segunda-feira

28

março 2011

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Seu Jorge sem Jorge, as Almaz da Nação e o pop

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Bater pênalti parece mole, mas além de também ser gol, precisa de técnica. Com o projeto de versões Almaz, Seu Jorge dá mostras (mais uma vez) do quanto ele domina o que faz, não apenas nos aspectos artísticos. Sabe identificar os desejos do seu público antes mesmo dele próprio e não tem pudor nenhum em entregar o que a galera quer. O Circo Voador com 3 mil pessoas no sábado comprova.

Ruim seria um resultado impossível. Além da presença do próprio Seu Jorge, ao se fazer acompanhar por Lucio Maia, Dengue, Pupillo e Da Lua – a Nação Zumbi quase inteira, com direito a um salve a Du Peixe pelo empréstimo – até “Atirei O Pau No Gato” soaria sensacional. Ao vivo, a banda dá um banho no disco.

Como um Mark Ronson da Zona Sul carioca, o repertório cuidadosamente escolhido equilibra o cool e o popular, canções manjadas ou alternativas, dependendo a quem se pergunta: Kraftwerk (“The Model”), Tim Maia (“Cristina”), Michael Jackson (“Rock With You”), Roy Ayers (“Everybody Loves The Sunshine”), Jorge Ben (“Errare Humanus Est”), etc.

A grande sacada é justamente oferecer sons que fazem a “massa” se sentir “por dentro” ao reconhecê-las, ao mesmo tempo que são aprovadas pelos “entendidos”. O sucesso da Orquestra Imperial ou do Los Sebosos Postizos passa pelo mesmo caminho. A tal “cultura do DJ” também é isso aí.

A seleção eclética do Almaz é espelho de um artista que fagocita tudo que o interessa – a pose do Fela, a pegada do Gil, o apelo do Michael, o suinge do Ben – e devolve um resultado essencialmente pop. O objetivo é tão claro, desde os tempos do Farofa Carioca, que espanta a patrulha em cima do Seu Jorge.

A constante cobrança para que tome caminhos mais “cabeça” (e tomes aspas hoje, hein) muitas vezes vem de pessoas que reverenciam os mesmos ídolos pop de quem Seu Jorge pega emprestado. Esperar qualquer outra coisa é ignorar a trajetória do artista que promete lançar um disco de “Músicas Para Churrasco Vol. 1” ao mesmo tempo que diz que vai tocar com Roy Ayers no próximo festival Back2Black, ficou conhecido mundialmente no cinema, põe o Akon pra sambar no Jools Holland, o Alexandre Pires para sambalançar ou arrasa, com Ana Carolina, a música de Damien Rice (essa também não era difícil).

As críticas vem mesmo quando Seu Jorge busca o tal cabecismo, a sua maneira, tentando “educar” o “grande público” com um projeto como Almaz. Perto do final do show, após introduzir a banda e antes de emendar em “Mas Que Nada” (Jorge Ben), ele se apresenta: “eu sou Jorge Mario da Silva, de Belford Roxo para todo o planeta, geral!”.

Seu Jorge está pouco se importando com quem o critica. Faz bem ele. Ninguém é obrigado a ouvir o que ele toca.

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  1. jonas marins
  2. gabi
  3. Bruno Natal
  4. Elis Vasconcelos
  5. Bruno Natal
  6. Mateus Campos

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