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terça-feira

23

dezembro 2014

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Os bons discos nacionais de 2014

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Os critérios de escolha dos bons discos de 2014 continuam praticamente idênticos ao ano passado. Outra vez, acho que faltou inspiração nas bandas brasileiras, está tudo muito igual – tanto entre si quanto nas próprias bandas se repetindo. Isso acaba afetando mais o volume do que a qualidade, resultando em poucos bons disco.

Discorda? Problema nenhum. Em vez de pedradas e xingamentos, deixe dicas nos comentários.

As listas dos bons discos internacionais e de shows de 2014 já foram publicadas, só clicar.

O disco nacional de 2014:

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O Terno, “O Terno”

A molecada do O Terno tem a seu favor justamente ser uma molecada. Sem muito compromisso ou pretensão, fizeram um disco que critica justamente a cena em que estão inseridos, entortando os clichês pra gerar algo novo. Isso é o mais interessante: não é exatamente um disco que aponte algo novo, porém ao simplesmente dar um passo pro lado e ousar ir numa direção um pouco (mas nem tão) diferente das bandas da sua geração, O Terno conseguiu se destacar. Vamos ver o que encontram nesse caminho mais adiante.

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Lucas Santanna, “Sobre Noites e Dias”

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Mombojó, “Alexandre”

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Criolo, “Convoque seu Buda”

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Sants, “Noite Ilustrada”

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Alice Caymmi, “Rainha dos Raios”

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Nação Zumbi, “Nação Zumbi”

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Moreno Veloso, “Coisa Boa”

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Russo Passapusso, “Paraíso da Miragem”

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Cybass, “Altered Carbon”

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mario maria, “Abertura do Programa”

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Jam da Silva, “Nord”

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Cadu Tenório, “Cassetes”

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Dônica, “Dônica” (EP)

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De Leve, “Estalactite” (EP)

segunda-feira

28

julho 2014

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Transcultura #143: Cybass // mmrecords

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Cybass_Transcultura_OGlobo_2014

Versão não editada do texto da semana passada da “Transcultura” (coluna que publico todas as sextas no jornal O Globo) e que faltou republicar aqui:

Cybass encontra a sua própria frequência
Músico se afasta do drum’n’bass em novos EPs
por Bruno Natal

Filho legítimo da cena de drum and bass, Glauber Ribeiro Barreto, 29, o Cybass, move-se para além do estilo em seus dois primeiros EPs. O último, “Altered Carbon”, lançado mês passado consolida o trabalho de produtor, iniciado aos 14 em brincadeiras com diversos programas que aprendia em fóruns online ou montando mixtapes com montagens de funk em fitas cassete.

– Comecei a ouvir música eletrônica naquele estouro mundial, de 97 pra 98, com os clássicos da época: Prodigy, Chemical Brothers e Fatboy Slim. Quando descobri o “New Forms”, do Roni Size Reprazent, e me achei no drum and bass. O Brasil na época já tinha ótimos artistas, grandes influências, como XRS, Ramílson Maia, Drumagick e Mikrob – explica Cybass.

Dedicado ao gênero por 10 anos, o drum and bass deixou marcas profundas na discografia de Cybass. Entre os motivos de orgulho estão os lançamentos pelos ingleses Under Construction (selo dos produtores Fresh, do clássico Bad Company, e Adam F) e Vibez e a participação em uma coletânea da alemã Basswerk. Remixou “Spaced Invader”, do Hatiras, lançada em 2010 pelo selo do próprio depois que escutou no Soundcloud. E também entortou “Mr. Majestic”, dos produtores High Contrast e Calibre, de 2004, um clássico do drum and bass com samples de dub. Com o tempo, se afastou do gênero.

– Quem estragou dnb foi o próprio público, que transformou o estilo quase numa religião xiita e intolerante. Nada de fora prestava, nada fora do padrão prestava, uma briga interminável pra se manter no tal “underground”. Remixava uma faixa e vinha uma galera reclamar: “você não deveria ter mexido num clássico”. Cara, mexo no som que quiser. Se não curtir, só não dar play.

