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quarta-feira

14

abril 2021

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MIT Tech Review (abril 2021)

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Artigo sobre o futuro da internet que escrevi pra MIT Tech Review Brasil.

O futuro será cada vez mais digitalizado. Isso não é uma premissa, é simplesmente a realidade. De muitas formas, esse futuro já chegou. Transformações tecnológicas são uma constante e a descentralização da internet por meio da criptografia é a próxima grande revolução digital. Há 15 anos, quando se falava que estaríamos hiperconectados, enviando vídeos de qualquer lugar do mundo e que o celular substituiria os computadores pessoais, muita gente duvidava. O processo de descentralização da internet já está em curso.

Acreditar ou não no impacto dessas transformações está diretamente ligado a resposta a uma pergunta bem simples: o mundo vai se tornar mais ou menos digital nos próximos anos? A resposta parece óbvia.

Siga lendo no site da MIT Tech Review.

Muito além do NFT: metaversos, Web3 e o futuro digital

A explosão do mercado da cripto arte é apenas a ponta visível de uma completa transformação da internet através da criptografia e da descentralização.

O futuro será cada vez mais digitalizado. Isso não é uma premissa, é simplesmente a realidade. De muitas formas, esse futuro já chegou. Transformações tecnológicas são uma constante e a descentralização da internet por meio da criptografia é a próxima grande revolução digital. Há 15 anos, quando se falava que estaríamos hiperconectados, enviando vídeos de qualquer lugar do mundo e que o celular substituiria os computadores pessoais, muita gente duvidava. O processo de descentralização da internet já está em curso.

Acreditar ou não no impacto dessas transformações está diretamente ligado a resposta a uma pergunta bem simples: o mundo vai se tornar mais ou menos digital nos próximos anos? A resposta parece óbvia.

Passamos grande parte do último ano online e diversas mudanças foram aceleradas. O cenário de pandemia apressou comportamentos esperados para se manifestar daqui cinco anos ou mais. De uma hora para outra o trabalho remoto, comunicação assíncrona, compras online, convivência digital tornaram-se uma realidade que chegou para ficar. Se quase todas nossas interações acontecerem online, fará cada vez mais sentido gastar dinheiro em bens virtuais.

O próximo passo para viabilizar essa transformação é a descentralização da internet. O surgimento das Organizações Autônomas Descentralizadas (DAO, Decentralized Autonomous Organization), com regras especificadas por contratos inteligentes executados e validados no Blockchain, criará entidades auto-governadas. O primeiro exemplo bem sucedido foi o Bitcoin, agora surgiram os NFTs (tokens não fungíveis, non fungible tokens), mas tudo isso é apenas a ponta visível de um processo muito mais amplo.

Por isso, ainda que os criptoativos como o NFT possam estar inflados pelo hype, não se trata de uma bolha, ao menos no sentido clássico. Estamos assistindo à estrutura central dessa mudança sendo montada e começando a ser utilizada (ou notada) por pessoas além da comunidade de usuários pioneiros.

Fases da web

A internet nasceu descentralizada e foi construída sobre protocolos abertos, como HTTP, SMTP, SMS, FTP E IRC para sites, e-mail, mensagens, transferências de arquivos e bate papo. Qualquer pessoa podia construir aplicações e um site, por exemplo, podia ser diretamente acessado por um usuário, sem intermediários.

Em meados dos anos 2000 veio a primeira grande mudança da Internet. Conhecida como Web 2.0, essa nova internet possibilitou a construção de interfaces simplificadas e facilitaram o caminho para que qualquer pessoa pudesse ter uma presença online, com o surgimento primeiro de blogs e depois de redes sociais que tornaram incrivelmente fácil publicar qualquer coisa online, sem necessidade de saber uma linha de código sequer.

Para tornar essas interações possíveis e customizar a experiência, era preciso coletar dados dos usuários. Com o passar do tempo, a capacidade de coletar dados cresceu, assim como a possibilidade de capturar valor, até esse aspecto se tornar o foco principal dessas plataformas.

Essa é a internet que temos hoje: plataformizada e centralizada. Apesar dos inegáveis avanços que essa evolução possibilitou (auto publicação, facilidade de agregação, democratização do alcance, pluralidade de vozes, a lista é imensa), as mudanças provocadas pela plataformização nos afastaram da proposta original da internet, descentralizada e livre.

Hoje as plataformas como Facebook, Twitter, Google, Spotify etc, são as verdadeiras donas do conteúdo e, principalmente, das comunidades que criamos. Algoritmos pouco transparentes decidem o que reverbera mais ou menos. Através de termos de uso igualmente opacos, as plataformas decidem quem pode ou não utilizá-las. E se por algum motivo decidirem encerrar seu perfil, você não pode levar seu conteúdo, muito menos seus seguidores para outro lugar.

