Em um post no Facebook, Luiz Antonio Simas fez uma excelente observação sobre a batida do violão de Jorge Ben:
“Jorge Ben faz, para mim, um negócio impressionante no violão que quase ninguém percebe: a batida dele bebe na fonte do agueré de Oxossi, um dos ritmos nobres – quase digo o mais nobre – do candomblé de Ketu. Benjor percute o violão como se fosse o tambor tocando para os deuses da caça: taque tataque tataque tataque tataquetatatá /taque tataque tataque tataque tataquetatatá. A corrida no ritmo ilustra que Oxossi, andando discretamente na floresta, viu a caça! Não é samba, não é balanço, não é jongo, não é maracatu. É tudo isso, mas é fundamentalmente o agueré que fundamenta o babado. Ele mesmo, o aguerezão, base do toque de caixa da Mocidade Independente de Padre Miguel, inspiração para o toque da Portela e para o samba reggae baiano; a sublime louvação ao caçador de uma flecha só. Confiram, por favor, nos dois vídeos que seguem (a gravação original de Os alquimistas estão chegando e o agueré tocado pelos ogãs do Ilê Ibualamo). Os tambores falam, minha gente, os tambores falam. Tem quem ouça, como Ben, e invente mundos. Isso é a memória ancestral codificada por um grande fazendo das suas.”
Ouça o toque do Ketu e a “Os Alquimistas Estão Chegando” abaixo:
Mesmo não sendo unanimidade entre os críticos, o novo single de Rihanna agradou o público e acabou alcançando o top 10 das paradas americanas. O carro-chefe de seu novo disco, “Anti”, foi classificado pela Rolling Stone como uma “gostosa música de tropical house”. E é aí onde está o erro. Na verdade, “Work” nada mais é do que uma canção de dancehall, estilo musical jamaicano surgido no fim dos anos 70.
O tropical house teve início um início recente, mais precisamente em 2014 quando o DJ australiano Thomas Jack usou o termo para denominar seu estilo, um house com um ritmo mais lento, quase sempre acompanhado de flautas, tambores e outros instrumentos originários do Caribe e África, que dão um clima tropical à sua música. Apesar do próprio Thomas Jack considerar o tropical house batido, o mainstream o adotou o estilo ao longo desses dois anos, gerando por exemplo os sucessos mais recentes de Justin Bieber “Sorry” e “What Do You Mean?”.
Se não levarmos em consideração a diferença cronológica, o “dancehall” e o “tropical house” não estão tão distantes assim. A batida viciante do single mais recente de Bieber, “Sorry”, traz em sua composição o riddim “Dembow”, que teve seu nome tirado da música “Dem Bow”, de Shabba Ranks, um dos maiores artistas de dancehall dos anos 90. Vale lembrar que Skrillex, produtor da canção de Bieber, é conhecido por adotar o estilo em sua música, assim como seu parceiro de Jack Ü, Diplo, faz no grupo Major Lazer.
As raízes do dancehall podem ser encontradas na Jamaica do fim dos anos 60 com a explosão do ska, ritmo dançante que combinava folk jamaicano (também conhecido como mento) com o calypso caribenho mais o jazz e r&b americano. Com o passar do anos, a Jamaica se viu no meio de uma crise econômica que levou o país a pobreza e altos índices de criminalidade. Assim, o ska foi perdendo velocidade e agregando letras politizadas, dando origem ao reggae, popularizado mundialmente por Bob Marley.
Após a morte de Marley, o reggae já estava difundido no mundo inteiro, mas na Jamaica os músicos já estavam fazendo uma música um pouco mais acelerada, e a novidade se dava pelos lançamentos do que ficou conhecido como “B-side Versions”, que eram faixas instrumentais lançadas nos lados-b de compactos da época. DJs jamaicanos começaram a cantar e fazer rap em cima dessas versões, sendo precursores do hip-hop americano e também do… dancehall! Usando novas tecnologias, produtores criaram variadas bases para os DJs da época, que as usavam em diferentes músicas.
Finalmente, chegamos a “Work”! O instrumental do single foi lançado originalmente por Richie Stephens na canção “Take Me Away”, de 1998, porém, a base já foi usada em quase 20 músicas como podemos conferir neste vídeo. O dancehall que foi sucesso nos anos 90 e sumiu parece estar voltando, mas é importante sempre lembrar das origens desse estilo, principalmente quando se trata de uma artista caribenha e tão representativa para a música como a Rihanna.
Os rappers Run, The Notorious B.I.G., Jay Z, Eminem, Lil Wayne e Drake figuraram na lista por mais de uma vez; Drake foi o que apareceu mais vezes, três. Nicki Minaj é a única mulher da lista.
Confira abaixo a lista completa e algumas das ilustrações apresentadas.
1993: Snoop Doggy Dogg
1994: Nas
1995: The Notorious B.I.G.
1996: 2Pac
1997: The Notorious B.I.G.
1998: DMX
1999: Jay Z
2000: Eminem
2001: Jay Z
2002: Eminem
2003: 50 Cent
2004: T.I.
2005: Jeezy
2006: Lil Wayne
2007: Kanye West
2008: Lil Wayne
2009: Jay Z
2010: Kanye West
2011: Drake
2012: Drake
2013: Kendrick Lamar
2014: Nicki Minaj
2015: Drake
Após a divulgação de uma música nova para o Natal de 2015, o LCD Soundsystem está definitivamente de volta. O anúncio foi feito em uma carta aberta, escrita pelo líder do grupo, o músico e produtor James Murphy, postada no site oficial da banda no último dia 05 de janeiro.
Em tom de desculpa, James Murphy alegou estar com várias canções guardadas e contou que se reuniu com os integrantes Nancy Whang e Pat Mahoney para decidir o que faria com as musicas. O grupo decidiu que a melhor opção era um novo trabalho do LCD Soundsystem.
A banda confirmou que além do disco novo, o grupo planeja sair em turnê e já confirmou presença como uma das principais atrações do festival Coachella deste ano.
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Não foi exatamente assim que começou, lá em 2003, e ainda deve mudar muito. A graça é essa.