YouTube manda a URBeTV para o vinagre
Written by urbe, Posted in Urbanidades
Assim, de uma hora pra outra, sem aviso prévio, notificação ou o que o valha, o YouTube DELETOU a minha conta e acabou com um acervo de mais de 200 vídeos da URBeTV.
O motivo alegado foram “múltiplas reclamações de infração de direito autoral”, sobre as quais jamais fui avisado (pelo Twitter me disseram que bastam três e que é irreversível). Muito provavelmente ao alto número de vídeos de shows que tinha no meu perfil.
Ainda assim, que deletassem os vídeos com problemas. Ao simplesmente acabar com a minha conta, levaram juntos dezenas de vídeos que era meus mesmos: trailers dos meus filmes, doc-curtas e entrevistas que fiz com câmeras digitais, até entrevistas e trechos de shows de artistas brasileiros. Tudo pro vinagre.
Pior é saber, com se vê na imagem acima, que um dos reclamantes foi a bandeca inglesa autoKratz, cujo show na Rough Trade East filmei e postei por postar, porque tinha achado uma bela bosta. Perdi meu tempo no show, subindo o vídeo e agora, perdi minha conta e centenas de registros.
Com a constante troca de máquinas, alguns dos vídeos se foram pra sempre. Vou brigar para ao menos recuperar os meus vídeos, para uso próprio e privado, algo que tenho direito.
Criei minha conta no YouTube no seu primeiro mês de funcionamento, graças a sagacidade do Mateus. Jamais pensaria que uma novidade tão boa pudesse acabar de forma tão drástica.
Fica a lição: confiar demais em qualquer saite como fonte segura de arquivamento pode dar nisso. Vai nessa de nuvem, vai…
ATUALIZAÇÃO: A equipe do autoKratz escreveu pedindo desculpas pelo o que aconteceu, tentando amenizar, explicando que não foi culpa deles, “que são distribuídos por uma major que toma essas atitudes”. Sei. E quem assinou com a major e, a partir daí, concorda com as práticas da indústria falida? A batata quente caiu no meu colo, disso a gente sabe. Sensacional.
Porra Google! Imagino o quão ruim deve ser o sentimento.
Já fui notificado uma vez (por um vídeo que usa 3 segundos de uma música do Moby), mas o que aconteceu é que o vídeo ficou proibido de ser exibido na Alemanha (?!).
Torço para que consiga os vídeos de volta! Aliás, cabe até ação judicial contra o Google caso eles não devolvam ou tiverem apagado os vídeos.
Que merda! Eu não confio em ninguém (com mais 30mb). Até do gmail eu faço backup.
Tomara que vc consiga recuperar pelo menos os teus arquivos pessoais.
E eu que tava nessa de armazenar minhas coisas na internet: no picasa e no Live… mas né
bom mesmo é ter backup em casa, DVDs ou HD externo.
Um professor de fotografia que tive uma vez fazia 3 cópias dos trabalhos dele: um DVD, um HD externo no cofre da empresa e um HD externo em casa.
conta paga no Vimeo é a solução. vc paga uns 60 dólares por ano e tem 5Gb pra subir por semana. fora que a qualidade e a usabilidade dão de 1000 na bosta do YouTube.
Tenho conta premium do Vimeo. Mas lá, as limitações são outras: é pra ser utilizado apenas pra trabalhos autorais, não pode um monte de coisa, mas é assim desde o início, pra ter um perfil. E não tem o alcance do YouTube pra coisas como, por exemplo, o vídeo do Jorge Ben Jor falando do “Tábua”. Não é lá que as pessoas vão procurar, é no YT.
Youtube = Gardenal
Ontem, aconteceu um debate em Brasília no Balaio Café. Um dos assuntos que vieram à mesa foi o seu caso, logo que um dos mediadores viu no twitter. O debate era sobre Lei de direitos autorais, CC, MINC, Ecad e reforma da Lei. Mais uma vez fica claro que o modelo de direitos autorais com que bandas e empresarios tratam é hermético. Ou é assim ou não é e ponto.
Olha, eu já vi uma conta ser cancelada por reclamação e foi possível reverter.
Era corporativa, então a reclamação tinha mais peso do que o de uma pessoa comum. Mas que é possível, é.
Foi preciso falar com quem tinha reclamado, e com o pessoal do Google, pra resolver a situação. Tenho certeza que será mais difícil pra alguém como eu ou você, mas dá pra tentar.
Q varzea, hein?!