Web3: descentralização

A próxima era da Internet já começou com a promessa de corrigir e aperfeiçoar alguns desses aspectos. A Web3 está sendo construída sobre redes criptoeconômicas, como Bitcoin e Ethereum. Combinando as melhores características das duas primeiras eras da Internet, a Web3 será formada por redes descentralizadas e governadas pela própria comunidade, com uma capacidade de gerir recursos maiores do que os serviços centralizados de agora. Junto com essas melhoras, por serem redes criptografadas e sem um responsável único, também veremos novas questões e desafios se apresentarem.

A ideia central da Web3 gira ao redor do consenso, com o aspecto financeiro embutido. Sai o conceito de um órgão centralizador para validar as ações (por exemplo, uma rede social que determina o que pode ou não ser publicado) e entra um mecanismo de consenso e validação distribuído em milhões de nós de uma rede.

Outro aspecto crucial é a interoperabilidade. O protocolo descentralizado SMTP da internet original permite que se envie um e-mail de um provedor para outro (de um Gmail para um Hotmail) sem atrito. Já na Web 2.0, centralizada, não é possível enviar uma mensagem do Twitter diretamente para o Facebook. As redes descentralizadas da web3 permitirão a interoperabilidade entre praticamente tudo, revolucionando todas as indústrias.

A tecnologia que permite isso é chamada blockchain, que nada mais é do que uma lista de registros (os blocos, block), ligados uns aos outros de forma criptografada, listados numa espécie de livro-razão digital (a corrente, chain). Como esses registros são sequenciais e validados através do consenso entre diferentes nós da rede, eles não podem ser modificados retroativamente.

Esse protocolo é a base do Bitcoin, a criptomoeda pioneira que inaugurou e popularizou esse conceito. As chamadas finanças descentralizadas (DeFi, decentralized finance) querem construir um novo sistema financeiro, sem instituições centrais, onde será possível construir aplicações complementarem uma sobre as outras, como Legos de dinheiro.

O discurso da descentralização soa anárquico e anticapitalista, porém ao eliminar os atravessadores e intermediários, a busca é por agregar valor através de uma conexão direta entre fornecedores e consumidores, um capitalismo radical. Não é sobre tirar dinheiro do sistema, mas sim de mudar o sistema, transferindo o dinheiro para quem cria e quem consome e para quem trabalha para manter e aperfeiçoar essa rede

A importância da portabilidade

Na Web 2.0 vivemos numa economia de aluguel. Os ativos digitais que produzimos e utilizamos todos os dias, sejam textos, fotos e vídeos que publicamos, músicas e vídeos que consumimos ou roupas e objetos que adquirimos em games, não nos pertencem, mesmo que tenhamos pago por eles.

Na Web3, os dados ficarão atrelados diretamente às pessoas, a mesma coisa acontece com valores financeiros. O usuário pode levá-los para onde quiser, tendo controle total sobre eles. É a portabilidade. Cria-se uma identidade digital soberana, permitindo a interoperabilidade, com todos os dados e dinheiro embutidos diretamente nos protocolos da Web3.

A partir da hora que tudo que você publicar na internet for registrado no blockchain de forma nativa, em formato de NFT, o autor passará a ter controle total sobre sua criação. Em vez de publicar um arquivo no servidor de uma rede social, por exemplo, ao criar um post você estará apenas apontando para o arquivo em si, hospedado na blockchain e atrelado a sua identidade digital. Nesse formato, os próximos (ou a evolução do) Instagram, Twitter ou Youtube servirão apenas como uma vitrine para exibir as criações dos usuários.

Além de ter sua autoria sempre atrelada a obra, o usuário também terá o poder de autorizar qualquer uso dela. Essa mecânica vai tornar muito difícil para alguém publicar algo sem autorização (da mesma forma que alguém não pode simplesmente imprimir pôsteres de um artista como Banksy para vender sem ter os direitos autorais para isso).

Hoje, os arquivos propriamente ditos não ficam gravados na blockchain, apenas o código referente a ele, apontando para onde encontrá-lo. Para essa transformação de fato acontecer, os arquivos precisarão estar gravados direto na blockchain,

A Web3 nos leva em direção a propriedade de fato. Não apenas você poderá levar esses ativos para outras partes da rede com você, como também poderá vendê-los. É uma vantagem econômica real da Web3 sobre a Web 2.0.

Para replicar as transações e propriedades do mundo físico, a Web3 precisa de uma forma de comprovar a propriedade, origem e escassez desses ativos digitais únicos. Nessa evolução descentralizada da internet, os NFTs fazem a ponte entre a Web3 e a economia virtual do Metaverso.

O que vemos agora com a ascensão dos NFTs é um caso de estudo prático, um pontapé inicial que popularizará os conceitos da Web3.

Tokens não fungíveis e chaves digitais

Non Fungible Token, mais conhecidos pela sigla NFT, são ativos não fungíveis. Fungível é tudo aquilo que pode ser substituído por outro igual, sem perda de valor. Um quilo de feijão pode ser trocado por outro quilo de feijão, uma nota de 10 reais tem o mesmo valor que outra nota de 10 reais, duas moedas de Bitcoin têm valor igual.