Esse foi um dos motivos de ter buscado novos caminhos. Seu primeiro EP, “”Hop It!l, foi lançado pela paulistana Beatwise Recordings, casa de outro beatmaker, Sants, o que já diz um bocado sobre as sonoridades mais climáticas e menos frenéticas propostas. “Altered Carbon”, com participações de CESRV, MJP e do próprio Sants, saiu mês passado, pela inglesa Lost Tribe Records, do produtor Ambassadeurs. Ainda que voltados mais para a construção de batidas e atmosferas do que para pistas, as linhas de grave não negam a herança dos seus anos formativos.

– Acho que “Altered Carbon” veio pra firmar o amadurecimento do meu som. Sei que a música é uma mutação constante e cada vez mais rápida, mas talvez eu tenha encontrado meu próprio estilo.

O ritmo de bons lançamentos da produção atual faz Cybass acreditar que estamos vivendo um segundo boom da música eletrônica.

– Assim como nos anos 90, tem muita gente nova aparecendo, muitos estilos diferentes. A maior vantagem é que não são apenas estilos de dance music, tem muita coisa experimental, de rua, latina, gente produzindo música pra se ouvir em casa. O público de hoje aceita música feita digitalmente, sem frescura ou saudosismo barato.

Carioca radicado em São Paulo, mesmo sem se enxergar como parte de uma cena (“só que não tem como fugir, você acaba fazendo parte de um círculo de pessoas com interesses e gostos em comum”, diz), Cybass lista diversas iniciativas alinhadas Brasil afora, como os coletivos Heavy Baile, Doom e Wobble (Rio); Metanol, Beatwise, A$$, Dirty Kidz, Sound Proof, Free Beats e Só Pedrada Musical (São Paulo); INVDRS, A Volta e Sweet Grooves (Curitiba); e Perde a Linha, Racha Piso, os DJs Lui J, Weirdo e Freeky (Brasília).

– Sei que tem gente que não gosta, mas muito se deve ao trap, o filho bastardo do bass, que chegou trazendo o rap de uma forma descontraída e dançante. Já era o som que levantava a galera aqui em SP em 2012. Levou um tempinho pra ficar mais pop e “Harlem Shake”, do Baauer, deu o empurrão que faltava e foram surgindo vários artistas usando essa fórmula.

Ainda que fale em fórmula e na questão das cópias mal feitas, Cybass defende o trap e sua atual onipresença nas pistas de dança. Uma ditadura do trap para alguns.

– Talvez quem ache isso não consiga definir o que é influência do trap, ou mesmo o que é trap. Muita coisa variou do estilo, mas o trap continuou a mesma coisa. Aqui em São Paulo já não ouço tanto assim. Em algumas festas ainda é o que faz pista, mas não é uma regra. Tenho visto um crescimento de outros estilos, que são muito bem aceitos.

Tchequirau

mmrecords

Para comemorar seus 25 anos de existência, um dos mais tradicionais selos independentes do Brasil, o midsummer madness, reformulou seu site, www.mmrecords.com.br. Fundado como um zine por Rodrigo Lariú, o mm reorganizou as centenas de lançamentos exclusivos, nacionais e internacionais.

segunda-feira

5

maio 2014

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Transcultura #137: Manara // Naofo.de

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Manara_Transcultura_OGlobo_2014

Versão integral e sem edição do texto de março da “Transcultura” (coluna que publico todas as sextas no jornal O Globo) e esqueci de republicar aqui:

Os vários caminhos de Manara
por Bruno Natal

Com sua estréia, “Ihnteractions”, o carioca Pedro Manara, 21, foi logo colocado na prateleira techno. Ele próprio diz que não consegue se definir apenas em um estilo e uma audição atenta do disco comprova isso. As batidas 4×4 estão presentes, mas o ritmo quebradosda faixa título que abre o disco, as frequências de grave assombrosas do encerramento com “Man, Mytho”, passando por samples irreconhecíveis de Bjork, Mary J. Blige e Little Dragon, um clima espacial e sombrio mostra que outros caminhos trouxeram Manara até aqui.