Mas nao dá pra colocar a culpa no AutoKratz… os caras ate te responderam. Acho q isso, por si so, ja os exime de culpa. Os caras assinam com essas empresas pra nao morrerem de fome tmb… Nao precisa descontar neles, uma vez q os verdadeiros culpados sao do Youtube.
Acho q cabe açao tmb, ainda que seja um tema mtissimo pouco discutido pelas terras tupiniquins.
Se precisar de ajuda, conversamos sobre isso.
Abs
Tô ligado, Bruno. O YT é a segunda maior ferramenta de busca do mundo, só perde pro Google. Mesmo assim continuo preferindo o Vimeo (sou elitista mermo), até porque nele os vídeos já saem em HTML5, pros amigos de iPhone poderem ver também. De qq forma o que aconteceu contigo é um puta desrespeito e eu estaria tão, ou mais, puto que vc caso estivesse no teu lugar. Boa sorte!
“Não morrer de fome” não é justificativa pra assinar com quem opera contra lógica atual, na minha opinião. Escreveram prq estou espalhando essa história em mto lugar e, vc sabe, quando fico chato…
A culpa não é o YouTube, é do selo.
Tenho o video “I Would like to buy a Hamburgerdo novo Pink Panther, que começou com uma piada interna e hoje tem quase um milhão de views, e um tempo atrás eles tiraram do ar, mas sem apagar, e pouco tempo depois, restauraram a visualização. Ressalto novamente que nunca apagaram, o que eles fizeram foi tirar do público por um tempo, para depois liberarem de novo.
Torço para que isto tenha acontecido com você, caso contrário, mande email para todos os escritórios do YouTUbe o quanto antes, para tentar pelo menos restaurar os videos de sua autoria. E use vimeo a partir de hoje.
E “quem assinou com a major e, a partir daí, concorda com as práticas da indústria falida? “, apoiadíssimo.
assim como eles assinam com a major e aceitam as práticas da indústria, você aceitou o TOS clicando em “Accept” e lá fala que eles não tem responsabilidade sobre o que você envia, ou seja, você não tem direito nenhum de exigir que eles te devolvam #ficadica
Bruno, com dizem, a liberdade de expressão na Internet só é tão forte quanto o seu elo mais fraco. Não é difícil fazer um paralo entre a URBe/Youtube/gravadoras e o Wikileaks/Amazon/EUA. A empresa foi (de forma nada surpreendente) “covarde” diante da ameaça de um terceiro e interrompeu (de forma inesperada) o serviço oferecido de hospedagem de conteúdo.
De um lado, seria necessário que a legislação garantisse a neutralidade (no caso, expressa na não responsabilização do itermediário) para que a empresa pudesse “peitar” a ameaça sem medo de prejuízo financeiro.
De outro, o fundamento da reclamação. No caso do EUA o motivo é político, aqui é o complicado sistema de direito autoral vigente no mundo, de maneira geral incompatível com a riqueza das possibilidades da cultura digital.
Faço coro aos que incentivam uma atitude concreta para retomar sua conta, inclusive judicial, em último caso. Mas acho que você está indo pelo caminho certo, começando pelo registro público do caso aqui no blog e na divulgação pela rede. Assim como no projeto Queremos, creio que o lado coletivo, colabortativo e difuso do uso Internet pode mostrar uma boa força construtiva nesse caso.
Forçaê, tem muita gente nessa pra te apoiar!
Então — na verdade a culpa do youtbue ai também é pequena (não deixa de existir) – mas o problema é mais embaixo e nao vinigneum aqui coemtnando: o problema são as leis de Direito de Autor que temos hoje em vigor –nos EUA, em muitos paíeses e no Brasil.
Eles vendem pra gente a idéia de que a lei como esta é legal, que compensa autor, etc…a a grande maioria de pessoas, estou certo que mesmo alguns de cvocês tão indginados coma situação aqui concorda… só faz a sua “piratariazinha” da sua série de TV, mas é “bom” que os autores sejam remunerados — Esse é o sendso comum que eles tentam nos vender.
na verdade, o sistema inteiro é incompátível com os meios de criação de novas obras (PC’s , editores de vídeo, programas de música e fotos), e distribuição – internet – independente do site – que existem hoje.