Ativos não fungíveis, por sua vez, são insubstituíveis ou não podem ser trocados de maneira direta. Não é possível trocar um quadro do Picasso por um do Da Vinci pois, mesmo que ambos sejam valiosos, seus valores não têm uma relação direta. Nem mesmo dois quadros do mesmo artista têm necessariamente o mesmo valor.

Os NFTs são códigos gravados no blockchain atrelados a ativos digitais que comprovam sua origem, autenticidade e escassez. Através deles, criadores podem assegurar a propriedade sobre suas obras, mesmo que sejam digitais e sem limitar sua divulgação livre na internet. A maior parte dos NFTs estão no blockchain Ethereum, que além de uma criptomoeda própria, o Ether, também oferece os chamados contratos inteligentes, acordos eletrônicos auto executáveis que hospedam o NFT e todas as regras sobre seu uso.

Todos nós somos criadores digitais, todo dia publicamos em diferentes formatos e em diferentes redes, mas quase nenhum de nós tem controle ou mesmo propriedade dessas criações. Toda vez que publicamos algo, transferimos uma cópia do nosso dispositivo para os servidores dessas redes sociais. De acordo com os termos de serviço de várias dessas plataformas, ao fazer isso, compartilhamos também a propriedade desses arquivos.

Os modelos de monetização atuais quase nunca estão alinhados com os interesses dos criadores. As plataformas colhem a maior parte do valor desses conteúdos. O NFT permite que esses arquivos digitais sejam verificáveis e que os criadores detenham propriedade sobre eles. Inverte completamente o jogo.

As aplicações transbordam para o mundo físico. A Nike, por exemplo, patenteou um sistema para atrelar NFTs aos seus tênis, de maneira individual. O chamado CryptoKicks protegerá o consumidor de falsificações, pois apenas os originais terão o código verificável no blockchain.

Valor percebido

A descentralização, portabilidade e propriedade possibilitadas pela Web3 potencializa toda cadeia de valor. Porém, uma das perguntas mais recorrentes é: qual valor de algo digital e facilmente replicável? A resposta é bem simples. É o mesmo valor de ter uma obra original em vez de uma cópia, seja de um quadro ou de um tênis. Seja a coleção de monstrinhos do Pokemon Go, seja roupas e armas do Fortnite, esses bens digitais carregam também um valor percebido e emocional.

Os Pokémon caçados no jogo existem apenas em formato digital, mas nem por isso são menos valiosos para seus colecionadores. Cada coleção é única e, apesar de gratuitos, existe valor social em exibir seus Pokémon para outros jogadores. O mesmo vale para os acessórios comprados no Fortnite ou até mesmo para um comentário deixado num post no Instagram (algo fácil de forjar e que só tem valor se for possível comprovar que o autor é de fato quem diz ser.). O conceito por trás do valor percebido dos NFTs, portanto, já está bem difundido através de nossas diferentes interações online.

No caso das obras de arte digitais, a questão da cópia é ainda menos importante. Quanto mais circula livremente online, quanto mais é compartilhada e vista, maior é o valor cultural dessa obra, tornando a original, canônica, verificável pelo NFT, ainda mais valiosa. A Mona Lisa ou as Marylin Monroe do Warhol originais não são menos valiosas por estarem replicadas em posters, canecas, mousepads ou capas de cadernos. Muito pelo contrário.

Para os artistas, ainda existe a vantagem de por meio dos contratos inteligentes continuarem eternamente ligados às suas obras, podendo receber uma porcentagem das revendas futuras, de maneira automática. É o oposto do que acontece com as criações digitais na Web 2.0, onde uma criação rapidamente perde a ligação com seu criador, perdendo junto sua autoralidade. Para os colecionadores, os NFTs abrem a oportunidade de lucrar com a valorização de suas aquisições dos artistas que decidirem apoiar.

Uma moeda social

No meio da música é muito comum um fã se vangloriar de conhecer determinado artista desde o início de sua carreira, antes de todo mundo. Acontece que por ser muito difícil comprovar esse fato, na prática isso significa muito pouco. No fim das contas, na maior parte das vezes esse fã assiste ao show no mesmo espaço que outro que pode estar conhecendo o artista naquele momento. Isso pode ser diferente se o fã inicial for recompensado pelo artista. Por seu apoio inicial, esse fã pode receber um token fungível que funciona como uma moeda social deste artista. Vamos chamar esse token de $ARTISTA e supor que sejam emitidos apenas 100 unidades.

O token $ARTISTA pode ser oferecido aos fãs de graça, pode ser vendido ou conquistado através de tarefas, como ajudar na divulgação e promoção do artista, e pode dar acesso a experiências exclusivas. Pense em compras prioritárias de ingressos, uma área especial no show, acesso ao camarim, conteúdo exclusivo ou uma interação anual online com a artista.

Agora, imagine se esse artista em início de carreira se transformasse numa Beyoncé, Billie Eilish ou Taylor Swift. Quanto valeria esse $ARTISTA após a fama que alcançaram, tanto em valor sentimental, quanto financeiro? Tanto o artista, quanto os fãs, podem lucrar com a valorização desse token.

