Não sobra muito espaço para falar de um show que a própria cantora encerrou com repetidos pedidos de desculpas, distribuindo rosas para platéia. Com uma postura estranha no palco, fugindo dos holofotes e se escondendo pelos cantos, Cat Power não explicou porque sua voz não estava saindo com a força que se esperava.
A banda é OK, sem nenhum destaque (o baterista, talvez), embora tenha sido muito prejudicada pela acústica medonha do HSBC Arena. Trata-se de um ginásio, sem a menor estrutura para um show de música. O baixista viajou até o Rio a toa, pois do seu instrumento nada se ouvia.
Mesmo com tantos problemas, difícil imaginar que o show pudesse ter sido muito melhor. O repertório só de versões (como o último disco da cantora), de baladas de arranjos e estruturas repetitivas, poderia ter funcionado num lugar mais intimista, ou mesmo no Circo Voador. Vai ver, por lá decolava.
Um mês antes da festa, olhando a escalação fechada, bateu uma paranóia de esse ano ter misturado coisa demais. O pop do Boss in Drama com o terror do Apavoramento, os agitados Os Ritmos Digitais e o show calmo do Letuce.
Sem falar que o Cine Glória é tão novo que as pessoas mal sabem onde fica. Ou não desconfiam que embaixo da cabeça do Getúlio, na antiga praça do Russel existe um espaço subterrâneo, com cinema e bar. Pra muita gente a ilustração da filipeta (feita pela Arterial) só deve ter feito sentido uma vez lá.
Porém bastou lembrar que é justamente a mistura o sistema nervoso central do URBe. “Tem regra não, lesque”, diria o poeta. É um saite sobre qualquer coisa que seja interessante, e disso a festa estava abarrotada.
E exatametne por isso a festa deu muito certo, sem dúvidas a melhor edição até aqui. Mais de 500 pessoas passaram pela festa e, com a casa lotada, as três horas da manhã ainda havia uma fila gigante de pessoas aguardando, no esquema sai-um-entra-um.
Foi uma pena ver tantos amigos e colaboradores ficarem de fora. Quem esteve do lado de dentro viu uma bela festa.
A instalação da L’Phant
Se tudo deu certo no final, o começo foi caótico. Um festival de lambanças quase botou tudo a perder. A passagem de som estava marcada para as 21h, mas as 21h40 ainda havia uma sessão rolando no cinema, o que atrasou tudo.
Fosse só esse o problema, tudo bem. O lance foi que as três listas de equipamento solicitadas pela atração enviada com antecedência para produção da Matriz (responsável pela casa) foram solenemente ignoradas. Faltando uma hora pra hora marcada pra festa começar, não tinha sub-woofer ou mesmo cabos para ligar os equipamentos na casa!
Por sorte, se ninguém trabalha no escritório, a galera do pesado deu um gás absurdo e conseguimos colocar tudo em pé, minimizando o atraso para 40 minutos — o que é pésssimo e pelo o qual peço desculpas.
Fica o MUITO obrigado ao Pedro Seiler (que esse ano produziu a festa comigo), João Brasil emprestando equipamentos, a Ana e ao Leandro (da Matriz), ao Flavio (chamado na última hora pra resolver galhos), a rapaziada que montou o som e aos funcionários do CIne Glória. Vocês salvaram a festa.
E chega de pitanga que eu prometi que só escreveria um parágrafo sobre isso e já passei da conta.
Projeção da L’Phante na nuca do Getúlio
Montada na entrada, do lado de fora, a exposição da L’Phante pode ser visitada até por aqueles que não conseguiram entrar na festa. Antonio Bokel e Peu Mello montaram uma instalação, composta por um casinha de madeira repleta de trabalhos de novos artistas e uma projeção de fotos.
O espaço fez sucesso e ficou cheio a noite toda. Enquanto em Londres a equipe de remoção de pichações tem aula para reconhecer um Banksy e não fazer besteira, por aqui a Guarda Municipal não entendeu o espírito da coisa e ameaçou remover o “barraco” algumas vezes. Conquistar o respeito e entendimento dos trabalhos de novos artistas é um dos principais objetivos da L’Phante.
A casinha é um aperitivo do que vem por aí. O saite está no ar, a revista impressa é o próximo passo, finalizando com uma galeria para poder expor os trabalhos de maneira permanente.
