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segunda-feira

30

março 2009

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O Globo, Março/2009

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Matéria escrita para o Rio Fanzine, do jornal O Globo, sobre a trilha do seriado Mitchiko to Hatchin produzida por Kassin.

Kassin animado

Integrante e fundador da Orquestra Imperial e do Acabou la Tequila, produtor dos discos de nomes como Los Hermanos, Vanessa da Mata e Caetano Veloso, parte do trio +2 (com Domenico Lancelotti e Moreno Veloso) e a frente do projeto solo Artificial, Kassin encontrou tempo para se envolver em mais um projeto.

Dessa vez Kassin foi convidado para fazer a trilha sonora de uma série de animação japonesa. Dirigido por Sayo Yamamoto e produzida por Shinichiro Watanabe (diretor de Cowboy Bebop e de dois episódios da série Animatrix), Michiko to Hatchin se passa num pais latino fictício, com características que remetem diretamente ao Brasil, e conta a história de duas amigas em fuga (Michiko da prisão, Hatchin de uma violenta família adotiva).

– Estava com o +2 tocando no Japão e no final do show um dos produtores falou em português: “Equipe Fuji Television quer falar você”. Entraram dez japoneses de terno, me deram cartões e perguntaram se eu gostava de animação. Falei que sim , dali muito tempo passou , achei que não ia rolar mais. De repente chegou uma caixa enorme com desenhos dos personagens, roteiro e um menu de como deveria ser cada musica de cada episodio – Kassin fala sobre o convite.

A cultural nipônica não é novidade para Kassin. Casado com uma japonesa e com duas filhas nascidas lá, ele visita o Japão com freqüência. A produção trilha da série ocupou um ano meio, tempo no qual ele não fez outra coisa senão compor as 61 músicas do anime, 40 das quais serão lançadas em dois discos.

A trilha é variada e tem participações especiais de companheiros de Kassin em seus diversos projetos: Kassin e Gabriel Muzak cantando sertanejo, funk setentista, BNegão sambando e funkeando, carimbó, o sambista Wilson das Neves soltando vozeirão, disco music, além de Ritchie, Manu Valdez, Áurea Martins, Moreno e Thalma de freitas.

– Tentei dar variedade e vida a cada música, Como sabia que iria sair em disco, quis que as faixas funcionassem sozinhas mesmo, com início meio e fim. Pra isso os colaboradores foram muito importantes. Felipe Pinaud fez arranjos de metal. Fiz uma parte da trilha com uma banda que sempre sonhei reunir, com nove músicos tocando ao vivo como, uma trilha antiga. Os temas mais blackxploitation e os temas mais afro jazz brasileiros foram tocados por essa banda, ao vivo, tudo escrito – descreve Kassin.

Apesar da liberdade criativa, o trabalho foi bem detalhadamente encomendado.

– Watanabe fez esse menu da músicas de maneira cirúrgica, a direção dele foi brilhante. Ele me dizia que tipo de música queria, instrumentação, BPM , duração da trilha na cena, se deveria ter muitas partes ou não… Fiz a composição e a produção baseado nas sugestões dele – conta Kassin.

O primeiro disco já saiu no Japão e o segundo está programado para abril. Não há lançamento programado para o Brasil.

– Existem muitos fãs de anime no Brasil, acho que haveria mercado consumidor pra isso aqui .

Enquanto os discos não chegam por aqui, é possível escutar a trilha toda no YouTube. E obviamente, as musicas estão a dois cliques de distância no computador mais próximo.

quinta-feira

6

abril 2006

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Na amizade

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Renatinho, Nervoso e Edu Vilamaior
foto: André Nazareth

O denominador comum, pra variar, é o Acabou la Tequila, mas a amizade de Nervoso e Renato Martins transcende a banda em que tocaram juntos. A noite de quarta, no Sergio Porto, mostrou isso. Foram dois shows, de dois amigos, lançando dois clipes, um deles como parte de um contrato com uma gravadora.