Por terem origem, autenticidade e escassez comprováveis, NFTs ou outros tipos de token gravados no blockchain podem servir como chave de acesso para uma infinidade de opções que podem ser exploradas pelo artista ou outros desenvolvedores em diferentes ambientes digitais. As possibilidades são infinitas.

Aplicações no metaverso

Metaversos são mundos virtuais que replicam o mundo físico através de dispositivos digitais. Esses espaços geram experiências coletivas e podem utilizar diferentes camadas, como a realidade virtual e realidade aumentada, servindo como espaços de convívio e de trocas. O formato de metaverso mais popular hoje são os videogames, mas também vivenciamos isso nos encontros no Zoom, nos papos no Clubhouse ou nas compras na Amazon. A Web3 e os NFTs podem conectar esses diferentes mundos.

Na Web 2.0 os metaversos seguem a lógica comercial do aluguel das propriedades digitais. Como não existe portabilidade, o que você compra num metaverso não pode ser retirado de lá. Você não pode comprar uma roupa no Fortnite e vestir seu avatar no Animal Crossing com ela.

Na realidade, sem identidade digital soberana e interoperabilidade, não podemos ser nem a mesma pessoa nesses diferentes ambientes, sendo necessário criar diferentes perfis em cada um deles. Terminamos com múltiplas personalidades, num esquema esquizofrênico. Uma das vantagens da Web3 é equacionar tudo isso. As vantagens econômicas da Internet descentralizada e criptografada terão um papel importante na evolução dos metaversos. Os desenvolvedores poderão construir sobre estruturas sem permissão, numa economia com direito de propriedade muito mais parecida com a do mundo físico.

Com mais contexto para utilização dos NFTs, haverá mais incentivo para os criadores produzirem e para os colecionadores flexibilizarem os direitos sobre suas propriedades. Os usuários terão um leque de experiências mais ricas e também vão querer aumentar a quantidade dos itens que possuem. Isso tudo considerando que a maior parte da nossa experiência ainda é mediada por telas de formatos muito limitados, retângulos sobre a mesa, pendurados na parede ou na palma da mão. Já temos experiências interativas com gadgets de áudio, porém com o avanço do 5G e da Internet das Coisas, muitas outras possibilidades vão se abrir. Questões como “por que comprar uma arte digital se não posso pendurar na minha parede?” não farão sentido algum quando surgirem novos suportes e ambientes para esses bens digitais.

Um dos maiores obstáculos para a realização desse cenário é um metaverso fechado, controlado por uma ou mais grandes empresas, sem interoperabilidade, tornar-se dominante. Pense no Facebook e seu Oculus como vencedor e imagine um metaverso operado com a mesma lógica do império de Mark Zuckerberg. Por isso há uma torcida para que o metaverso aberto na Web3 saia vencedor, obrigando as big tech a se adequar a essa realidade, não o contrário.

O futuro digital

Os NFTs estão demonstrando que existe um mercado para itens digitais, sem valores mediados por uma plataforma central e que possam ser exibidos em qualquer espaço virtual que se escolha. Há estudos que mostram que jogadores gastariam 63% mais em ativos digitais se eles tivessem valor no mundo físico.

Se jogadores já gastam, e muito, em ativos digitais que perdem quando param de jogar aquele game, dá pra imaginar o aumento desse consumo quando esses itens tiverem valor de revenda. Deixa de ser gasto e se transforma em investimento. Os NFTs podem ser a primeira criptografia desvinculada do sucesso do Bitcoin. Eles têm potencial de seguir como realidade mesmo que o Bitcoin perca todo seu valor e podem influenciar todos os softwares.

Essa, porém, ainda não é a realidade da Web3. As interfaces ainda são complicadas, pouco amigáveis para o usuário médio. Em breve, termos como blockchain ou NFT serão absorvidos e serão compreendidos de maneira direta. Ninguém precisa explicar os detalhes de funcionamento quando fala em e-mail hoje em dia. Mas lá no início, era necessário explicar.

Os processos serão internalizados, ficarão invisíveis, serão parte integrante da rede que nos conecta. Será tudo igual, mas completamente diferente. O futuro da internet está chegando. De novo.


Bruno Natal é apresentador do podcast RESUMIDO e sócio-fundador da Colectah, plataforma de NFTs com lançamento previsto para maio de 2021.

sábado

12

dezembro 2020

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RESUMIDO na lista de favoritos de 2020 da Apple

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Meu podcast, RESUMIDO, foi escolhido pela Apple Podcasts como um dos favoritos de 2020! E o RESUMIDO segue em primeiro 1º lugar na categoria Notícias & Comentários na Apple desde 2019!

Baita reconhecimento e fico muito feliz de ver o RESUMIDO chegando cada vez mais longe.