– Quem ouve meus DJ sets não acredita que é o mesmo produtor do álbum e vice-versa. Não preciso estar em um só quadrado. A linguagem musical é sem limites – diz Manara.

“Ihnteractions” é o primeiro lançamento do seu próprio selo, Domina, que toca em parceria com Marcelo Mudou. O próximo será “Colorine”, do Kinkid. O Domina conta ainda com Gorilla Brutality e otimoKarater, todos do Rio. Este mês o selo fará uma residência no Comuna durante quatro fins de semana.

– O retorno está sendo legal, estamos nos organizando pra fazer esses lançamentos em formato físico. Já temos também um sub selo no forno, porque a necessidade de saída de material é grande e um selo com um conceito definido como a Domina não comporta – conta ele.

Na página do Domina ele é definido como “um selo que presta atenção no tipo de música que combine com a chuva, com os dias nublados. Nossa influência vem do techno, mas não como forma de restrição”. Entre as influências pessoais, Manara cita compositores do leste europeu e um brasileiro de peso.

– Me inspiro em minimalistas, como Arvo Pärt e Alexander Knaifel, e em Naná Vasconcelos. Tudo que você escuta no meu álbum sempre é eco de minhas influências.

Para Manara, suas reações sonoras são uma resposta ao que ouvia nas pistas. O “jovem revoltado”, como ele próprio se intitula, não aceitava que apenas a mesma linguagem sonora e timbres tivessem espaço. O techno foi apenas a melhor resposta que encontrou.

– É engraçado como acontece essa relação entre expressão pessoal e rótulo no meio da música. Já não tenho a mesma relação com o ambiente externo, a necessidade de desafiar não é a prioridade. O entendimento de que o techno não é só uma timbragem especifica, mas também uma forma de encarar o arranjo da musica 4/4, muda tudo.

Manara diz que não se sente sozinho e produtores que tem começado a se destacar, formando uma cena.

– É inegável a existência de uma cena de produtores no Rio e no Brasil. Tem quem fomente o bonde, como o Chico Dub, e também uns caras como o Carrot Green, Ney Faustini, Sants, Casanova, de Porto Alegre, e L_Cio, de São Paulo. Essa semana haverá o primeiro lançamento do selo Cana, do Pedro Fontes (Wobble), Bruno Queiroz (Manie Dansante), Flavia Machado (Klang) e Marcelo Mudou. Está todo mundo a mil. Há uns anos via alguma dificuldade, hoje só não faz quem tem medo.

E Manara já se prepara para vôos mais distantes.

– Vou viajar para Europa e passo três meses fora, com algumas boas apresentações em vista. Vai ser uma boa porta de entrada e um bom tempo de estudo de pista de dança.

Tchequirau

naofode

O Naofo.de é um um encurtador de links que serva para compartilhar artigos e discutir assuntos sem dar moral para aquele autor que não merece nenhum clique de audiência. Ideal para colunistas de revistas semanais bizarras.

segunda-feira

20

maio 2013

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Transcultura #113: Sants // ET

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Versão extendida do meu texto na da semana passada da “Transcultura”, coluna que publico todas as sextas no jornal O Globo:

Um DJ na linha de frente da cultura bass
Festa Kick Boom comemora o primeiro aniversário no Fosfobox com a presença do produtor paulista Sants
por Bruno Natal

Completando um ano de existência, a festa Kick Boom, dos residentes Cybass e SkullB, traz o DJ Sants direto de Jundiaí pra tocar na comemoração, no próximo dia 23 de maio, no Fosfobox. Com apenas 20 anos, Sants é apontado como um dos novos nomes da cena bass brasileira.

— Comecei a produzir por volta de 2007, tocando em festas de garagem, na zona leste de São Paulo e na Bahia também, onde rolava drum and bass — conta Diego Augusto dos Santos, nome verdadeiro do DJ Sants. — Logo comecei a produzir e pessoas como o Chico Correa foram essenciais no processo de reflexão de como queria me apresentar. Ele foi um dos primeiros caras quue vi usando um computador com mesa de efeito e sequenciadores numa apresentação ao vivo.

