sábado

7

fevereiro 2009

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A volta pra casa

Written by , Posted in Resenhas


Little Joy, “The next time around”
(em 00:40, no meio da tela, Camelo cantando)
vídeo e fotos: URBe

Mais uma sexta-feira, mais uma ida a Lapa. Como ia dizendo outro dia, o bairro anda a um zilhão por hora. Dessa vez a atração principal da noite era o Circo Voador, onde tocou o Little Joy, “projeto paralelo de Rodrigo Amarante (Los Hermanos) e Fabrizio Moretti (The Strokes)”, aparente sobrenome da banda.

É o típico evento que no Rio vira um programa, a famosa boa da noite. Na platéia, tinha de tudo; de indies conhecedores de cada integrante aos perdidos; de quem só ouviu falar do LJ a gente gritando “gostoso” para Amarante. É, os fãs do Los Hermanos não são mole não.

Em muitos aspectos a histeria e empolgação do show realmente lembrou as apresentações dos barbudos. Sem falar que músicas como “Keep me in mind” (uma variação acelerada de “O Vento”?) bem poderiam ter saído do repertório do LH.

Na festinha após o show, o baixista gente boa Todd Dahlhoff (Dead Trees e parte do projeto paralelo de outro Strokes, Albert Hammond Jr.) contou que a banda estava preparada para isso, pois Fabrizio já havia alertado que o galego (apelido de Amarante entre o LJ) era grande no Brasil.


Atenção para o horário do início do show. No Circo. Inacreditável!

O que não foi nada, nada comum, foi o respeito aos horários marcado para os shows (ALELUIA!). As 23h30 o Cidadão Instigado já encerrava sua apresentação para os poucos que acreditaram e chegaram na hora. Precisamente as 00h27, o Little Joy pisava o palco, numa cena quase impossível de acreditar em se tratando de Rio ou de Circo Voador.

Antes disso, no momento vergonha alheia da noite, um rapaz anunciou ao microfone que um DVD estaria sendo gravado, quem não concordasse em aparecer que fosse “lá para atrás”, fechando com um constrangedor “é Little Joy no bagulhôu!”. Foi merecidamente vaiado.

Muita gente perdeu o show, basicamente por três motivos. Uns bobeaream e ficaram sem ingresso; outros chegaram atrasado por conta do trânsito infernal na Lapa e arredores (embora alguns culpassem a pontualidade, o que não deixa de ser irônico); e o pior caso: gente que comprou ingresso, chegou a tempo mas não conseguiu ver o show por conta da indesculpável super lotação da casa. Uma mancada e tanto, numa noite de acertos.


Little Joy

Feliz, depois de tanto tempo sem tocar no Brasil, Amarante estava visivelmente contente e não cansava de agradecer, cumprimentar rostos conhecidos na platéia e dizer como era bom estar de volta em casa.

No entanto, era Fabrizio Moretti, aparentemente doidaralhaço, quem ganhava os holofotes. Com algumas frases desconexas, danças bizarras e declarações populistas como “quem está muito feliz? Eu estou muito feliz, sabe porquê? Por causa de vocês!”, divertiu o público.


Sergio Mendes vs Noah Georgeson (foto: Carlie Armstrong)

O resto da banda estava mais na deles. O guitarrista (e produtor do disco) Noah Georgeson chamava mais atenção pela semelhança física com Sergio Mendes, apontada por João Brasil (perguntado, Noah disse que nunca tinha escutado isso antes, sabe-se lá como), e a vocalista Binki Shapiro, apagadinha, protagonizou os momentos fofos. O baterista Matt Romano se destacava pela técnica e pela precisão monstruosa.


Brand new Anna Julia?

A arquibancada estava cheia de amigos de Amarante. O parceiro Camelo, o produtor Kassin, dois terços do Do Amor, Pedro e Jonas Sá, Nina Becker e Vanessa da Mata cantarolavam as músicas. Nesse contexto brazuca, a música com maior potencial de hit do Little Joy, “Brand new start”, ganhou uma nova perspectiva.

Não tinha notado o quanto a pegada, as referências e até a estrutura da canção do Amarante — apesar do andamento bem mais lento e arranjo suave — se assemelha ao grande sucesso do LH, “Anna Júlia”, de Camelo. O “uô uô uôu” que encerra uma e o “oh, no” que fecha a outra escancaram as semelhanças.

Assim como o disco, o show foi bem curto. Tirando uma versão bem apropriada de “This time tomorrow”, do Kinks (“música que todos nós gostamos muito, explicou Amarante), outra de “Walking back to hapiness”, da Helen Shapiro, e uma música nova do LJ, nada foi acrescentado.


Moretti puxa o coro do público: “Último romance” (Los Hermanos)

Show encerrado, até então não havia tocado nenhuma música do Los Hermanos. Isso até Fabrizio ir ao microfone e começar a cantar “Último romance”, iniciando um coro gigantesco, que um encabulado Amarante acertadamente decidiu apenas ouvir e não acompanhar. Fabrizio ria sem parar.

Com esse final, é de se imaginar que o show do Circo tenha sido o ápice da turnê. Os intengrantes disseram que Porto Alegre e Belo Horizonte também foram memoráveis. Apenas São Paulo decepcionou, pela recepção muito fria.

Como suas atividades em seus projetos principais demanda muito tempo dos integrantes (Fabrizio entra em estúdio com o Stokes no mesmo dia que chega de volta aos EUA), a gravação de um DVD na penúltimo data da extensa turnê ( que se encerrará em Recife e viu a banda atravessar os EUA e passear pela Europa tocando em pequenos clubes) dava pinta de final de festa.

O baixista, Todd, afirmou que não é nada disso. A banda continua e tem até músicas suficientes para um segundo disco, que deve vir logo, logo.

Enquanto o disco não vem e a banda não define seus destino, resta a internet. Menos de 12 horas depois, o show estava inteiro no YouTube, filmados de diversos ângulos. Só que ao vivo, é claro, é muito melhor.

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  1. marcos
  2. Bruno Natal

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