Cada um à frente de um banda — Renatinho no Canastra, Nervoso em carreira solo — ambos trilham caminhos parecidos, cavando seu lugar e tentando viver de música.

Foi show pra pouca gente, algumas testemunhas presenciando dois nomes que merecem mais destaque. E quando esse destaque finalmente chega, como já aconteceu com outras bandas, entre os presentes fica a memória “daquele show meio vazio, antes da banda estourar” e o lembrete de porque é tão bom frequentar a cena independente e ver, antes da maioria, com todo conforto e sem empurra empurra, gente que ainda vai dar o que falar. Sem falar nas boas bandas que se perdem antes de acontecer e só alguns poucos tiveram sorte de ver.

Nervoso tocou primeiro . O bom show — que várias vezes, dividindo o palco com outras bandas, acaba sendo muito curto — teve duração suficiente para Nervoso mostrar músicas do seu disco de estréia, “Saudades das minhas lembranças”, e adiantar algumas que estarão no próximo, como “Kit homem”, “Um sonho de transatlântico” (essa com clima mais pop, tipo de música pra puxar o disco) e “Candidato a amigo”.

Embora algumas músicas estejam com arranjos diferentes, algumas mais lentas, outras ressaltando mais levadas de samba, o show continua parecido com o do lançamento do disco. Houve também distribuição do primeiro “Nervozine”, um fanzine no estrito significado do termo, ou seja, um informativo sobre a banda, feito por um fã, em papel xerox e distribuído gratuitamente. Fazia tempo que não se via um desses.

O Canastra, de contrato assinado com a Sony/BMG, por outro lado, mostrou um show bem diferente do que se via no ínicio da banda, mais bem amarrado e potente. Em clima de big band, o Canastra mistura rockabilly, country, rock sem perder a mão, alguns integrantes fazem cena quando não estão tocando, como os músicos responsáveis pelos metais, jogando baralho entre uma canção e outra.

No final do show, Renatinho convidou Nervoso para cantarem juntos “Bom veneno”, gravada por Nervoso e com letra de Renatinho, seguida de uma versão de “Back in black” countrycore. Nervoso se jogou no palco, arrancando risos da filha de Renatinho, que assistia ao pai pela primeira vez.

“O tio Nervoso é muito louco, né filha?” , disse Renatinho. Na amizade, claro, na amizade.

domingo

15

janeiro 2006

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Três

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Hurtmold
foto: Luciano Valério/divulgação

Nesse final de semana, o Los Hermanos comemorou as 50 mil cópias vendidas do seu disco mais recente, “4”, com uma mini-temporada no Canecão. Porém, o número que se destacou foi outro, um pouco menor, mas nem um pouco inferior: o três.

Foi esse o número de shows da temporada e , mostrando que não esqueceram suas origens, foi exatamente esse o número de bandas independentes escolhidas pelos Hermanos para abrir as apresentações: Nervoso e os Calmantes, Hurtmold e Cidadão Instigado. Uma por noite.

Na estréia, com a casa cheia de imprensa e convidados, coube ao ex-Acabou la Tequila/Autoramas/Beach Lizards, Nervoso. Pela penca de referências em comum, sonoridade e temática das letras, Nervoso têm potencial para acertar em cheio os fãs do Los Hermanos, principalmente a parcela insatisfeita com o “4” e saudosos da agitação das turnês do “Bloco do Eu Sozinho” e “Ventura”. Por tudo isso, era um show importante.

Apesar do PA novinho do Canecão, o som embolado que se ouvia (problema que persistiu e prejudicou também o show do Los Hermanos) não ajudou. Os Calmantes, talvez apreensivos com a situação, ficaram meio paradões, deixando Nervoso sozinho no palco e dificultando ainda mais as coisas.

Mesmo assim, a garra da banda, calejada do underground, aliada a boas músicas, superou esses problemas e conquistou aqueles de ouvidos atentos e abertos as novidades. Se dos 2 mil presentes, 100 resolverem ir atrás do que ouviram já valeu a pena. A idéia é essa, de pouquinho em pouquinho, conquistar seu espaço.