Suas produções refletem a fase de drum and bass, o período em que caiu dentro do ghettotech e a atual, em que está ouvindo coisas mais introspectivas, com menos sintetizadores e mais groove e melodia. Seu EP de estreia, “Soundies”, foi difundido por blogues e aproximou Sants de nomes estabelecidos na cena, como Apavoramento e Wobble no Rio e a Metanol.FM em São Paulo.

— Esse tipo de retorno é o mais prazeroso porque em nenhum momento eu fiz isso buscando agradar ou ser hype. A parada rolou muito na brincadeira, no meu quarto, regurgitando aquilo que ouvia o dia inteiro, misturado com as minhas referências de adolescência. E as pessoas enxergaram o que eu quero dizer, então é significativo.

Seu som tem se espalhado também pelas músicas dos outros, através de convites par produzir faixas com outros artistas, como o misterioso rapper carioca Reverendo e o Bonde do Rolê.

— Não produzi com muitas pessoas que não sejam próximas ou com as quais não tenha ao menos referências e gostos em comum. Tenho curiosidade de sair dessa gama por um tempo, trampar com gente que não faz idéia do que é bpm, loop, sidechain. Muitas vezes a gente acaba colocando esses termos técnicos na frente do groove sem nem perceber.

Fã do hardcore continuum ao ponto de dizer ter ouvido o catálogo da Hyperdub inteiro, ghettotech, kuduro, moombahton, zouk, Sants diz que hoje está em busca do groove. nos lançamentos da Soulection e da HW&W. Ao vivo ele se apresenta com laptop e uma controladora.

— Já sampleei Deodato, Hugh Maseketa, Hiroshi & Claudia, Darondo, Oddisee, Lonnie Liston Smith, Novos Crioulos, Red Hot Chili Peppers, Mercury Program, Cassiano, Sadakazu Tabata & Avantgarde10, Yma Sumac, Eddie Harris, a lista é longa. O que mais importa no sample para mim é a minha ligação com ele, sempre. Normalmente está ligado aos momentos que a gente passa ouvindo essas músicas e ao que acontece durante esse período, seu cérebro acaba fazendo essa bendita ligação cognitiva entre o sample e aquela época.

É justamente esse aspecto pessoal, acredita Sants, que tem chamado atenção nas suas músicas.

—Minhas composições brincam, não são expressões muito sérias ou fanfarronas, são apenas momentos, fotografias, reflexo daquilo que eu entendo sobre mundo até agora. Não sou culto, erudito. Nunca fui o cara que lia Bukowski ou curtia Tecnotic quando ninguém nem sabia o que era. Peguei a fase média desses gêneros: o dubstep na época do Burial, o drum and bass do Marky. A mesma coisa se aplica aos meus gostos pessoais: não curto coisas muito indigeríveis ou subjetivas, por mais belas que elas sejam, vai soar redundante na minha visão. Tem que existir um apelo de imagem, algo que você consiga criar um laço, uma identificação forte.

Sants enquadra suas referências pessoais como algo geracional, parte de uma espécie de consciente coletivo.

—Minha geração não cresceu convivendo entre grupos sociais. Até os 16 anos a gente só sabia ver TV, jogar videogame e usar a internet. Isso acabou sendo o nosso maior espelho cultural. Saímos dessa esfera e começamos a lidar com o mundo extra-cibernético. Quando o caminho inverso ocorre, não há deslumbre ou supresa. Todos viveram as mesmas coisas na internet. Todo mundo jogou Tony Hawk Pro Skater quando tinha entre 10 e 14 anos e na mesma época pegou gosto por coisas muito similares as minhas, musicalmente falando. Você vai percebendo parâmetros se repetindo, até chegar ao que a gente tem hoje.

Tchequirau

O ex-ministro da defesa do Canadá mandou a letra: existe ao menos quatro tipos diferentes de extra-terrestres vivendo entre nós, ao menos dois trabalhando com o governo dos EUA. Eis que todos filmes de ET hollywoodianos possam na realidade se tratar de documentários.