2015, o ano em que menos resenhei shows na vida. Foi quase tudo na base da legenda das fotos no Instagram. Faltam palavras, ficam as memórias evocadas pelas imagens.
Encabeçado pelo rapper canadense Drake, pelo guitarrista americano Jack White e pelo grupo australiano AC/DC e com mais de 100 atrações divididas em três dias, a 16ª edição do festival Coachella começa hoje, na Califórnia, e vai até domingo (com tudo se repetindo na semana que vem). Como tem sido regra nos grandes eventos de música, as principais apresentações do primeiro final de semana serão transmitidas on-line, assim como shows de algumas atrações menores. Como sempre, é impossível assistir a tudo, estando lá ou mesmo pela tela. Escolhas são obrigatórias, e a seguir estão algumas das apostas de grandes shows.
Todd Terje
O compositor e produtor norueguês é conhecido pelas músicas dançantes. Ao vivo, as faixas do seu ótimo “It’s album time”, lançado ano passado, são interpretadas por uma banda completa, coisa rara na música de pista. Colaborador frequente do Lindstrom, Terje já fez participação no disco “Right thoughts, right words, right action”, do Franz Ferdinand.
The War on Drugs
É uma boa oportunidade de assistir ao grupo formado por ex-integrantes da banda de apoio de Kurt Vile apresentarem ao vivo as músicas de “Lost in the dream”, lançado ano passado e presente em dezenas de listas de melhores de 2014.
Caribou
Projeto de um homem só, o canadense Dan Snaith tem ainda o Manitoba e o Daphni. Porém é mesmo com o Caribou que ele se destaca. Seu sexto disco, “Our love”, teve muita badalação em 2014, talvez pela abordagem escolhida: em vez de fazer um disco isolado do mundo, Snaith resolveu fazer um baseado em suas experiências ao vivo, produzindo o que achava que seu público iria gostar de ouvir. Deu certo.
Jamie XX
Cabeça do adorado The xx, Jamie XX também é conhecido pelos excelentes remixes, já lançou um disco de reinterpretações de “I’m new here”, do saudoso Gil Scott- Heron, e se prepara para lançar seu primeiro disco solo, “In colour”, em junho. Até agora apenas cinco músicas foram lançadas, todas muito boas. Pode ser uma boa oportunidade de conferir o resto do trabalho.
Run the Jewels
Atualmente um dos preferidos do universo hip-hop, com o disco “Run the jewels 2” também liderando muitas listas de melhores de 2014, o grupo faz um show agitado, sem banda, com apenas os dois MCs e um DJ no palco. A recente apresentação no festival SxSW em Austin, Texas, teve até invasão de palco, com um maluco tentando agredir os integrantes.
Kaytranada
Existem muitos criadores de batidas para se espreguiçar, mas poucos podem se gabar de estar colaborando com o produtor Rick Rubin, fundador da Def Jam. Prolixo produtor, Kaytranada já lançou mais de treze projetos e inúmeros remixes, além de ter trabalhado em faixas de The Internet e Kali Uchis.
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Tchequirau
Desecendo muito bem o novo disco do Cidadão Instigado. Fernando Catatau chafurdou no rock e homenageou sua cidade natal no título: “Fortaleza”. Ouça em cidadaoinstigado.bandcamp.com
Como de costume, não é uma lista de melhores discos, e sim uma lista de bons discos. Além de ser muito complicado hierarquizar músicas de estilos diferentes, tem também o fato de que é impossível ouvir tudo que sai. Fatalmente algo muito bom ficou de fora da lista, então se você notou isso, deixe dicas e puxões de orelha nos comentários.
A disputa ficou apertada com o Taylor McFerrin no quesito número de audições, porém o que “Early Riser” tem de sobra no quesito performance, “Lost In The Dream” tem no fator canções, acaba grudando mais no ouvido. A porta de entrada é “Red Eyes”, mas quando o ouvinte se dá conta já foi sugado pelas influências de Tom Petty, Bruce Springsteen, Fleetwood Mac, rock oitentista proposta por Adam Granduciel. O disco passa como num galope, deixando ouvinte atordoado e zonzo, perdido num sonho.
Uma produção bem grande, sem a preguiça de simplesmente tocar o disco mecanicamente no laptop.
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/URBe
por Bruno Natal
Cultura digital, música, urbanidades, documentários e jornalismo.
Não foi exatamente assim que começou, lá em 2003, e ainda deve mudar muito. A graça é essa.