Resumido - RESUMIDO
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Resumido – RESUMIDO

No RESUMIDO número 90: a estética e a ética das campanhas políticas da esquerda, a vida na Algoritmolândia, o que acontece quando nossas personas se transformam em perfis e muito mais assuntos num bate papo com o jornalista Bruno Torturra.

sexta-feira

16

outubro 2020

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TAB Uol (outubro 2020)

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Escrevi esse artigo para o TAB, do Uol, sobre como a estratégia de podcasts exclusivos das plataformas pode prejudicar o cenário a longo prazo. E porque, mesmo assim, essa pode ser a única opção viável para podcasters:

A ascensão das redes sociais acabou com os blogs, contribuindo para a consolidação de “cercados digitais” fechados, onde a informação é mediada por algoritmos.

Seduzidos pelo alcance das plataformas, podcasts e ouvintes podem estar repetindo o mesmo erro. O que acontece agora com o formato é a manifestação mais recente de um problema estrutural da distribuição de conteúdo na era das redes sociais.

Leia o texto completo no TAB.

Opinião: Acordos de exclusividade podem ser tiro no pé dos podcasts?
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Opinião: Acordos de exclusividade podem ser tiro no pé dos podcasts?

A ascensão das redes sociais acabou com os blogs, contribuindo para a consolidação de “cercados digitais” fechados, onde a informação é mediada por algoritmos.Seduzidos pelo alcance das plataformas, podcasts e ouvintes podem estar repetindo o me

Opinião: Acordos de exclusividade podem ser tiro no pé dos podcasts?

A ascensão das redes sociais acabou com os blogs, contribuindo para a consolidação de “cercados digitais” fechados, onde a informação é mediada por algoritmos.

Seduzidos pelo alcance das plataformas, podcasts e ouvintes podem estar repetindo o mesmo erro. O que acontece agora com o formato é a manifestação mais recente de um problema estrutural da distribuição de conteúdo na era das redes sociais.

O mercado de conteúdo exclusivo (quando um programa só pode ser escutado em determinada plataforma) virou notícia fora no nicho quando, além de lançar programas de celebridades como Michelle Obama e Kim Kardashian, o Spotify comprou o podcast Joe Rogan Experience por inacreditáveis US$ 100 milhões.

No Brasil, segundo maior mercado consumidor de podcasts do mundo, atrás apenas dos EUA, produções locais também estão se tornando exclusivas. Sucessos de público como Um Milkshake Chamado Wanda, Quebrada Pod, Hoje Tem, Infiltrados no Cast, É Nóia Minha, Primocast e Poc de Cultura agora só podem ser escutados no Spotify.

Para tornar-se o equivalente ao Google no campo do áudio e dominar esse espaço, o Spotify mistura as estratégias da Netflix, oferecendo conteúdo exclusivo, e do YouTube, facilitando a produção de podcasts por qualquer pessoa.

Como destruir os podcasts

No livro “10 argumentos para você deletar agora suas redes sociais”, o cientista e filósofo da computação Jaron Lanier fala sobre como podcasts escaparam, até aqui, da degradação de conteúdo promovida pelas redes sociais, muito por conta do conteúdo de áudio ainda ser pouco explorado pela interpretação dos algoritmos.

Jaron dá a receita de como destruir esse ecossistema: abandonar o caráter pessoal, episódico e contextualizado dos podcasts, desenvolvendo uma inteligência artificial que seja capaz de transcrever o conteúdo de um episódio, para assim categorizá-lo de acordo com palavras-chave, inclusive combinando pequenos trechos de diferentes programas para criar uma colcha de retalhos de opiniões sobre determinados assuntos.

Essa ferramenta otimizaria o sistema de buscas e supostamente pouparia o tempo do ouvinte, mas o conteúdo ficaria completamente fragmentado e descontextualizado.

Na busca por audiência, os criadores cederiam a essa lógica e passariam a produzir segmentos cada vez mais estridentes, na esperança de serem pescados pelo algoritmo. Isso tudo, claro, salpicado de anúncios e também, possivelmente, de trechos com notícias falsas, sem que o usuário consiga diferenciar uma coisa da outra.

Se essa descrição lembra a cacofonia do feed de redes como Facebook ou Twitter, onde manchetes rolam pela sua tela numa velocidade impossível de acompanhar, é porque você já entendeu o problema.

Uma história que se repete

As plataformas de streaming deram um fôlego inédito aos podcasts. O termo existe desde 2004 e o formato é baseado no RSS, um modelo de distribuição em que os usuários assinam conteúdos e o recebem através de um agregador.

Na época do RSS, além de entender minimamente como utilizar um agregador, você precisava assinar, baixar e transferir o arquivo de áudio para algum aparelho para então escutar o programa. Dava trabalho. Com a chegada das plataformas de streaming, ficou tudo mais prático.

Em troca da facilidade de encontrar uma audiência, criadores de áudio migraram para as plataformas, numa escolha similar a que levou blogueiros a contar com o Facebook para espalhar seu conteúdo a uma audiência maior.

