Kode9 e os sub-graves
Written by Bruno Natal, Posted in Resenhas
Kode 9
foto: MauVal
Apesar da recente atenção que vem atraindo (a BBC produziu um mini-documentário, filmado no primeiro aniversário da DMZ, principal festa dedicada ao estilo), o dubstep não é exatamente uma novidade. Sua linha evolutiva é confusa, com raízes que abraçam o UK garage, o grime e o drum n bass, além da interseção desses gêneros, o dub.
É difícill, portanto, definir um ponto inicial duma história que vem se desenvolvendo, pelo menos, desde 2001. Um dos principais nomes da cena, o escocês Kode 9 veio ao Rio, como atração do festival Hipersônica, mostrar um pouco do que se ouve na DMZ.
As experiências eletrônicas do canadense Ray XXXX e do inglês Scanner, que vieram antes da apresentação do Kode 9, espantaram boa parte do público. Talvez, algumas cadeiras e pufes tivessem ajudado as pessoas a apreciar aquele som que, certamente, não era voltado para a pista.
Quem esperava que Kode 9 fizesse um set de “hits” do dubstep, como “Midnight request line”, do Skream, foi surpreendido por um live pa sem batidas, feito inteiramente com frequências graves e sub-graves.
Foi apenas a terceira vez que Kode 9 se apresentou nesse formato, sem a presença do MC Spaceape (a não ser pelas imagens no telão), operando um Laptop (rodando o Live) e uma mesa de efeitos.
As frequências de grave eram picotadas, recortadas e sobrepostas, até formar uma base dançante, complementada por alguns ruídos, em alguns momentos resvalando no pancadão e amassando o peito dos presentes.
E falaram que o Daedelus, depois, foi ainda melhor…
o dubstep ainda é tão novo que seus principais álbuns só foram lançados ano passado – até porque quase não existem discos do gênero, que vive de singles em vinil e compilações/dj sets em cd.
vale muito a pena ouvir os discos do burial (burial), kode 9 + the spaceape (memories of the future) e, o melhor deles, skream (skream!).
uma pena que o som não tava esporrento. dava pra conversar numa boa em qualquer parte do mam. mas foi bacana ver o 9 mexendo nos efeitos e na sirene – marca registrada dos sound systems ingleses.
e, sim, o daedelus foi MUUUUUUITO melhor!!! caceta, quando esse cara toca no brasil de novo??????
Pelo que eu presenciei aqui em SP no show do Daedelus, é muito provável mesmo que tenha sido mesmo muito melhor, Bruno. E olha que a descrição que você fez do Kode 9 tá saborosa…
O lance é que o Daedelus comanda uma maquininha, que só ele tem (falei com ele e ele disse que foi construída por amigos, gênios de eletrônica e programação), que não se aproxima de nada que existe até hoje em live PAs.
E o FDP toca aquela porra com uma habilidade técnica e musical que é de chorar. Aliás, chorei.
(tem uns vídeos dele com a máquina no Youtube, já viu?)
o daedalus foi um dos melhores shows que vi nos ultimos tempos. fenomeno!
Discordo, Chico. Na era digital, lançamento de disco já deixou de ser um marco relevante faz tempo. Dubstep foi capa da XLR8R em 2002.
Abs,
vc não deixa de ter razão.
mas não é todo mundo que fica ouvindo single atrás de single, como djs e revistas especializadas.
eu li essa matéria em 2002 e ouvi no mesmo ano a primeira coleta do gênero, discotecada pelo hatcha.
eu, vc e mais um ou outro.
foi só no ano passado que o gênero deu um upgrade de mídia, muito por causa desses álbuns – ex: o burial foi o disco de 06 pela the wire.
é fato que o disco perdeu força. e vai perder ainda mais , é inevitável.
mas ainda vai demorar uns anos pra neguinho viver de single em single e se dar bem com isso.
Bacana a resenha… O Kode 9 tocou em São Paulo depois do Rio… O formato live soou legal… Gostamos bastante…