Mala na Wobble: o grave venceu
Written by urbe, Posted in Destaque, Música, Resenhas
“Trap: pelo menos é grave”. Esse poderia ser um slogan cínico para uma festa do estilo musical (hip hop com dubstep da 2a geração, numa super simplificação) que domina as caixas de som de boa parte das festas do udigrudi.
O fato é que após alguns anos com agudos sufocando as pistas de dança, principalmente as mais comercialmente orientadas, se tem uma coisa que a onipresença do trap atesta é que o grave venceu. Se não em larga escala, ao menos com bastante folga na cena alternativa.
Ver, em festas como a Wobble o I Hate Mondays, uma penca de moleques sacudindo e urrando no balanço dos sub-graves é uma alegria, concretização do que parecia uma meta inalcançável há nem tantos anos. Mesmo que grande parte dos traps sejam de qualidade duvidosa, mesmo que o lance seja apenas se jogar, mesmo que boa parte do público não vá atrás das origens da cultura bass, ao menos estão imersos em graves. Então, como diz o poeta, “tá ruim, mas tá bom”.
Em uma edição especial da festa, gratuita e cedo, as 20h o londrino Mala, uma das metades do Digital Mystikz e um dos fundadores da DMZ, festa fundamental na propagação do dubstep de Londres para o mundo, assumiu os toca-discos do Fosfobox.
Durante três minutos Mala tocou frequências que iam descendo, descendo até transformarem-se em pancadas de graves e iniciar sua seleção. Como um selectah jamaicano, tocou dubplates e não mixou, passando de uma música para outra com paradas bruscas, desaceleradas e rewinds, também repetidos para repetir os momentos mais catárticos do set.
Já se vai muito tempo desde que o dubstep era um gênero obscuro até mesmo na Inglaterra até a dominação mundia. via EUA exectuada pelo Skrillex e sua releitura da névoa ambiente londrina. Mala – e o dubstep original – não ficaram parados. As produções atuais tem tanto peso e esporro quanto as que passaram a dominar o imaginário global a cerca do gênero, numa relação próxima a retroalimentação.
Mala demostrou isso, lançando toneladas de grave e batidas quebradas com uma elegância de arrepiar os pelos das canelas. Fez isso, porém, alheio as preocupações comercias ou de alguma disputa com o “efeito Skrillex”. É apenas mais um passo da cultura do bass, movendo-se e amassando o que vem pela frente, com o simples poder de meditação provocado pelo peso do grave.
adorei as seleções das musicas………….
legal o texto! acho que tivemos nesta noite uma prova viva que o “grave venceu”, e isso pode ser exemplificado na participação da digital dubs. eu estava meio inseguro com a possível reação do público, justamente pela “falta de interesse nas origens da cultura do bass”, isso somado a performance com um só toca-discos (devem ter sido os primeiros vinis que vi na fosfobox em tempos…), e a participação dos mc´s. mas devagarzinho a rapaziada foi entrando na onda e o baile rolou bonito! depois veio o mala, zerando tudo com aquela introdução e ai foi só correr pro abraço. gol de placa!
Próxima fase é começarem a timbrar os graves pra não ficar só bateção de cabeça e transformar finalmente essa banda de frequências em uma experiência sensorial menos adolescente