terça-feira

19

outubro 2010

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Transcultura #022 (O Globo): Vimeo Festival, YouTube Play, X Na Cara

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Texto da semana re-retrasada da coluna “Transcultura” que publico todas as sextas no jornal O Globo:

Festivais da rede
YouTube e Vimeo promovem as suas primeiras competições de vídeos
por Bruno Natal

Não faz muito tempo, assistir a vídeos via internet era uma experiência desagradável, repleta de engasgadas, emperradas e imagens de qualidade desprezível. Passados alguns poucos anos, o panorama mudou. Transmissões de vídeo já são o principal responsável pelo tráfego de dados na rede, e é difícil imaginar tanto a internet sem vídeos quanto a propagação de vídeos sem a internet. O mundo aprendeu a se comunicar através do audiovisual.

Exemplo disso é que, com meia década de existência, os dois principais repositórios de vídeo da rede, o YouTube (com o maior acervo de vídeos on-line) e o Vimeo (devido à boa qualidade de compressão, o favorito dos profissionais para exibir seus portfólios e trabalhos inéditos) organizam quase simultaneamente seus primeiros festivais. Ambos tiveram os seus finalistas anunciados e divulgam seus vencedores em outubro.

A primeira edição do Vimeo Awards opta por um caminho mais usual. Dividido em nove categorias (narrativa, remix, série original, documentário, videoclipe, animação, grafismos, experimental e captura), com cinco indicados cada. Além da exposição, um deles receberá o grande prêmio, de US$ 25 mil, para produzir um novo trabalho. Os finalistas, de 12 países, foram escolhidos entre 6.500 inscrições e todos podem ser vistos na página do festival.

Favoritos de blogs em todo o mundo, clipes do Justice (o remix de “Let love rule”, de Lenny Kravitz), Metronomy (“On the motorway”) e Yeasayer (“Ambling alp”) estão na disputa. A série “Take away shows” (www.bit.ly/tashows), do site francês La Blogoteque, que registra bandas como Phoenix e Wilco tocando em lugares inusitados, como um ônibus de turismo em Paris, ou fazendo um pré-show atrás do palco, também concorre.

A escolha dos vencedores caberá a um júri de 27 notáveis, entre eles M.I.A., DJ Spooky, David Lynch, Roman Coppola, Lucy Walker e Morgan Spurlock (diretor de “Super size me”). O resultado será anunciado em grande estilo, no dia 9 de outubro, em Nova York, numa cerimônia num prédio desenhado por Frank Gehry (tão imponente que tem uma página própria), sede da IAC (dona de Vimeo, Ask.com, College Humor, Match.com, Dictionary.com).

A parceria do YouTube com a Fundação Guggenheim promete o acesso direto dos aspirantes a artistas ao museu. Em sua estreia, o YouTube Play atraiu 23 mil inscrições, de 91 países. Os 120 finalistas agora disputam o direito de estar entre os 20 ganhadores que serão anunciados no dia 21 de outubro. Os trabalhos vencedores ficarão em exposição na sede do Guggenheim, em Nova York, e nas filiais de Berlim (Alemanha), Bilbao (Espanha) e Veneza (Itália). O restante continuará sendo exibido na página do concurso.

O YouTube já havia promovido a aproximação entre o mundo dos “amadores” e o erudito em 2008, com o projeto YouTube Symphony Orchestra, que selecionou músicos para participar de um concerto no Carnegie Hall. O formato do festival de vídeos, abrindo as portas do extremamente fechado mercado das artes para desconhecidos sem treinamento formal, causou desconforto num meio ainda pouco acostumado a esse tipo de intromissão.

É melhor irem se acostumando. Com a velocidade com que a rede vai derrubando paradigmas, é difícil imaginar algum setor que esteja imune às mudanças impostas pelos novos tempos. O fato de existir volume suficiente de trabalhos com qualidade para a realização de dois festivais desse porte é prova disso.

Tchequirau

Domingo termina o circo das eleições e poderemos novamente, enfim, olhar a cidade sem ter alguém impedindo a visão com um sorriso falso e amarelo na sua direção. Enquanto não chega esse glorioso dia, um pessoal começou a “Operação X Na Cara” e tem feito interferências nos horrendos galhardetes de políticos espalhados pelas calçadas.

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