A atual ministra da cultura Ana de Holanda inverteu uma marcha progressiva que o ministério da cultura vinha tomando, no sentido de flexibilizar essas leis,d e forma que obras derivadas (isso é: vídeos seus que usam qualquer música de fundo) não estejam imediatamente ferindo Direitos de Autor de ninguém. O fato é que na leiq ue temos hoje — de 1998, bem mais restritiva que a nossa lei anterior para esses assuntos, coloca como ou infração civil, ou crime coisas simples como citar vídeos em outros vídeos, ou fazer montagens e públicar. As emrpesas de itnernet – -google as outras, tem que viver dentro da lei. Quem tem que fazer força pra mudar a lei somos nós!
Então — o autor do cmentário “Direitos de Autor” fui eu – coloquei título nde era pra por nome. Quem quisr conversar mais, estou no jsbueno(at)python.org.br, ou @gwidion no twitter.
Estive ontem no LCD, que vc ajudou a trazer (certo?) e no começo do show apareceu o maldito aviso: Proibido Filmar/Fotografar…
Depois desse teu episodio com o youtube você pensa em fazer algo a respeito?
Bem que podia rolar um incentivo para fotografar/filmar, desde que seja compartilhado com uma licença do Creative Commons (por exemplo: http://creativecommons.org/licenses/by/2.0/ )
Eu gostaria que a reforma de direitos autorais acontecesse, mas eu duvido que isso mude alguma coisa em relação ao Youtube. Uma mudança nessa lei não impede (nem deveria) que o Youtube continue com seus termos de serviço dizendo que podem cancelar a sua conta a qualquer momento sem justificativa. Por causa dos termos de serviço inclusive acho que uma ação não daria em nada. Não é a primeira vez que alguém tem uma conta de serviços do Google cancelada, nem é a primeira vez que pessoas perdem dados por conta isso, nem foi por falta de aviso de que esse risco existe e que não se deve confiar no Google para manter seus dados.
E por sinal, além dos termos de uso toscos, o Youtube assina com quem “opera a Lógica atual” tanto quanto ou até mais que o autoKratz. Não entendo porque isso é justificativa pra demonizar um e não o outro.
Essa decisão é da banda, Iuri, no que dependesse de mim, qualquer show poderia ser filmado.
Cara, esse lance dos vídeos em show… bom, o Radiohead fez um lance assim e editou um DVD de um show do In Rainbows feito por fãs, certo?
E nessa lógica também entram os bootlegs…
Agora me diz, se VOCÊ filma um show, VOCÊ é o autor, não? Você é um autor filmando OUTRO autor reproduzindo suas obras. Talvez esse outro autor devesse ficar contente por isso, porque tem coisa que acontece só em show né?
Aí entramos em outro mérito: o quanto é válido gravar um show em detrimento de curtir ele?(meu português tá horrível hoje.) Mas isso é outros tantos.
Bom, o próprio Matias participou da feitura do Cultura Livre, do Lessig, vale a pena olhar.
Mas eu acho que o Bruno é o autor dos vídeos dele sim. O youtube é o veiculador, somente.
Boa discussã, Ariel. O lance é que quem tira o vídeo do ar é a gravadora, “protegendo” o autor do lado de lá, não o YouTube. AInda sobre filmar o show em detrimento de assisti-lo, ja vinha cada vez filmando menos… Só é legal filmar quando vc curte também estar filmando.
shingo, aceitei os termos, claro. Quisessem tirar os vídeos problemáticos, mediante um aviso, como diz nos termos, blz. Eles apagaram tudo, as minhas produções junto. Sem falar que a conta tinha seguidores, trocas de msgs, etc. Isso não está certo.
Ariel, não foi o Radiohead quem editou nada, um fã reuniu os vídeos produzidos por outras pessoas e editou o DVD.
Ele responde como diretor do vídeo, mas o material que ele usou (as músicas, em especial, e a imagem da banda) não poderia ser usado, por falta de autortização. Para o áudio, temos o direito autoral da banda; para a imagem, o direito de exibir/registrar o show, provavelmente negociado com alguma emissora brasileira.
Sobre a relação entre gravar e curtir, tem um termo folosófico chamado “nostalgia do presente”, que se refere a essa saudade do que se está vivendo, que nos leva a registrar para poder vivenciar depois, ironicamente, prejudicando a experiência no presente. Se quiser falar mais sobre isso, estamos aê 😉
/URBe
por Bruno Natal
Cultura digital, música, urbanidades, documentários e jornalismo.
Não foi exatamente assim que começou, lá em 2003, e ainda deve mudar muito. A graça é essa.
falaurbe [@] gmail.com
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