No início, parecia mágica. Um post no Facebook atingia uma multidão, trazia novos leitores e aumentava o tráfego dos blogs. Para os leitores também funcionava, era só curtir as páginas de seus criadores favoritos e visualizar todas atualizações num só lugar, exatamente como um agregador de RSS.

Em pouco tempo, os leitores perderam o hábito de ir até os veículos em busca de informação e criadores, assim como grandes veículos de mídia passaram a depender do Facebook para alcançar sua audiência.

Com a dependência estabelecida, o próximo passo da empresa foi diminuir o alcance dos posts das páginas. Para atingir a própria audiência que construiu, criadores passaram a ter que pagar por um anúncio. Caso seu criador favorito não fizesse anúncios, dificilmente um leitor veria suas atualizações.

Quando os criadores se deram conta, já era tarde demais. Blogs e sites haviam perdido tráfego direto, quase ninguém chegava até eles sem ser através do Facebook.

Nesse processo perderam os criadores, perdeu o Google, ao ter menos páginas para indexar, e perderam muito mais os consumidores, vendo suas decisões serem cada vez mais conduzidas por inteligências artificiais pouco transparentes. Estamos vivenciando o resultado agora, com a disseminação de desinformação e teorias da conspiração impulsionadas por algoritmos.

Viabilidade financeira

Se os artistas de música reclamam, com razão, da baixa remuneração das plataformas de streaming, para os podcasters a situação é ainda pior.

As principais plataformas não remuneram os criadores, nem por execuções, nem por exibição de anúncios. Podcasts não também não recebem direitos autorais. Em troca de um prometido alcance, o criador disponibiliza seu conteúdo de graça, enquanto as plataformas vendem assinaturas e veiculam anúncios, sem dividir esses valores.

YouTube concentra o conteúdo em vídeo e remunera os criadores, mesmo que não seja de maneira satisfatória. A recém-lançada plataforma brasileira de podcasts Orelo também os remunera, mas são necessários centenas de milhares de ouvintes para fechar a conta.

Essa relação de forças explica o atual apetite corporativo por podcasts. Em 2019, o Spotify investiu cerca de US$ 600 milhões adquirindo grandes estúdios de produção como Parcast e Gimlet Media, ferramentas de criação e distribuição como Anchor e redes de podcasts como The Ringer.

A Amazon é a mais nova big tech a entrar nesse mercado. A Apple ainda não gera lucro com seu aplicativo de podcasts. O Google também não dá muita atenção a esse espaço e por enquanto atua apenas como agregador. Para o Spotify, contudo, podcasts podem representar a tão sonhada forma de sair do vermelho.

A estratégia do Spotify

A maior parte da receita do Spotify vem de assinaturas. Menos de 10% vem de anunciantes. Avaliado em mais de US$ 20 bilhões e com mais de 250 milhões de usuários ativos, o Spotify tem 130 milhões de assinantes pagos. Ainda assim, a empresa sueca não dá lucro e acumula um prejuízo avaliado em quase US$ 3 bilhões (números aproximados a partir de diferentes registros na imprensa).
Existem duas razões para o Spotify ainda não ser lucrativo. Primeiro, porque o foco principal é crescimento da base de usuários e gasta-se bastante para atingir esse objetivo. A segunda está relacionada à natureza dos acordos que possibilitaram o Spotify existir.

As grandes gravadoras (Universal, Sony e Warner) são responsáveis por 87% do catálogo disponível no Spotify. Para conseguir a liberação, os suecos cederam participação acionária na empresa. Além disso, boa parte da receita gerada pelo Spotify volta para as grandes gravadoras em forma de royalties. Além disso, por esse acordo a plataforma não pode atuar como uma gravadora e lançar artistas e tem que se manter neutra. É uma ladeira bastante íngreme para subir.

Se o Spotify não pode criar uma gravadora com seus próprios artistas de música, não haveria impedimento de lançar e promover podcasts. Quanto maior a proporção de plays de podcasts no total da plataforma, menos dinheiro de royalties precisaria ser repassado e o Spotify ficaria mais próximo de se tornar lucrativo.

Essa visão comercial foi apresentada pelo próprio fundador Daniel Ek em uma reunião de ganhos e também por um membro do conselho, segundo a revista Rolling Stone.

Outro aspecto atraente é a publicidade programática. O Spotify exibe anúncios mesmo entre os assinantes que pagam, livres de propaganda apenas quando ouvem música. Escutar um podcast é uma experiência que gera intimidade, anúncios ao pé do ouvido têm alto impacto. Quanto mais podcasts tiver em sua plataforma, mais espaços comerciais a plataforma terá para vender e dados de ouvintes para coletar.

Um cenário pouco transparente

Podcast é uma das mídias mais difíceis de ser divulgada. Existem basicamente duas formas efetivas para um podcaster aumentar sua audiência: participar ou ser citado em outros podcasts, ou ser destacado ou recomendado pela própria plataforma.

