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sexta-feira

4

setembro 2015

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Transcultura #162: Boas rádios online // Tame Impala

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Texto originalmente publicado na “Transcultura”, coluna que publico todas as sextas no jornal O Globo.

Nas rádios on-line, boas opções para sons alternativosKCRW, da Califórnia, e KEXP, de Seattle, têm programação variada, que vai do rock independente ao som eletrônico
por Bruno Natal

Em uma época em que serviços de assinatura de música por streaming estão se tornando onipresentes, um aspecto que é comumente ignorado é a curadoria. Mais do que isso, o fator surpresa. Quem cresceu ouvindo rádio sabe bem o que é ser surpreendido por um música nova e excelente que você não sabem nem de quem é. Bom, isso acontecia ao menos quando se falava de rádios como a Fluminense FM ou de bons programas, como o ainda ativo “Ronca Ronca”, de Maurício Valladares. Hoje em dia, com raras excessões, o dial brasileiro anda desértico nesse quesito.

Menos mal que pelo mundo existem boas opções e, graças à internet, várias rádios podem ser escutadas por aí. Baseada em Santa Mônica, na Califórnia, a KCRW (kcrw.com) é uma delas. Ela foi fundada em 1945, no campus da faculdade local, e sua programação mistura notícias com música. O carro-chefe da emissora é o programa “Morning becomes eclectic”, apresentado por Jason Bentley desde 2008. No ar diariamente das 9h ao meio-dia (iniciando às 13h no Brasil no atual fuso horário), a programação é exatamente como o nome sugere, misturando de música eletrônica a bandas indie e até mesmo artistas brasileiros (Rodrigo Amarante já fez parte das tradicionais sessões ao vivo do programa). Além desse, os programas apresentados por Travis Holcombe (segunda a quinta) e Jeremy Sole (quarta e quinta) valem muito a pena.

Baseada em Seattle, a KEXP (kexp.org) segue linha parecida com a da KCRW. Totalmente ligada em música, sem notícias, também opera a partir de um centro de ensino, a Universidade de Washington, desde 1972. É uma instituição sem fins lucrativos e recebe doações para seguir funcionando.

As sessões ao vivo são das mais comentadas. Neste ano já passaram por lá Ariel Pink, Father John Misty, Kindness, Dengue Fever, Viet Cong e vários outros. Como não podia deixar de ser, tarde da noite a programação fica ainda mais avançada e um dos destaques é o programa “Midnight in a perfect world”, sempre com DJs convidados fazendo sets exclusivos.

A gigante inglesa BBC (bbc.co.uk/radio) não fica atrás e através do seu iPlayer transmite online o conteúdo da clássica Radio 1, com uma programação mais comercial, embora muito boa, assim como a 1Xtra, dedicada aos sons mais alternativos. Entre os apresentadores da 1Xtra estão do DJ Diplo, a instituição do reggae David Rodigan e o produtor Benji B.

Tchequirau

Lá vem o Tame Impala outra vez. Apontando para o terceiro disco, o líder da banda, Kevin Parker, avisou: vai ser tudo totalmente diferente dessa vez. Pois bem, ouça “Let It Happen”, a primeira dessa nova leva, comprova que ele não estava brincando .

sexta-feira

4

setembro 2015

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Transcultura #161: Leon Bridges // Jack Garrett

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transcultura_leonbridges

Texto originalmente publicado na “Transcultura”, coluna que publico todas as sextas no jornal O Globo.

Pérola Soul
Influenciado por Sam Cooke, o cantor americano Leon Bridges, de 27 anos, vira hit na internet com apenas três músicas gravadas, lota shows e conquista contrato com grande gravadora
por Bruno Natal

LOS ANGELES — Uma hora antes da abertura dos portões, a calçada em frente ao tradicional Troubador, no Santa Monica Boulevard, em Los Angeles, estava lotada. Entretanto, a maior parte das pessoas não tinha ingresso para assistir ao texano Leon Bridges com seu soul sessentista. Os bilhetes, que originalmente custavam US$ 15, estavam sendo vendidos por cambistas por US$ 75 dólares, com alguns pedindo exorbitantes US$ 200.

Porém, bastava um pouco de paciência e cara de pau para descobrir, perto da hora do show, algumas pessoas com um ingresso sobrando daquele amigo que não conseguiu chegar. US$ 20 dólares depois, 300 pessoas, incluindo diversos medalhões da indústria, espremiam-se dentro do pequenino teatro para assistir o rapaz de 27 anos desfilar suas… três músicas?

