar, porque o show foi bonzaço.
Orchestre Poly-Rythmo de Cotonou
Duas noites antes, no Teatro Casa Grande, os ritmos africanos da Orchestre Poly-Rythmo de Cotonou sofreram com o som precário, sem graves e repleto de agudos de furar os tímpanos, além da ausência de um dos guitarristas, que não veio ao Brasil por medo de avião. Ainda assim foi um bom show.
As Tucanas tocaram antes, nuna tentativa bem ingênua de apresentar sons percussivos africanos, soando como uma banda de final de ano de algum colégio alternativo. Fechando a noite, o peruano Novalima também não agradou, com um som e formação meio farofada, esvaziando o lugar antes do final.
Tucanas
que isso… que viagem essas tucanas.
“passou da hora do funk dar um passo a frente tanto em sentido de referências (e nesse sentido o Sany puxa o bonde) quanto de formato. Fico pensando no estrago que faria uma banda com bateria, programação, um MC violento e um repertório, de clássicos e/ou inéditas”
Sany Pitbull, eu mesmo, Dj Chernobyl, Dj Comrade, JMay, MUNCHI com destaque, tem uma penca d produtores dando varios passos a frente com o funk.
Quanto ao FORMATO, minha resposta eh mt simples, a maioria de nos quer ganhar dinheiro com musica, e a chance de se sustentar com uma banda eh 4 ou 5 vezes menor do que com um duo ou solo. Eu nao montei uma banda de club music ainda por isso: mais trabalho, menos dinheiro.
Pensando a curto prazo, né, Leo Justi. Uma voltinha pelos saites dos principais festivais do mundo, grandes ou pequenos, mostra que a realidade não é essa, bomba mais quem tem banda. E falando em bomba, se o Bomba Estereo, da Colômbia, consegue, não vejo porque não conseguirem aqui.
Aliás, pelo seu comentário, até faço ideia do motivo: enquanto se colocar o dinheiro na frente da proposta artística, realmente não vai sair nada de relevante.
Eu nao coloco o dinheiro na frente da proposta artística. Nem mesmo coloco no mesmo nivel.
Soh tenho a impressao de que quem investe em banda normalmente esta ganhando seu dinheiro de alguma outra forma. Nao to certo disso, mas acho que a maioria dos casos eh assim. Eu infelizmente tenho um problema em achar outra fonte de renda, que me permita fazer arte como eu gostaria de fazer.
Enfim, acho que meu pensamento eh meio neurotico, mas eh um pensamento, eh minha situacao… eu sou bem workaholic e em todas as bandas em que estive nego era muito relax pra fazer a coisa acontecer.
se eu ainda tivesse investindo em banda certamente nao estaria ganhando dinheiro, tendo a chance de tocar meu som em NY, com liberdade total.
agora, talvez estivesse sim fazendo um som mais interessante… num quarto no rio
Valeu Bruno!
Boa idéia mesmo!
Absss
Leo Justi, o Bomba Estereo não está tocando num quarto. Nem o Buraka. E seria MTO mais barato para eles também ser apenas um DJ. Pensa grande, leo, pensa grande…
Fiquei pensando a mesma coisa em relação ao Buraka. Vem esses caras, de POrtugal, e apresentam um show de Funk progressivo, aqui no Rio, na nossa cara, tá muito na mão. É preciso vir um gringo fazer isso, Eu achei o show histórico, mas o público tava muito esquisito, tinha pouco gente comprando a onda dos caras, acho que a galera ainda não se ligou na existÊncia dessa cena.
Muita gente também veio falar da implicância que
tiveram com atitude hip-hop do Hypnotic, e não entederam que é justamente este contraste é que é o grande barato da banda. O som eu acho às vezes meio comum, meio “agradável” demais, mas foi interessante ver uma banda de sopro fanfarrona pimp.
O som do Casa Grande realmente não segurou, a Polyritmo ficou abaixo do que podia ser mesmo. Mas foi bonitão mesmo assim.
Mas pra mim, a grande vergonha foi o Bloco Cru, que porra era aquela? Faz verginha até em carnaval de condomínio… Um milhão de vezes pior do que as Tucanas, que sofreram mais por estarem meio deslocadas de contexto, mas era um espetáculo que tinha seus momentos froça cênica, e tb musical , principalmente quando não rovava aquelas bases caidaças do dj. O NovaLima tinha que ter ido pro Canecão. Eles não agradaram assim como nem o Buraka mesmo “agradou”, a galera parou no tempo mesmo, como diz o ditado, “às vezes é preciso demitir o público”Assim como aqueles mexicanos. São sons que só fazer sentido na pista. Vendo o show deles fiquei pensando no furo que é não ter nada de tecnobrega ou coisas próximas dentre as atraçóes brasileiras (o que fica mais absurdo diante da presença no Bloco Cru no lineup). Porque o NovaLima tava ali, muito perto, e havia uma interseção até com os macedônios
Achei que faltou ressaltar o Letierres. depois do Buraka, pra mim foi o melhor show do Percpan. É a melhor música instrumental que se faz no Brasil em anos, e acho que vai demorar pra aparecer um lance parecido. Foi de chorar.
A sugestão é fazer um próximo show do Bomba + Buraka. Vai abalar a escala Richter
Não falei do Leitieres porque não vi, Juliano. Tinha visto no Rival, outro dia, então acabei não indo:
http://www.youtube.com/watch?v=MMak-pX77x4
‘as vezes eh preciso demitir o publico’ haha genial cara… melhor frase do mes
Po Bruno, eu, em raros e belos momentos, acho que voce estah coberto de razao… espero que estes momentos venham a ser mais e mais frequentes em minha vida!
eu q sou mt negativo mesmo, to ligado
Sai dessa, Leo. Manda um email pro João, pro Chernobyl, todos vcs se conhecem, comecem essa história.
Concordo com a dificuldade que o hipnotic teve com o público, talvez o lugar não fosse dos melhores um palco menor e mais próximo do público talvez…, a falação excessiva foi um reflexo disso, pena, o show foi ótimo, quem entendeu se divertiu quem não entendeu, perdeu dinheiro e tempo.
E com relação ao Buraka não tinha a menor expectativa, e eles arrebentam no palco, concordo que o Funk carioca tem perdido oportunidades de crescimento a muito tempo, abrindo mão de muitas referências a sua volta e ao alcance da mão e das referências desse gueto tech emergente, só uma observação portugueses e angolanos não são gringos são irmãos.
acho que o bruno tá certo. quando ele comentou isso no show fez todo o sentido do mundo. de todos.
de baile funk, foi o bonde do rolê foi quem mais bombou lá fora, não? e é uma banda….
/URBe
por Bruno Natal
Cultura digital, música, urbanidades, documentários e jornalismo.
Não foi exatamente assim que começou, lá em 2003, e ainda deve mudar muito. A graça é essa.
falaurbe [@] gmail.com
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