Lettuce
Marcado para as 23h, o show do Letuce começou pouco depois da meia-noite. A princípio o horário preocupou, pois as músicas da banda são calmas e a apresentação no cinema, com o público assistindo sentado. Pra mim, depois de tanta confusão, foi até bom dar uma parada pra respirar.
A carismática Letícia Novaes e parceiro e namorado Lucas Vasconcellos, acompanhados por uma boa banda, resolveram a questão. A decoração com luzes e as trocas de olhares e carícias dos dois no palco foram dando o clima.
LETTUCE
O LETTUCE é uma declaração de amor do casal feita em cima de um palco. Performática, Letícia levou a platéia no bico, lendo seus poemas, interagindo com o divertido telão, apagando as luzes e atuando em frente a uma luz negra.
Deu gosto ver a Letícia tão a vontade . Seus muitos projetos anteriores não refletiam sua criatividade com exatidão. Tentando fazer letras de uma maneira formal, as loucuras escritas e postadas em seu fotolog continuavam melhor que as bandas. Essa equação começa a ser solucionada com o LETTUCE.
Os Ritmos Digitais
Acabado o show, o trio responsável pela festa Os Ritmos Digitais abriu a pista e imediatamente o lugar começou a sacudir. Variando entre 20 e 22 anos, os rapazes tem feito os sets mais bacana que tenho escutado pelo Rio em bastante tempo.
Sem se prender a nenhum gênero, tocam de baile funk a disco music, de remixes da vez a clássicos da música eletrônica — o que não exclusividade deles. O diferencial aqui, como em tudo que presta, é o bom gosto e a capacidade de contextualizar as músicas sem que fique parecendo um balaio de gato.
Milos, Salim e Yugo: Os Ritmos Digitais
É característica dessa geração, que já cresceu na internet. Tem gente que chama de geração DDA, prefiro ver como pessoas que tem capacidade de enxergar em 360 graus. Gente boas demais, Millos Kaiser, Rafael Salim e Yugo são a ponta de uma turma que inclui cineastas, fotógrafos e designers. Todos começando, sim, mas bastante promissores.
Com a pista do jeito que ia, deu trabalho tirar os três dos toca-discos. Vinda de longe, a atração seguinte estava seca pra tocar e já montava os equipamentos.
Boss in Drama
O paranaense Péricles Martins vem chamando atenção com suas produções pop há algum tempo. Recentemente foi citado por Justin Timberlake em seu blogue, com direito até a vídeo do hit “My Favourite Song”. O momento é do Boss in Drama.
Boss in Drama: a pista pega fogo
Péricles já havia tocado por aqui duas vezes, ambas no Dama de Ferro, uma como DJ e outra com o rascunho do seu projeto ao vivo. Essa foi a primeira apresentação oficial do Boss in Drama no Rio e, como pedia a ocasião, ele veio com tudo.
Além do laptop e dos controladores Midi, Péricles canta ao vivo, toca baixo e o também o zaralho, jogando confete, spray de espuma, estourando serpentinas, acendendo velas faíscantes e passando boa parte do set dançando no meio da pista.
O som funkeado, dançante e pop agradou em cheio, sobretudo as meninas, soltando as cinturinhas. Devido as mudanças de horário, coube a mim a ingrata tarefa de tocar em seguida.
Bruno Natal
O aniversário do URBe tem um elemento mágico, que faz com que tudo dê certo. Como tenho tocado mais com os parceiros da CALZONE na própria festa ou em eventos com dois ou três deles junto, fazia tempo que não tocava tanto tempo.
A pista
Ando meio cansado desses sets de revezamento, porque não dá tempo de evoluir muito. Dessa vez, com tempo, lembrei inclusive que sei mixar. Há bastante tempo não saia das carrapetas tão satisfeito. Como em uma hora ninguém veio pedir nenhuma música, imagino que a pista se agradou também.
Apavoramento Sound System
O gran finale da noite ficou por conta do Apavoramento Sound System, parceiros de longa data e sempre presentes nas celebrações do saite. Integrantes do ASS já tocaram com seus diversos projetos paralelos em várias festas.
Dessa vez eles vieram com o projeto oficial, o live mais aterrorizante do planeta. Só faltou o DJ Nepal, tocando em outra festa, mas fora ele, o ASS veio com tudo: dançarinas, MC, telão, o kit completo.