Oficialmente, três músicas é tudo o que Leon Bridges lançou até agora. Foi o bastante para chamar a atenção de selos com sua revisão da sonoridade de Sam Cooke. Bridges não faz nenhuma questão de esconder a referência. Em entrevistas, o praticante de dança urbana e fã de Usher conta que o seu objetivo era mesmo soar “exatamente igual” a Cooke, que conheceu após escutar “A change is gonna come” no filme “Malcolm X”, de Spike Lee. Mas foi apenas quando começou a escrever as próprias canções que, de fato, ele buscou inspiração nos discos do lendário cantor, morto em 1964.

A primeira delas, “Lisa Sawyer”, foi feita em homenagem à mãe. Descoberto num bar por Austin Jenkins, guitarrista do White Denim, Bridges foi levado para um estúdio, onde gravou seu disco. Foram dessas gravações que vieram seus outros dois hits digitais, “Better man” e “Coming home”. Lançadas em seu Soundcloud, as três músicas somam mais de 2 milhões de execuções (e mais 3 milhões no Spotify).

Bridges acabou assinando com a Columbia, e seu disco de estreia ainda não tem data para sair. Ao vivo, a apresentação inclui músicas ainda inéditas, como “Let you down” e “Daisy may”. Apesar de não lançadas, elas podem ser conferidas em vídeos no YouTube. A versão de “Nothing can change”, de Cooke, que Bridges vinha tocando, no entanto, ficou fora do show.

Acompanhado por uma banda afiada e grande para um artista em início de carreira — duas guitarras, baixo, bateria, sax e duas cantoras de apoio — Bridges mostra a voz bonita no show. Mas poderia ser melhor se a soltasse com mais vontade. Difícil saber se é apenas a timidez, nítida no palco, disfarçada com danças desajeitadas. O figurino é retrô, caprichado, como a imagem que vem divulgando através do seu Instagram. Apenas na parte final é que ele empunha o violão e canta as duas últimas, “River” e “Lisa Sawyer”, acompanhado apenas pelas cantoras de apoio. Após 50 minutos, o show acaba e boa parte das pessoas sai com a mesma impressão: dificilmente o próximo show será num lugar tão pequeno.

Tchequirau

O britânico Jack Garratt tem 24 anos e produz, toca e canta tudo em suas faixas de r&b eletrônico. Em “The Love You’re Given” a cantora Lisa Fischer participa.

quinta-feira

3

setembro 2015

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Transcultura, 2010-2015

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transcultura_2010-2015

E lá vou eu escrever mais uma despedida.

2015 tem sido um ano de muitos finais e recomeços. E esse 1º de setembro se destacará por ter tido muito das duas coisas.

Meu dia começou com notícias do passaralho avassalador no O Globo, em que centenas de pessoas foram demitidas. Nesse corte, vários colunistas foram dispensados e assim acaba a página Transcultura, que publicava há cinco anos, toda sexta-feira, em companhia do Fabiano Moreira e Alice Sant’Anna.

Mais tarde, a noite terminou no Prêmio Multishow, assistindo o resultado de uma consultoria que presto há quatro anos levando ao centro da premiação artistas como Cidadão Instigado, Ava Rocha e Carol Konká.

Altos e baixos, como é a vida.

O fim da Trans era esperado. Nesse cenário de crise na mídia e numa sangria dessas proporções, não seria a página de cultura alternativa que sobreviveria.

Sinto muito mais pela perda do espaço do que pela perda do salário (que, como vc pode imaginar, não era lá essas coisas). E quando digo espaço, não me refiro ao meu pessoal, o “pomposo” título de colunista do Globo. Falo mesmo do espaço no jornal dedicado a manifestações culturais fora do usual, novos sons, tudo isso que a gente gosta e que molda minha vida pessoal e profissional.

Dava trabalho a beça, mais do que se imagina, ocupava bastante tempo, mas acreditava que aquele espaço era muito importante para circular e oxigenar a cena. Era uma missão. Ou mais que isso até, era um legado.