Na segunda noite, foi a vez dos paulistas do Hurtmold esquentarem o público. Embora o (vá lá) post-rock instrumental, emulando nomes como Fugazi e Tortoise, pudesse representar um risco diante de um público de características messiânicas, afeito a cantar junto e pular o tempo todo, a banda foi muito bem recebida. E chapou o Canecão por preciosos 30 minutos.

Formado, em 1998, por Maurício Takara (bateria, trompete, vibrafone), Fernando Cappi (bateria, guitarra), Mário Cappi (guitarra), Guilherme Granado (teclado, percussão), Rogério Martins (percussão) e Marcos Gerez (baixo), os integrantes do Hurtmold e os do Los Hermanos se conheceram na gravação do instinto programa de televisão Musikaos, em que bandas tocavam ao vivo. O respeito mútuo virou amizade e desembocou no convite para banda fazer esse show de abertura.

No seu terceiro show para um público tão grande (antes disso, abriram dois shows da Nação Zumbi e tocaram no Sónar Barcelona), o sexteto fez bonito, hipnotizando os presentes com músicas repletas de texturas e referências. O Hurtmold é caso raro, daquelas poucas bandas que se saem melhor ao vivo do que em disco.

As percussões crescem, acentuando a latinidade das músicas, os improvisos rolam soltos e o groove explode entre sacudidas de caxixi, noises de guitarra, programações eletrônicas, linhas de baixo, solos de trompete, melodias de vibrafone e quebradeiras na bateria. É uma alegria ver uma banda dessas tocando num lugar com a estrutura e quantidade de público que merece.

No dia seguinte, domingo, o Hurtmold tocou outra vez, na Audio Rebel, em Botafogo. Misto de loja de discos, estúdio de ensaio e local para shows, é um lugar novo e surge como boa opção para shows de pequeno porte. Nem tanto pela qualidade, é verdade, mas pelo clima.

Apesar do cheiro de argamassa das obras e do calor beirando o insuportável (precisa de, no mínimo, mais três ar-condicionados ali), o cafofo onde acontece os shows acaba sendo aconchegante, deixando o público (de até 100 pessoas) bem perto da banda. É o clima perfeito para “shows históricos” (leia-se: quanto menos pessoas, mais histórico).

Dessa vez com 50 minutos de duração (e filmado na íntegra), o do Hurtmold, com certeza, entrou pra essa lista.

sexta-feira

4

março 2005

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O Globo, 04/03/2005

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kassin e pianta.jpg

Matéria sobre a dupla Kassin e Pianta que escrevi para o Rio Fanzine (O Globo).

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Duas guitarras ‘in love’

Bruno Natal Especial para o RF

Desde os tempos em que o Acabou La Tequila e o Graforreia Xilarmônica ainda eram os principais projetos, respectivamente, de Kassin e Carlo Pianta, eles pensam em gravar algo juntos. Ex-companheiros do selo Banguela, os dois grupos sempre se esbarravam em festivais pelo país. Na época da gravação do recém-desengavetado “Som da moda”, do ALT, estava prevista a participação dos gaúchos em “Melancólica”, que acabou nem entrando no disco.

O tempo passou, as bandas deixaram de ser o foco da dupla e cada um seguiu seu caminho. E justo agora, quando nem se encontram mais tanto, Kassin e Pianta conseguiram concretizar o projeto e gravar um disco, sem título ainda, que vai sair em breve, pelo selo independente Ping Pong.

A idéia partiu de Alex Werner, produtor do Los Hermanos, estreando atrás da mesa de som:

— Eles são os guitarristas que eu mais curto e eu queria ver os dois tocando juntos. Meu trabalho foi segurar a onda para não exagerarem nas texturas e nos overdubs . E também para garantir que fosse um disco só de guitarras mesmo. Eles já queriam cantar, tocar outros instrumentos…

A apresentação que fizeram na Casa da Gávea, dois dias antes da gravação, serviu como um ensaio geral. Logo na abertura, distorções, microfonias e o volume alto espantaram quem não tinha certeza do que estava fazendo ali.