Blunt e John Woo aka Juan Wooles
Infelizmente, o ASS foi o mais prejudicado com os problemas de produção da festa. Tocando dentro do cinema sem um PA de apoio decente, o som não saiu com a pressão de costume, e também não estava sendo reproduzido na pista de dança.
Isso atrapalhou um pouco o começo da apresentação, mas rapidamente as pessoas perceberam que era pra entrar na sala e o baile começou.
Foi uma espécie de ensaio aberto do novo show do grupo. De dentro da cabine de projeção, John Woo e Blunt comandavam o telão e os graves, enquanto no palco o MC Neurose e as dançarinas faziam a frente, interagindo com a platéia.
O set foi curto (e encurtado pelos próprios), então logo depois a festa foi entregue novametne aos Ritmos Digitias. As 4 e blau eles começaram tudo outra vez, enchendo a pista e dando continuidade a festa, que foi até, veja só que emblemático, as 6h.
Isabel entrevista Woo
Pra quem perdeu, há ainda uma chance de ao menos ver como foi. A equipe do programa “Bastidores” do Multishow, apresentado pela Isabel Wilker, passou por lá pra fazer uma matéria, entrevistando os artistas e contando um pouco da história da festa. Quando for ao ar eu aviso.
Do lado de cá, em meio a correria e diversão, tirei poucas fotos e, obedecendo ao ditado “casa de ferreiro, espeto de pau”, mais uma vez não produzi um vídeo decente da festa. Seis festas, sei lá quantas atrações e pouquíssimos registros oficiais. Péssima visão comercial…
Tudo certo, o intuito não é mesmo esse. Quem estava lá curtiu, vai lembrar e contar para os amigos. Como sabemos, o que vale é o boca-a-boca. E ano que vem tem mais.
Copa Jam Band recebe Kassin fotos e vídeo: URBeTV e URBe Fotos
Samba jazz, Copacabana, um hotel glamuroso… Os bons tempos estão de volta.
Na última quarta-feira, tarde da noite no BB Lanches, o baixista Alberto Continentino contava que estava vindo do Bar do Copa, novo bar do hotel Copacabana Palace, onde está tocando duas vezes por semana com a Copa Jam Band, completa por Marco Tommaso (piano), Widor Santiago (sax) e Renato Massa (bateria).
O programa sensacional tem apenas um porém: os proibitivos R$ 120 cobrados de entrada (sem direito a nenhuma bebida). Inviável.
Apesar disso, alguns detalhes da história daquela noite contados por Alberto aguçaram a busca por uma entrada para esse universo paralelo, ao mesmo tempo tão perto e tão distante.
Toda semana a Copa Jam Band recebe convidados. Na primeira semana foi Thalma de Freitas e naquela noite havia sido Kassin, com repeteco no dia seguinte. Nas próximas semanas participam Domenico Lancelotti e Moreno Veloso. É o +2 parcelado.
Alberto contou que Kassin tinha aparecido na beca, de gel e cabelo pro lado, sapato branco, blusa de botão e calça, fazendo papel de crooner e tocando guitarra. Só a descrição da cena dava vontade de rir. Além da sonzeira prometida, a temporada dava pinta de se tornar histórica.
Ah, o Copa…
Na noite seguinte, resolvido o empecilho da entrada, tudo se repetiu. O Bar do Copa, com seus espelhos e jaulas, cumpre tudo que se espera de um bar de hotel. O público misturava amigos dos músicos, hóspedes batucando fora do tempo nas mesinhas e membros da equipe do Kiss com companhias locais (enquanto Gene Simmons jantava na pérgula, do lado de fora).
A noite é dividida em dois atos, com um intervalo de uma hora entre eles. Em ambos o quarteto inicia os trabalhos tocando standards em levada samba jazz. Passado tantos anos desde a revolução do Beco das Garrafas, hoje isso soa “tradicional”.
O repeterório cumpre o papel de oferecer o que muitos visitante buscam — e raramente encontram — quando vem ao Brasil, como um turista em Cuba procurando o som do Buena Vista Social Club ou roots reggae em Kingston.
Ainda assim, há algo no ar, como se o Copa Jam Band buscasse quebrar a sisudez relacionada a bossa nova, ao samba jazz e a toda essa linhagem musical, por vezes levada a sério demais, canonizada de uma maneira talvez não planejada pelos próprios músicos protagonistas.