A Transcultura foi um filhote do saudoso Rio Fanzine, editado pelos mestres Carlos Albuquerque e Tom Leão, que abriu portas e educou tanta gente. Aprendi muito sobre jornalismo e a vida naquelas páginas, ganhei um amigo, irmão mais velho e guru pra sempre na figura do Calbuque. Tenho orgulho de ter sido o colaborador mais constante do RF, sentia que era um tantinho meu.

Assumir esse papel, fazer daquele tantinho algo todo meu, era mais que uma honra, era uma responsabilidade. Lembro com carinho da empolgação da Isabel De Luca, recém-nomeada editora do 2Cad, no almoço em que ela me convidou para escrever a página e juntos escolhemos o resto do time.

Por conta da página, me aproximei de vários colegas, mesmo não estando na redação. Sempre fui respeitado e – muito importante dizer – tive toda liberdade para escrever o que quisesse, sobre o que quisesse.

Sei bem da importância que é para um artista ter uma página inteira num grande jornal pra anexar ao seu material e ir cavar shows, correr atrás de patrocínios, até acalmar a própria família sobre os rumos da carreira. Era muita alegria poder escancarar as páginas do Globo para uma turma que muito provavelmente não teria vez por ali, ao menos não tão cedo. Esse era o prêmio, esse era o “pagamento”.

Pensando nisso, busquei ser o mais diverso possível, dando espaço para todo tipo de trabalhos, música experimental, pop, folk, quadrinhos, publicações digitais, festivais, festas… Falamos de Spotify e streaming de música, Tulipa Ruiz e Porta do Fundos (então ainda Anões em Chamas) ainda em 2010.

Tenho guardada cada matéria publicada. Recortava, dobrava e arquivava, esperando a coluna fazer aniversário para encadernar um volume anual. Só que semana seguinte saia outra matéria, que ia ficar sozinha e então deixava pro ano seguinte.

Nessa, passaram-se cinco anos. Montei o Queremos com meus amigos, fui pai, encerrei OEsquema com outros amigos, publiquei mais de 170 matérias (de acordo com o tag /transcultura aqui no blog, onde republiquei cada uma delas para protegê-las das muitas mudanças de URL do jornal).

Agora chegou o fim. Vou finalmente poder encadernar essa história em um só volume, reunindo os meus 5 anos e 4 meses de Transcultura, pra poder folhear, relembrar e me reconhecer ao longo desses últimos anos.

Sigo escrevendo no URBe , provavelmente agora dando um necessitado gás no blog.

Minha solidariedade aos demitidos. E MUITO OBRIGADO Bel, Fatima Sa, Calbuque, Tom, Fabiano, Alice! E também Gregorio Duvivier, Carol LuckAntonio Pedro Ferraz, que fizeram parte do time original.

Foi foda!

terça-feira

24

março 2015

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Transcultura #161: Natalie Prass // Jungle

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Texto da semana passada para “Transcultura”, coluna que publico todas as sextas no jornal O Globo.

Fossa indie
Arranjos grandiosos e letras sobre desilusões amorosas marcam a estreia da cantora americana
por Bruno Natal

Normalmente, o disco de uma cantora é dominado pela voz da mesma, ainda mais um que carrega o nome da própria no título. Embora as composições e o canto da americana Natalie Prass sejam o centro das atenções, são as luxuosas cordas e os metais que roubam a cena em seu homônimo disco de estreia. Os arranjos amplificam a voz delicada, quase vulnerável, complementando a interpretação.

Grandiosos, eles foram executados por mais de 30 músicos no estúdio do selo Spacebomb, na Virgínia, onde o disco foi gravado. Ao vivo, como nos shows que ela fez nesta semana no festival SxSW, em Austin, no Texas, a formação da banda tem bateria, baixo e guitarras, uma delas tocada por Natalie.

— Foi um desafio não ter as cordas quando montamos o quarteto, porque definitivamente não havia orçamento para trazer uma orquestra pro palco — explica Natalie, após a primeira dessas apresentações, no pequenino e abarrotado Cheer Up Charlies. — Os arranjos se tornaram uma parte central das músicas, então foi divertido transferir as partes do cello para o baixo e dos metais para guitarra.

Outro destaque importante na sonoridade do disco, o teclado Wurlitzer deu defeito na passagem de som e não pôde ser utilizado, tornando o show mais curto. Ainda assim, se tivesse funcionado, teria sido tocado pela própria Natalie, se revezando entre as teclas e a guitarra.