Num ambiente tão fechado e com tanto dinheiro envolvido, existe conflito de interesses quando a plataforma precisa destacar seus próprios produtos. Se podcasts grandes comprados pela plataforma ganham mais destaque, o mercado fica menor para o restante.
Os pequenos produtores ficam enfraquecidos e as plataformas ganham um poder de decisão sobre o que o ouvinte vai escutar, baseado no que acredita que pode gerar lucro.

Sem remuneração pelos plays e anúncios, sem interesse das grandes plataformas em investir no crescimento de podcasts menores, sem métricas claras, restam poucas opções de monetização para os criadores. Restam os financiamentos coletivos ou desenvolver conteúdos extras pagos.

Se vingar no universo das plataformas de áudio a mesma lógica do Facebook, o criador só chegaria a sua audiência pagando.
Ainda assim, a tendência da maior parte dos podcasters é aceitar uma proposta de exclusividade atraente. Afinal, todos querem ser pagos por seu trabalho. A posição dos podcasters é fragilizada demais para agirem diferente.

Em tempos de notícias falsas e desinformação, é extremamente importante que conteúdos produzidos com responsabilidade tenham alcance. A lógica do paywall, ao menos como está, pode prejudicar as próprias instituições que o utilizam para proteger seus ganhos.
A questão não são os conteúdos exclusivos e nem é relacionada apenas ao Spotify. Acordos comerciais são mais do que bem-vindos. Alguém tem que pagar a conta.

A solução é as plataformas dividirem o bolo, compartilhando a receita de forma justa, distribuída por todo o ecossistema, encontrando modelos que têm dado certo, como do Twitch.

Bruno Natal é jornalista, documentarista e apresenta o podcast RESUMIDO.

* Este texto não reflete necessariamente a opinião do UOL.

sábado

10

outubro 2020

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MIT Tech Review (agosto 2020)

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Artigo sobre cultura do cancelamento que escrevi pra MIT Tech Review Brasil. Também participei do podcast “Digital de Tudo” para repercutir o texto.


Os muitos significados da cultura do cancelamento

por Bruno Natal

A cultura do cancelamento é umas das manifestações coletivas mais controversas da atualidade.  A lista de cancelados é tão extensa quanto diversa: Anitta, Gabriela Pugliesi, R. Kelly, Kanye West, Scarlett Johansson, Kevin Hart, Louis CK, Kevin Spacey, MC Gui, Nego do Borel e vários outros. Cada um por diferentes motivos e períodos de tempo.

Comumente associado ao ambiente das redes sociais, o cancelamento ocorre quando um internauta manifesta opinião que não é tolerada por um determinado grupo de pessoas. Quando isso acontece, o alvo de uma campanha de cancelamento é massacrado por críticas, agressões, tem a vida particular exposta, num movimento que visa esvaziar a relevância daquela pessoa.

Eleito o “termo de 2019” pelo dicionário australiano Macquarie, fato comprovado pelo pico de incidências no Google Trends, o cancelamento foi definido como “uma atitude tão persuasiva que tornou-se, para o bem ou para o mal, uma força poderosa”. Outro dicionário, o americano Merriam-Webster, relacionou o comportamento com a ascensão do #MeToo e outros movimentos que demandam prestação de contas por atitudes de figuras públicas. A relação de disputa entre partes de forças desiguais é determinante.

Atrás de uma definição mais precisa do significado de cultura do cancelamento, uma vez que o termo recebe diferentes interpretações, o jornalista Glenn Greenwald perguntou pelo Twitter e recebeu do psicólogo evolutivo Geoffrey Miller a seguinte resposta:

“É um sistema social de controle ideológico em que uma multidão online se reúne por uma indignação para apelar às autoridades (seja o governo, empregadores ou a grande mídia) para destruir a vida de alguém porque eles disseram algo supostamente ofensivo.”

Não existe unanimidade em torno da prática. Nomes de peso, como o ex-presidente dos EUA Barack Obama, o comediante Dave Chappele ou a ativista Loreta Ross já criticaram publicamente o cancelamento, questionando a validade da estratégia.

Isso porque, na maior parte das vezes, os cancelados sequer permanecem nessa situação por muito tempo, principalmente quando são pessoas com uma grande audiência. É muito mais fácil atacar celebridades, mas é também muito mais difícil cancelar de fato vozes com alcance tão grande na mídia.

Recentemente, a editora de opinião do The New York Times, Bari Weiss, pediu demissão do cargo. Na carta de despedida, ela disse que os usuários do Twitter se tornaram os editores do jornal e que o medo de desagradar limitou o escopo de abordagens dos assuntos.

A demissão de Weiss foi seguida por uma carta assinada coletivamente e publicada na revista Harper’s Bazaar criticando a cultura do cancelamento. Embora não tenha feito referência direta ao termo, o texto descreve um cenário que estaria sufocando as vozes de muitos. O manifesto intitulado “Uma carta sobre justiça e debates abertos”, foi assinado por nomes tão diversos como o filósofo e linguista Noam Chomsky, a feminista Gloria Steinem, o psicólogo Steven Pinker e a autora da saga Harry Potter, JK Rowling.