— Nesse tipo de show sempre tem gente que vai embora. Por isso, poupamos o tempo deles, tocando as violentas no início — entrega Pianta.

Bossas, milongas sulistas e timbres 8 bits se misturam a temas jazzísticos como “Stormy weather” (Harold Arlen) e “Time of the season” (The Zombies), em versões experimentais. Utilizando um pedal de delay que grava loops uns sobre os outros, Kassin adiciona elementos e constrói a base para Pianta solar.

No final, o saldo foi positivo. Muito mais gente ficou do que foi embora.

— Não sei se eu compraria um disco desses, mas se tocasse no rádio eu pararia para ouvir — garante Kassin.

Bruno Natal gosta de batata com bacon e faz o zine URBe

quarta-feira

26

janeiro 2005

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"Eu não vou mudar"

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* Confira um trecho do show na URBe TV

Primeiro foi Moreno+2, depois Domenico+2. Agora é a vez do Kassin+2. Assim como as duas primeiras variações, o grupo manteve a tradição e mostrou no HPP — em primeira mão — o novo formato, completando o rodízio.

Antes deles, Donatinho, filho de João Donato apresentou seu funk-acid-jazz, com influências de Herbie Hancock à Jamiroquai. Acompanhado por uma boa banda, com destaque pra groovezeira grosseira do baixista André Vasconcelos, o tecladista apresentou músicas próprias e versões, como “Fever”, que já foi regravada por Madonna.

Além dos muitos problemas de equipamento no palco (causados, talvez, pela enorme quantidade de pedais, talk box e instrumentos), depois de um tempo o virtuosismo cansou e a platéia esvaziou. Como diz um amigo meu, show de jazz deveria ter uma regra limitando à apenas uma demonstração de técnica por instrumentista.

O espaço lotou novamente quando o Kassin+2 subiu no palco. Num show concorrido, cheio de nomes conhecidos na platéia (Chrissie Hynde, Los Hermanos, Nelson Motta, Hermano Vianna, etc.) a banda mostrou as músicas que estarão no seu próximo disco, que ainda nem começou a ser gravado.

Na abertura, um tiro certo: “Tranquilo”, música de sua autoria também gravado por Thalma de Freitas. Um pouco nervoso, pela primeira vez na posição de homem de frente, Kassin manteve ao seu lado papéis com as letras das músicas. “Não tenho saco pra decorar”, explicou. Coube ao baterista Domenico o papel de pilar da banda, não deixando desandar nem quando Kassin errou e pediu pra voltar. Domenico seguiu em frente e o conjunto se acertou.

Menos experimental que Domenico+2 e mais pop que o Moreno+2, as composições são calmas, de letras leves, bem diferente do que vê quando Kassin está tocando no Acabou la Tequila. Sua voz é pequena, sim, mas encaixa na proposta. Levadas de guitarrada paraense se misturavam ao cello de Moreno com naturalidade, sem forçar, mostrando que nada ali era gratuito. Boa trilha prum final de tarde, como o estampado no tênis do Kassin.

No repertório, música pra recém-chegada filha, “Quando Nara Ri”, para casais apaixonados e a excelente “Eu não vou mudar”. Da metade pro final, Kassin já estava solto, fazendo brincadeiras, dando gritos de “uhu!” e “Bahia!”, empolgado com o toque nordestino da bateria. Kassin não aguentou e desceu a não nas últimas três músicas, bem mais pesadas, como “Astronauta” e seu vocoder assustador.

Qual será o próximo passo do trio após essa formação é um mistério. Ele tanto pode acabar quanto virar apenas +2, juntando o melhor de cada formação e seguir adiante. Tomara que continuem.

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