Quase
Written by urbe, Posted in Urbanidades
foto: Skip O’Donnell/iStockPhoto
Como na manjada sabedoria popular, existem duas maneiras de enxergar esse copo, e por extensão, a atual situação do Rio de Janeiro.
O Gabeira quase se elegeu prefeito; o Fluminense quase foi campeão da Libertadores; o Sergio Cabral quase é um bom governador; se der a lógica da tabela (embora futebol não tenha lógica) o Flamengo quase será campeão Brasileiro; o TIM Festival quase foi bom, a Lapa quase vai bem, o Circo Voador quase tem uma boa programação constante; e assim segue.
Nem vale entrar na infindável discussão sobre porque a população sempre cai no papo do mesmo perfil de político, que muito fala e pouco faz. Não bastasse anos de Garotinho, Rosinha e Cesar Maia, não custa lembrar que o Crivela quase chegou lá. E não chegou porque a população, cada vez mais consciente, se organizou pra evitar o pior.
O Rio está acordando, devagar, obedecendo o ritmo da cidade. Mudanças duradouras raramente são bruscas. É um processo gradual.
Não se engane, pouco importa se seu candidato perdeu ou ganhou. Nada muda, temos que nós mesmos seguir fazendo a nossa parte, essa é nossa responsabilidade e dever. Cabe a nós reverter esse caos.
O Rio tem que melhorar, não tem outro jeito. Juntos, vamos terminar de encher esse copo. Com ou sem Gabeira.
Trilha sonora pro momento: “Por Pouco” Mundo Livre S/A
QUASE
Um pouco mais de sol – eu era brasa,
Um pouco mais de azul – eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa…
Se ao menos eu permanecesse aquém…
Assombro ou paz? Em vão… Tudo esvaído
Num grande mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho – ó dor! – quase vivido…
– Tô mandando esse trecho aí do Mario de Sá Carneiro para completar seus pensamentos.
Uma coisa que o Gabeira já previa e confirmou hoje em entrevista: seu eleitor prefere ir a praia do que votar nele. Quase…
É verdade. Só não concordo com o ‘o Flamengo quase será campeão Brasileiro’ é muito desgosto prum ano só
Tô cansado de quase…
De quase em quase a gente perde mais quatro anos acreditando que na próxima alguma coisa vai acontecer. Se não foi nessa…
Uma outra maneira de pensar os números:
Total eleitores no Rio de Janeiro: 4.580.000 (100%)
Votos brancos e nulos: 315.200 = 7%
Votos AUSENTES: 927.000 = 20,25%
Votos Eduardo Paes: 1.696.195 = 37%
Votos para Gabeira: 1.640.970 = 35.8%
Diferença de votos entre Eduardo Paes e Gabeira: 55.225 = 1.2%
Quem são esses quase um milhão de AUSENTES?
Preguiçosos e irresponsáveis que foram a praia ao invés de ir votar?
Ou temos algo em torno de 27% de cariocas que não se viram representados por nenhum dos candidatos?
Em cima destes números do Eduardo, é sempre bom lembrar que a diferença de votos que foi de 55.225, na verdade representam pouco mais de 27.000 pessoas, que se tivessem votado no Gabeira ao inves do Paes, o primeiro ganharia.
Ilustra ainda mais o quanto a votação foi apertada.
Mas realmente o que me chamou a atenção mesmo foram os quase 1 milhão de eleitores ausentes e mais de 300 mil que votaram nulo.
Quem são estas pessoas? Ricos que aproveitaram o feriadão? Idosos que já perderam as esperanças? Jovens sem comprometimento com a democracia?
Seja quem for, não os culpo, mesmo achando não ser a melhor solução.
Mas estas pessoas tiveram nestas estas eleições exatamente o mesmo comprometimento que nossos políticos tem tido com seu povo durantes anos, décadas…
…ou seja, nenhum.
Não sei o quão interessante isso é pra você, ou o quão leviano é acreditar que isto venha a ter alguma eficácia no final das contas; mas estão organizando uma passeata no dia 31/10, em frente à Cinelândia, para protestar contra as evidentes falcatruas que permearam esta eleição no Rio de Janeiro. Achei que valia o aviso.
http://pro-democracia.blogspot.com/
Você tem razão, P., provavelmente terá pouca efeito prático, mas nem por isso é menos relevante.
Minha grande questão é saber quem está por trás desse movimento. Você, por exemplo, não assina o comentário, e isso me deixa preocupado.
Se for uma manifestação popular, pode ser interessante. Se for política, tô fora.
De todo jeito, apesar da alta abstenção etc, acho perigoso questionar o resultado de uma eleição democrática.
Apesar de que, com distribuição de merenda em troca de volta, o troço já tenha deixado de ser democrático.
Abs,
Saca o texto do Guilherme Fiúza. Achei espetacular.
http://guilhermefiuza.com.br/colunaepoca/2008/10/27/matou-a-politica-e-foi-ao-cinema/
Bruno, o P. é mera questão de costume ao assinar comentários. Meu nome é Pedro e sou (era?) seu vizinho na Gávea.
Não estou por trás do movimento e sequer conheço quem assume a liderança do mesmo (se é que existe alguma liderança). Divulguei o movimento por compartilhar da opinião de milhares de pessoas que, no momento, se organizam para fazer uma demonstração apartidária e civilizada da insatisfação geral com a forma como as eleições no Rio de Janeiro aconteceram. Se isso vai gerar frutos relevantes, provavelmente não. Mas acho que isso não diminui a sua importância.
Um abraço.
Oi Pedro,
Obrigado pela apresentação! Sabe como é internet, né, estou sempre com os dois pés atrás.
Vamos nos falando, isso está parecendo interessante.
Abs,
passeata pela invalidação das eleições do Rio. sexta-feira, 12h na cinelândia.
É ingenuidade achar que teve falcatrua, manipulação de resultado. Ingenuidade não acreditar que mais da metade do Rio votou em “mais um político”, mais um colarinho, mais uma cara parecida com a de tantas outras. Nêgo tem medo de mudar…. Já foi mto o Gabeira sair de 4% pra quase 50%. Mas, mesmo assim, ontem bateu uma tristeza de verdade, q só vou esquecer dps q pelo menos um desses “quase” virar verdade. 2008 é o ano do HEXA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Oi Bruno.
Sem problemas. A falha foi minha em não ter assinado de primeira.
Só para constar: pessoalmente, não acredito que a real intenção seja a impugnação das eleições do Rio de Janeiro. É importante ainda frisar que, não, também não é uma manifestação pró-Gabeira, embora as circunstâncias que geraram o movimento permitam tal dedução.
“Pró-Democracia”: o nome já dá uma grande indicação do que o pessoal busca: a cobrança de uma maior transparência no processo eleitoral; um apelo para que o TRE não faça vista grossa frente às diversas denúncias de crimes eleitorais apresentadas por inúmeros veículos de comunicação (vide http://eleicoes.uol.com.br/2008/ultnot/rio-de-janeiro/2008/10/27/ult6022u454.jhtm ), a demonstração de que essas posturas covardes e que vão contra o conceito de democracia não serão mais toleradas pela população.
Isso sem levantar bandeiras e/ou partidos.
Grande abraço.
/URBe
por Bruno Natal
Cultura digital, música, urbanidades, documentários e jornalismo.
Não foi exatamente assim que começou, lá em 2003, e ainda deve mudar muito. A graça é essa.
falaurbe [@] gmail.com
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