JB Online, 29/05/03
Written by urbe, Posted in Imprensa
Zémaria – “Zémaria”
(Lona Records)
A estréia dos capixabas do Zémaria (junção dos nomes de dois cachorros, Zé e Maria) chama a atenção desde os primeiros segundos pela qualidade da produção. É tão caprichado que não dá pra imaginar que o disco tenha sido produzido de forma independente e lançado através de um pequeno selo de Vitória.
A mistura de sintetizadores, samplers e breaks com guitarra, baixo e bateria, presentes no som da banda, é perfeita, na medida. O resultado final justifica o longo período que a banda passou produzindo o disco, de 1999 a 2002.
Não são simplesmente instrumentos acústicos misturados a bases eletrônicas, como tem aparecido aos montes ultimamente. Os elementos se fundem, se completam sem invadir o espaço do outro. A combinação é bem feita, fortalecendo a proposta do grupo.
O disco é predominantemente de drum ‘n’ bass, indo das batidas pesadas e aceleradas as mais calmas. Em Tá tudo esquematizado a influência de Roni Size é indisfarçável, já em Aço bio o clima é mais viajante, permeado pelo assobio disfarçado no título.
Tem big beat também, lembrando bastante o Crystal Method, como em Aê fazin o telefon!!, que tem direito até a um vocoder, aquele efeito que deixa a voz parecida com a de um robô. Falando em robôs, Corrido beira o electro, o gênero queridinho da vez do mundo eletrônico.
No meio de tudo isso, tem espaço ainda duas faixas lounge. São elas AM e Há de estar, todas devidamente amaciadas pela voz de Sanny Lys.
Talvez o Zémaria ainda lembre coisas demais, mas o som deles tem personalidade própria o suficiente para ultrapassar as influências. Como está escrito no próprio encarte do disco, “o Zémaria é isso, mais-do-mesmo, igual-diferente, essência-em-transformação”.
Boa notícia é que – pra quem ainda não sabia – também existe música eletrônica além da panelinha Rio – Minas – São Paulo. Agora já sabe.