Visão interna
Written by urbe, Posted in Uncategorized
“Perdemos os talheres e voltamos a comer com as mãos. Temos de nos educar, pois assim fica feio.”
Wado, falando sobre downloads
Catarinense radicado em Maceió, Wado recentemente disponibilizou toda sua discografia para download gratuito no seu saite. Agora, indo além, faz o lançamento do seu novo disco, “Terceiro mundo festivo”, da mesma maneira.
O trabalho também será vendido fisicamente, por R$ 5 (em SMD) e espera-se que, quem baixar e gostar, compre sua cópia. Não é barato produzir cultura e vai chegando a hora do público se conscientizar que participar ativamente do processo digital não se resume a simplesmente usufruir de suas vantagens.
Aproveitando o lançamento, reproduzo abaixo a entrevista que Lucas Sattana fez com Wado para o seu próprio saite, o Diginóis.
A conversa entre os dois é interessante porque Lucas Santtana lançou seu disco mais recente, “3 sessions in a greenhouse”, da mesma forma (é só baixar). Não é todo dia que se pode conferir papo de dois dos músicos mais bacanas da cena atual.
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LUCAS SANTTANA ENTREVISTA WADO:
Lucas Santtana – Quanto tempo de produção até finalizar o disco?
Wado – Este disco começou quando voltei a morar em Maceió, eu fechei um time (banda) por volta de março do ano passado dai aos poucos fomos arranjando as canções buscando a sonoridade. O processo de gravação envolve muitas ferramentasmidi mas ao mesmo tempo quase tudo foi tocado e arranjado nos ensaios.
Considero este um disco mais ensolarado, por consequência de estarmos aqui. Ná prática eu Pedro Ivo Euzébio e Dinho Zampier concebemos e captamos e a bolacha foi mixada e masterizada pelo Sérgio Soffiatti em São Paulo.
LS – Esse título dá a impressão de um disco temático. Há realmente um conceito que amarra o disco? E se existe, como você chegou a ele?
W – Existe um conceito que é como o terceiro mundo lida com a música eletrônica, é um disco do hemisfério sul, desses ritmos subversivos e destas linguagens subversivas, tem muito de funk carioca e reggaeton, mesmo quando as referências vão pra Timbaland, MIA e Afrika Bambaataa é a forma como estes caras estão diluindo a África e as Américas.
LS – Como será feita a distribuição?
W – O disco é independente e poderá ser downloadeado sem restrições. Fora isso prensei [uma tiragem] em SMD, mídia que tem o preço final pro consumidor a R$ 5. Estou conversando com a Tratore pra ver se rola de distribuir e manter este precinho.
LS – A questão da distribuição digital já é uma realidade positiva para essa geração, pois aumenta o público ouvinte. Por outro lado gasta-se algum dinheiro para se produzir um disco. Como fazer para despertar no público a consciência de que, no mundo digital, só comprando o disco haverá esse retorno?
W – Eu acho que agora é um momento de transição em que perdemos os talheres e voltamos a comer com as mãos, temos de nos educar pois assim fica feio. Acho que todo trabalho deve ser remunerado, e acredito que aos poucos isso vai se reestabelecer.
LS – Esse disco não é mais com a banda Realismo Fantástico, quem participa dele?
W – O disco foi gravado pela banda que me acompanha a quase um ano: Dinho Zampier (teclados) Rodrigo Peixe (bateria) Bruno Rodrigues (baixo) e Pedro Ivo Euzébio (eletrônicos). Já viajamos bastante e a liga tá linda, Estivemos nesse tempo duas vezes em Brasília, três vezes em Pernambuco, Salvador, Ceará, Paraíba e São Paulo, fora os shows aqui em Alagoas. A cantora Cris Braun, que se radicou aqui em Alagoas, também participa no disco, com voz emocionante.