Copa Jam Band + Kassin
A maneira encontrada para realizar essa quebra foi a escolha dos convidados, apostando que eles não fariam cerimônia e ajudariam a descontrair o ambiente.
Assim que foi chamado, Kassin ligou sua guitarra, incluindo alguns pedais e foi emendando a sua “Esquecido”, “Meio Desligado” (Mutantes) e uma inédita, um bolero sobre a falta de potássio.
No final, convidou Thalma de Freitas pra cantar “Tranquilo” e mais uma inédita, parceria dela com João Donato, chamada “Enquanto a gente namora”.
Comportado e comedido, Kassin terminou sua apresentação sob aplausos timídos, como pedia a situação. Por uns instantes o bar voltou ao volume normal, após a jam ter se tranformado num show.
Rapidamente um DJ entrou em ação, pra garantir que o bar não esvaziasse. Tascou “Finally” (its happening to me…), da CeCe Peniston, e a noite continuou.
O que quer que tenha ocorrido a partir dali ninguém sabe, ninguém viu. O que acontece em Copacabana, morre em Copacabana.
Os deuses da músicas ouviram nossas preces e operaram um milagre na Apoteose. O show do Radiohead teve um som perfeito, como nunca se viu naquele lugar. O que um bom técnico de som não é capaz de fazer…
Thom Yorke não passou, segundo algumas fontes, duas horas fazendo aquecimento vocal em vão. Era indispensável que fosse assim para que as delicadas músicas do excelente “In rainbow” que ocupam boa parte do repertório soassem tão boas quanto aparecem no disco.
Infelizmente, o show perfeito em todos aspectos técnicos (a parte gringa da equação) contrasta com a produção capenga a que estamos acostumados (a parte brasileira).
Filas quilométricas para o banheiro, a impossibilidade de pegar bebidas com tranquilidade e a truculência dos seguranças justificam a percepção do público médio (aquele que se precisa conquistar para vender 35 mil ingressos) de que o programa é uma furada.
Ouvir um “vai se fuder” e outros poemas durante um show que custou a bagatela de R$200 (x2) só por ter perguntado se o armário iria ficar mesmo parado na minha frente bloqueando a visão não é uma furada, é um total desrespeito mesmo. Se a produção se interessar — o que eu duvido — anotei o número da camiseta do sujeito.
Los Hermanos, “Todo carnaval tem seu fim”
vídeo: marceloguy (enquanto o do URBe não sobe)
Contratados a peso de outro, a missão dos Los Hermanos era esgotar os ingressos que teimavam em não sair das bilheterias. Falharam duas vezes: as entradas não esgotaram e o aguardado show foi frio, com a banda desentrosada no palco, mesmo com muitos fãs fazendo o tradicional coral.
A única novidade foi “Cher Antoine”, tocada ao vivo pela primeira vez. De resto, foi abaixo da expectativa (que, sim, eram altas demais), com o show sendo muito prejudicado pela má qualidade de som.
Kraftwerk, “Aero Dynamik”
Espremido entre duas bandas cultuadas como poucas, a reação ao público Kraftwerk era a incógnita da noite. A música eletrônica totalmente sintética foi bem recebida pela turma mais acostumada as guitarras.
A apresentação tem toda a elegância, eficiência e simplicidade que se espera dos alemães. Tem quem diga que a cada turnê o show cai um pouquinho, devido a substituição dos teclados por laptops e, provavelmente, pelo fato de cada vez menos integrantes originais façam parte do grupo, restando apenas um.
Seja como for, toda vez que se assiste ao Kraftwerk o embasbacamento é o mesmo. É como se eles tivessem apertado e girado todos os botões de sintetizadores possíveis e imagináveis antes de todo o mundo.
Você escuta “Trans Europe Express” e pensa “pô, parece baile funk”, ouve “Tour de France” e se questiona como o povo do trance conseguiu estragar e desgastar tantos timbres bonitos, olha pro telão e vê de onde o Daft Punk ou Etienne de Crecy tiraram algumas de suas idéias.
O show curto incluiu as músicas mais conhecidas, como “Radioactivity”, “Autobahn” e “Musique non stop”. Faltou mesmo “Pocket calculator”.
O Kraftwerk serve como matriz para boa parte do que se ouve em música eletrônica hoje, sem soar velho ou antiquado, como se mesmo depois de gravadas essas músicas continuassem sempre a olhar pra frente.
