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quarta-feira

12

janeiro 2011

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Marcelo Jeneci e a intersessão (ao vivo no Rio)

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Mais que o lançamento do disco no Rio (o melhor nacional de 2010 aqui no URBe), o show de Marcelo Jeneci no Teatro Casa Grande foi um grande encontro.

Primeiro porque reuniu boa parte do time que gravou a bolacha, incluindo o arranjador Arthur Verocai para reger as cordas e metais. É sempre uma oportunidade rara ver um disco ser executado como foi gravado.

Em segundo, principalmente, porque ao tocar para uma casa lotada, mesmo sendo ainda um artista desconhecido, juntando alguns nomes dos grandes nomes do presente da música brasileira, fisicamente ou através das influências escancaradas, sinaliza algo que está acontecendo há muito tempo: chegou a vez mesmo da nova geração de compositores.

Carismático, Jeneci transformou o show numa experiência melhor que o disco. O acordeonista tem um extenso currículo de participações de bandas de outros artistas e sua estreia mistura ideias vindas de todas elas.

Os parceiros (Vanessa da Mata, Arnaldo Antunes) são forte influências, assim como Roberto Carlos, Guilherme Arantes (esses citados nominalmente), Sufjan Stevens, Rita Lee, Beirut, rock progressivo, clichês oitentistas de refrão chiclete ou slide guitars, e até Arcade Fire reverberam por toda parte, mesmo que não seja consciente ou que Jeneci sequer conheça algum deles.

Esse balaio de referências ainda tem que ser propriamente absorvido, ainda saltam demais nos arranjos em alguns momentos, mesmo que o denominador comum seja o próprio Jeneci. Com o tempo, certamente seu filtro ficará mais apertado e o som terá ainda mais a sua cara.

Nada disso atrapalha simplesmente porque as composições são excelentes. Boas letras, bons caminhos melódicas e uma sinceridade conquistadora. Quanto mais ele topar as próprias ideias, melhor vai ficar.

Em uma música inédita, sozinho ao piano, Jeneci explicou ter dado como pronto apenas com o refrão porque achava que não tinha mais o que dizer. O haikai musical começa com “a chuva é a vontade do céu de tocar o mar” entra em loop e vai hipnotizando. Um achado. E esse é só dele.


Jeneci & Camelo

Feliz da vida, Jeneci recebeu o que declara ser sua maior influência, Marcelo Camelo, para um dueto de duas músicas da carreira solo e uma do Los Hermanos. Todo suado, Jeneci ainda brincou que tinha que aprender com Camelo, que apareceu de bermuda.

As melhores participações, até porque estavam integradas no repertório do disco e do show, foram a da cantora Tulipa. A química entre os dois é gigante e a inédita “Dia a Dia, Lado a Lado” foi o destaque do show.

Restam 9 vagas na lista dos 10 melhores shows de 2011. E o ano nem embalou.

quarta-feira

15

dezembro 2010

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Deodato de volta ao Rio

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“Skyscrappers”

O arranjador chegou a ficar 15 anos sem tocar no Brasil. Semana passada esteve no Rio para mais um show imperdível, dessa vez “apenas” três anos após as suas últimas apresentações por aqui.

O repertório do show foi feito em conjunto com os curadores/produtores do evento, Batman Zavarese e Chicodub, deixando bem ao gosto dos fãs. Foi uma formação diferente das outras duas utilizadas por aqui (com a Jazz Sinfônica em São Paulo, com um trio no Rio) – e melhor.

O show esquentou muito nesse formato. No Teatro Casas Grande ganhou o calor que faltou nas duas apresentações na Sala Cecília Meirelles em 2007. Ao trio foi adicionado uma guitarra, percussão e um naipe de metais. Os dois últimos itens fizeram toda diferença.

Convidado para ilustrar o show, o designer Breno Pineschi criou um telão utilizando a técnica conhecida como map projection (português, por favor), criando um telão em profunididade e auxiliando muito a viajem psicodélica de Deodato.

Foi uma noite totalmente fora do usual, felizmente de casa cheia. Vamos ver se o Deodato encolhe ainda mais os períodos de ausência por aqui.

segunda-feira

11

outubro 2010

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Apanhado do PercPan 2010 RJ

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Buraka Som Sistema

Baseado na única apresentação que havia assistido deles, com um DJ e dois MCs, se alguém me dissesse que o Buraka Som Sistema seria o destaque desse PercPan, ainda mais dividindo a noite com o Hypnotic Brass Ensemble, não apostaria dois tostões.

Só que eles chegaram maiores, com uma formação que inclui uma bateria, percussão e programações. O volume que isso gera visualmente no palco se reflete no som. A apresentação cresce muito. Mesmo já estando tarde e com o público não se empolgando muito, ninguém foi embora. Impacto teve.

Durante todo o show fiquei pensando como é que pode não haver UMA banda de funk (baile funk) nesse formato. O surrado DJ-MC segue sendo a regra, desperdiçando um potencial gigante. Tem a do Catra, mas isso é uma outra história.

Estou falando de um formato feito pra bombar uma pista de dança, um palco ou um clube, independente do público ser iniciado ou não nas batidas. Uma apresentação com um apelo mais pop, sem sentido pejorativo no termo.

Mesmo considerando qualquer limitação financeira, passou da hora do funk dar um passo a frente tanto em sentido de referências (e nesse sentido o Sany puxa o bonde) quanto de formato. Fico pensando no estrago que faria uma banda com bateria, programação, um MC violento e um repertório, de clássicos e/ou inéditas. João Brasil, aproveita que está em Londres e vai que é tua, lenda!


Hypnotic Brass Ensemble

Tocando antes do Buraka, o Hypnotic Brass Ensemble lutou contra a dificuldade de fazer a platéia de fato pular e se empolgar (culpa, talvez, do excesso de convidados). Pediram, falaram, insistiram numa participação do público que nunca veio.

Depois do show, muita gente reclamava do excesso de blá blá blá e da postura “yo, rap” do grupo. Não sei exatamente o que esperavam de um grupo de músicos de rua com forte influência exatamente do hip hop. Um concerto, com todos sentados, certamente fugiria muito da proposta. Pode ter faltado entendimento, ou aceitação, do que a banda tem pra apresentar, porque o show foi bonzaço.


Orchestre Poly-Rythmo de Cotonou

Duas noites antes, no Teatro Casa Grande, os ritmos africanos da Orchestre Poly-Rythmo de Cotonou sofreram com o som precário, sem graves e repleto de agudos de furar os tímpanos, além da ausência de um dos guitarristas, que não veio ao Brasil por medo de avião. Ainda assim foi um bom show.

As Tucanas tocaram antes, nuna tentativa bem ingênua de apresentar sons percussivos africanos, soando como uma banda de final de ano de algum colégio alternativo. Fechando a noite, o peruano Novalima também não agradou, com um som e formação meio farofada, esvaziando o lugar antes do final.

Tucanas