— Um dia espero ter um tecladista fixo na banda. Estávamos em turnê com o Ryan Adams por um mês e o tecladista dele, que também gravou no disco, tocou nos shows, e fez muita diferença.

A voz de Natalie já gerou comparações com Janet Jackson, por conta da versão de “Any time, any place” (gravada pela irmã de Michael Jackson no álbum “Janet”, de 1993). Outra versão curiosa no show foi “She’s like the wind”, originalmente interpretada por Patrick Swayze no filme “Dirty dancing”.

Com influências de soul, r&b e country, o independente “Natalie Prass” traz letras sobre os dramas do amor, dores de cotovelo, corações partidos etc. Da desilusão da abertura com “My baby don’t understand me” ao encerramento no estilo princesa da Disney de “It is you”, Natalie fala de triângulos amorosos (“Christy”), falta de confiança (“Why don’t you believe in me”) e de paixões inescusáveis (“Bird of prey”).

Produzido por Matthew E. White, que também assina os arranjos, e Trey Pollard , o disco estava pronto desde 2012 e só agora a autora, de 28 anos, pôde ver o trabalho lançado. O motivo do atraso foi o inesperado sucesso, naquele ano, do primeiro lançamento do selo, o disco “Big inner”, de White, que consumiu boa parte do tempo do Spacebomb, do qual ele é dono.

Natalie e White se conhecem desde os tempos de colégio, nas praias de Virginia Beach, quando tocaram em algumas bandas de rock juntos. O reencontro se deu em Nashville, para onde Natalie se mudou após não conseguir se adaptar a Boston, onde passou um ano estudando no Berklee College of Music. Enquanto seu disco não ia para a rua, ela excursionou com a compositora e atriz Jenny Lewis e gravou mais dois discos, ainda sem previsão de lançamento.

— Não sei vou lançar esses discos, talvez algumas músicas avulsas. Duke Ellington queimava suas partituras. Não sei se essas músicas têm um lugar no mundo, mas fico feliz de tê-las composto — diz ela.

Tchequirau

Uma das bandas mais elogiadas da atual temporada de shows, o Jungle fez uma versão do hit do Mark Ronson com participação de Bruno Mars, “Uptown Funk”.

sexta-feira

6

março 2015

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Transcultura #160: Pete Hebert e Dicky Trisco na Moo

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DJs britânicos são atração da versão ‘mini’ da Moo
Festa acontece hoje no hotel Pestana, com Pete Herbert e Dicky Trisco
por Bruno Natal

Ainda uma das festas mais bacanas da cidade, a Moo tem realizado edições num formato reduzido, as (mini) Moo. Hoje acontece mais uma, na cobertura do hotel Pestana, em Copacabana. Mantendo a tradição de receber atrações internacionais, são os DJs e produtores britânicos Pete Herbert e Dicky Trisco que fazem o som da noite, ao lado dos residentes Diogo Reis, Badenov e Vitor Kurc.

A edição celebra também o lançamento do primeiro EP do selo Mareh Music, sediado em São Paulo. “Mareh 001” inclui a faixa “Disco chocolate”, da dupla que se apresenta na noite, além de “Nerve control”, do nova-iorquino Eric Duncan, atração de uma edição anterior da festa.

Além de disponível para download, o EP foi lançado em vinil, com distribuição na Europa, EUA e Japão. Sócio da Mareh, que organiza também festas disputadas pelo litoral brasileiro, Guga Roselli conta que o selo lançará produções de artistas nacionais.

— Os próximos nomes incluem a dupla Selvagem, formada por Millos Kaiser e Augusto Olivani, e Vitor Kurc — revela Roselli.

Herbert volta ao Rio depois de ter tocado aqui em 2009, numa outra edição da Moo.

— Só toquei no Rio naquela vez e foi um festão, gente legal e uma atmosfera ótima. Vamos fazer um set nos revezando a cada música. A ideia é tocar disco, house, balearic, techno e qualquer outra coisa que der vontade conforme a noite avançar. Assim que é divertido — garante ele.

Segundo Herbert, a faixa lançada pela Mareh reflete boa parte de suas experiências nas pistas.

— Começamos a trabalhar nessa faixa em meio às festas de fim de ano organizadas pela Mareh, em 2013, então a produção é completamente influenciada pela experiência nesses eventos. Nós também começamos nosso próprio selo, Paradise Row, com músicas que tentam capturar essa mistura de pessoas e diferentes estilos num lugar só.