Dando os toques finais no seu primeiro disco solo em Los Angeles, Rodrigo Amarante participou da versão angelina do Petty Fest, tocando “I Won’t Back Down”, do Tom Petty do Johnny Cash, no show promovido anualmente pelo compositor – que também tem sua versão da mesma música. Com Matt Sorum, ex-Guns n Roses na bateria.
Deixei para a última noite da temporada e, pelo que ouvi, dei sorte. Houve show em que o som simplesmente parou de funcionar por problemas no gerador, então, comparado a isso, o tradicional bololô sonoro da Fundição, somado aos berros dos fãs, era cristalino.
Não faço a menor ideia de como solucionar a equação, visto que seriam necessário duas semanas cheias no Circo Voador (capacidade de 3 mil pessoas) para atender a quantidade de público recebida pela Fundição nas seis noites (capacidade de 7 mil pessoas), ou então encarar o Vivo Rio, que também pena com questões de acústica, mas que os hermanos e os hermaníacos mereciam um som melhor, ah, mereciam.
O cheiro de naftalina que poderia tomar conta do ambiente, ainda mais considerando-se que as carreiras individuaisdo Camelo e do Amarante seguem firmes, foi dissipado tão logo os primeiros acordes soaram. Em muitos aspectos, foi como se tempo algum houvesse passado.
Passado algum tempo, as músicas de todos os discos, por mais que sejam diferentes, se misturam de maneira mais coesa. Os fãs do primeiro disco (teve até a um dia renegada “Anna Julia”) pogam, a turma cult canta junto com o “Bloco do Eu Sozinho, a massa vem junto no bem sucedido comercialmente “Ventura” e até a placidez do “4” hoje empolga tanto quanto as músicas dos anteriores.
Alguns anos depois, nem dá pra saber se as cobradas músicas novas do Los Hermanos são necessárias, ou mesmo se fariam sentido. Pode ser que seja isso mesmo, os quatro discos, congelados no tempo, podendo ser revisitados eventualmente, quando convir, enquanto os integrantes tocam suas vidas em separado. Só o tempo dirá.
Após o sucesso de uma impressionante turnê de 24 datas, uma aula de produção e promoção, com média de público de 5 mil pessoas (e meia-entrada a R$ 80, faça as contas), todas as opções estão abertas. Conhecendo a banda, só eles decidirão o que fazer – e isso, quando quiserem.
“O samba do título foi removido cirurgicamente, e substituído por acordes sombrios e batidas mecânicas. O baixista Pedro Falcão, fã de carteirinha do Los Hermanos, empurrou a banda pra essa canção em particular, e fez questão de gravar o longo solo que fecha a música, usando tanto um baixo distorcido quanto seu saxofone. Luis Calil, vocalista, canta em português pela primeira vez, e diz que ‘além de ser uma celebração de uma banda que a gente adora, é também um exercício legal pros músculos criativos enquanto não lançamos mais coisas nossas.'”
Enquanto esteve em recesso com o Los Hermanos, Amarante rodou bastante com o Little Joy e o amigo Devandra Banhart. Esse vídeo da turnê pelo Japão e Austrálias, em 2010, mostra a diversão.
Os shows de comemoração dos 15 anos do Los Hermanos estão chegando, boa hora pra re-assistir o doc sobre a gravação do “Ventura” e um especial da MTV feito quando a banda estava na estrada com o disco que cristalizou a hermanomania.
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Não foi exatamente assim que começou, lá em 2003, e ainda deve mudar muito. A graça é essa.