O Radiohead entrou em cena com apenas 10 minutos de atraso em relação ao horário divulgado, garantindo uma noite tranquila para todos que dali ainda teriam que voltar para casa. Thom Yorke já chegou apresentando o Radiohead em português.
Nos dias anteriores ao show comentou-se bastante sobre o show no México que, pelo que se sabe, deixou a banda impressionada. Como bom brasileiro, logo pareceu que o troço iria se tornar uma espécie de competição, para decidir o público mais quente.
Logo na abertura, com “15 step”, com a Apoteose bem mais cheia, deu pra perceber que o público era respeitoso com a banda. Cantou-se todas a músicas, mas não aos berros. Bateu-se palmas, mas sem estalar alto as mãos. Os desatentos conversaram durante as baladas (ah, mas como não…), porém menos do que se esperava.
Casa cheia
A relação beirava a cerimônia, ainda que os integrantes do Radiohead chamassem o público, como não é do costume deles. Era como se depois de tanta espera, todos quisessem guardar aquelas notas na memória e os próprios gritos fossem um obstáculo. As excessões foram os coros mais fortes em “Karma Police”, “No Surprises” e “Paranoid Android”.
Talvez o Radiohead tenha estranhado a calma da platéia, talvez tenham ficado mesmo decepcionados com o público carioca, conhecido pela empolgação. Sendo esse o caso, provavelmente eles jamais saberão o quanto esse pequeno cuidado dos fãs fala da admiração pela banda.
Radiohead: o telão
Foi uma beleza poder ouvir em detalhes as experimentações de Johnny Greenwood quando se afasta da guitarra e vai mexer nos pedais e nos teclados. As interferências de rádios locais que ele sintoniza durante o começo de “National Anthem” deixaram muita gente sem entender de onde vinha tanto português.
Já tendo visto outros doisshows do Radiohead ano passado, dessa vez resolvi me afastar do palco na parte final, para poder apreciar o cenário de longe. Bom, por isso e porque as costas já estava pedindo arrego mesmo.
Os telões laterais e do fundo do palco mostram a banda de tantas posições que daqui a pouco vai faltar ângulo pra filmar de maneira diferentes. Saturando cores ou fazendo meias fusões, os efeitos aplicados nas imagens são sempre simples e extremamente funcionais. Porque bom gosto, como se sabe, não vem instalado no seu Mac.
Visto de longe, do alto da arquibancada, o cenário ganhava uma moldura bem carioca. A direita brilhava o Cristo Redentor e a esquerda o Morro da Coroa, com seu luminoso “Coroa paz” saudando a platéia. Pena que a banda não teve essa visão, pois diz tanto da cidade.
Dessa distância, os efeitos luminosos do palco ganham outros contornos, assumindo formas imperceptíveis de muito perto. Conversando com Mateus Araújo, ele levantou a hipótese de que durante “Everything in it’s right place” um texto fica correndo pelo palco, em letras gigantescas. Conhecendo a banda, faria sentido. Fica aí mais um enigma para ser desvendado.
Como um presente para platéia, uma demonstração de carinho, o Radiohead encerrou o show com “Creep”, seu primeiro grande sucesso e música que eles raramente tocam.
“Bom pra caralho”, como disse a banda em bom português ao final do show. Foi mesmo.
—
As músicas:
“15 step”
“Airbag”
“There There”
“All I Need”
“Karma Police”
“Nude”
“Weird Fishes/Arpeggi”
“The National Anthem”
“The Gloaming”
“Faust Arp”
“No Surprises”
“Jigsaw Falling Into Place”
“Idioteque”
“I Might Be Wrong”
“Street Spirit (Fade Out)”
“Bodysnatchers”
“How To Disappear Completely”
Bis
“Videotape”
“Paranoid Android”
“House of Cards”
“Just”
“Everything In It’s Right Place”
Tris
“You And Whose Army?”
“Reckoner”
“Creep”
* Dá pra assistir boa parte da apresentaçãona página do cybertechno, um doido que tranformou em regra pessoal filmar na íntegra e colocar no YouTube todos os shows que vai (nesse ficaram faltando algumas).
Cultura digital, música, urbanidades, documentários e jornalismo.
Não foi exatamente assim que começou, lá em 2003, e ainda deve mudar muito. A graça é essa.