quarta-feira

30

junho 2004

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Voando

Written by , Posted in Resenhas

Sim, o boato era verdade. Manu Chao participou mesmo do show do Reggae B ontem, no Circo Voador. Tá certo que uma aparição do Clandestino em terras cariocas não é exatamente uma novidade — o cara, dizem, tem até casa em Santa Teresa. Ainda assim, a presença do carismático Manu fez a diferença.

Se a simples reabertura do Circo Voador já é um acontecimento importante para cena do Rio, melhor ainda é constatar que ele voltou com uma estrutura de palco superior a de muitos de seus pares na cidade. A qualidade dos equipamentos de som e luz estão boas, assim como o isolamento acústico, motivo de muitas brigas tempos atrás. Detalhes óbvios, básicos até, mas que quase nunca são observados pelas casas de shows.

De negativo, além de uma bilheteria um tanto tumultuada, apenas a parte ao ar livre. O excesso de obras deu um ar de praça de alimentação de shopping, asséptico demais. A iluminação fria e exagerada do bar também não ajuda, mas pior são os canhões de luz que quase cegam os desavisados que passeiam entre as palmeiras cravadas no concreto.

A noite começou com um set do MPC, do Digital Dubs, seguido por B Negão e os Seletores de Frequência, fazendo uma de suas piores apresentações. Menos suingadas do que de costume, as guitarras estavam altas demais em relação aos outros instrumentos. E o tempo curto fez algumas boas músicas ficarem de fora, atravancando a fluidez do show.

Honrando a tradição do Circo, grande inspirador do “horário Ballroom”, o Reggae B só entrou em cena às 2 da manhã. Na lateral do palco, Yuka, D2, Digão, Don Negrone e Manu Chao se espremiam para assistir o “Paralamas sem Herbert” mandar seu recado. Além dos metais e do tecladista João Fera, Barone tava na bateria .

Talvez devido a passagem de som, esse foi sem dúvidas o show mais agudo e pop do Reggae B. Muito disso, parece, se deve a saída de Gustavo Black Alien da banda. Tem um papo de que Don Negrone vai assumir os vocais, mas apesar do MC ser dos melhores, a onda dele é hip hop. Fã de dub e ragga, Black Alien é mais versátil e se encaixava perfeitamente na sonoridade da banda. Uma pena.

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Sua ausência abriu espaço para várias canjas. Lá pelas tantas, a letra pediu um “legalize it” e D2 não aguentou; resolveu participar cantando “Queimando tudo”, do Planet Hemp. Digão, do Raimundos, também tocou guitarra num ska a 100 por hora. O grande “convidado”, no entanto foi mesmo Bidu. O trombonista da banda, soltinho, soltinho, pegou o microfone algumas vezes, dando um banho em todos os outros vocalistas.

Manu Chao encerrou a festa tocando repertório próprio numa participação pra lá de especial. Ele começou com “Welcome to Tijuana”, emendou em “Clandestino”, “Mr. Bobby”, “War” (Bob Marley), espinafrou Bush e terminou pra cima, pedindo “sube, sube!”, enquanto a galera pogava. Amarradão, Manu ria sem parar e, se deixassem, atenderia os pedidos de “mais uma, mais uma” vindos do platéia e do palco sabe-se lá até que horas.

Manu Chao está no Rio, o Circo está armado e o público gostou. Agora, só falta uma coisa. Produtores, acordem.

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