Os críticos do cancelamento apontam que na cultura tóxica das redes sociais, um erro genuíno, que antes poderia servir de aprendizado, agora se torna fatal. Não importa o tamanho, se foi intencional ou cometido por desconhecimento. Ademais, além de gerar medo, um cancelamento gera poucas mudanças práticas e poderia anular oportunidades de expansão individual e coletiva.

Analisando o cenário atual para avaliar se a cultura do cancelamento é justa ou se está reprimindo as discussões, o The New York Times listou dez pontos a serem considerados sobre o tema. Segundo o jornal, ser atacado por suas opiniões, ou mesmo insultado, não é ser cancelado. O cancelamento se dá quando o alvo é a reputação, emprego ou ambos.

É por isso que Greenwald define como “chilique” o protesto dos signatários da carta da Harper’s Bazaar, incomodados apenas por estarem sendo confrontados. O compositor e ativista Billy Braggs, em artigo no Guardian, discorreu sobre como essa é uma troca de valores calculada. A nova geração prioriza responsabilidade e prestação de contas acima de liberdade de expressão.

Porém, muitas vezes os alvos dessas campanhas não são poderosos. Em diversos casos, pessoas comuns têm suas reputações destruídas por terem transgredido minimamente os novos limites sobre o que é ou não aceitável no discurso atual. Isso quando não são canceladas por engano e não conseguem se defender ou reverter os prejuízos.

A cultura do cancelamento tem impacto muito maior em pessoas que normalmente não têm destaque (ao menos não até serem canceladas). Por isso, acaba moldando e determinando comportamentos baseados exatamente no receio de serem, de fato, canceladas.

Os adeptos da cultura do cancelamento apontam que essa talvez seja a única ferramenta disponível para comunidades minorizadas fazerem suas vozes ouvidas, em um equilíbrio de forças possível apenas por meio da rede.

Pessoas que historicamente tiveram a exclusividade do megafone na mão, agora passaram a experimentar respostas a seus posicionamentos com uma força que antes não existia. O rapper Emicida abordou a questão em recente entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura, quando disse que os cancelados muitas vezes apenas estão sendo questionados ou responsabilizados pelo que falaram.

Participar diretamente na decisão sobre quem deve ter alcance é parte dessa negociação. É como se os menos favorecidos falassem para esses poderosos: “você pode ter mais status, mais fama ou mais dinheiro do que eu, mas você não vai mais ter a minha audiência, porque isso eu controlo”. Em um mundo em que audiência cada vez mais é poder, isso é uma arma poderosa.

Essa busca por um nivelamento é justamente o motivo da cultura do cancelamento desagradar tanto os privilegiados, desacostumados a ouvir. Antigamente o alcance da fala era um privilégio e uma via de mão única. As críticas raramente chegavam aos autores ou, quando chegavam, não tinham grande repercussão. Agora as respostas têm alcance e isso pode incomodar quem não está acostumado com essa disputa por equilíbrio.

O debate sobre a cultura do cancelamento desperta outras questões sobre a natureza e as consequências das trocas nas redes sociais. Por um lado, a liberdade de todos falarem o que quiserem gera pluralidade. Prova disso é que se pode encontrar qualquer tipo de opinião na internet. Por outro, esse confronto de forças, às vezes com consequências desproporcionais, pode levar a uma autocensura, limitando o discurso.

Voltando ao ponto sobre a dinâmica tóxica das redes sociais e de como esses comportamentos têm moldado os debates até mesmo fora delas, o que costumamos ver é que nunca a máxima “fale mal, mas fale de mim” foi tão verdade. Quanto mais controverso e polêmico o discurso, mais ele se espalha.

A indignação é o combustível mais eficiente para a viralização, algo que muitas vezes acaba se desdobrando na amplificação de vozes que não merecem ser realçadas. Nesse contexto é importante pesar e analisar o que de fato merece o holofote do cancelamento (discursos de ódio, preconceituosos, machistas), daquilo que é pura tentativa de pegar embalo no alcance de uma revolta. Cuidar para não deixar que pessoas mal-intencionadas pautem o debate utilizando a polêmica como estratégia de repercussão.

Nesses casos, uma das formas de reagir é ignorar. Para algumas atitudes, o silêncio é a melhor resposta.

Por Bruno Natal, apresentador do podcast RESUMIDO

quarta-feira

7

outubro 2020

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RESUMIDO #81 — A tecnologia não resolve tudo

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Vivemos uma era de grandes avanços tecnológicos. Hoje temos possibilidade de resolver questões complexas de uma maneira nunca antes vista. No entanto, muitas coisas simples seguem sem solução.

A tecnologia é capaz de resolver tudo?

E ainda no RESUMIDO #81: a máquina de manipular sonhos, tecnologia não serve pra tudo, Google abre o bolso, o impacto do streaming na música, Twitter proíbe desejar a morte do amiguinho, documentários, muita calma nessa hora e muito mais!

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