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quinta-feira

27

junho 2013

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Os protestos pelo Brasil no The Colbert Report

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Faz pensar se os brasileiros aguentariam a pilha diária de um programa desses. Sim, porque o The Daily Show e o The Colbert Report espinafram os EUA todos os dias bem mais do que se vê nesse vídeo sobre o Brasil.

http://youtu.be/FiM5vodOZmw

sexta-feira

21

junho 2013

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300 mil no Centro do Rio: o caldo entornou e isso não é bom #meus20centavos

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Passeata é algo desorientador, é muito fácil se deixar levar pelo fluxo, tanto literalmente, quanto intelectualmente. Nesse contexto, o trajeto escolhido já é um posicionamento político.

Cheguei na Av. Presidente Vargas pela Cidade Nova, em frente a prefeitura, e que vi era uma praça de guerra montada aguardando os manifestantes: cavalaria, choque, carros de polícia. Não tinha como dar certo, o confronto estava preparado, apenas aguardando para acontecer. Estava anunciado.

300 mil pessoas nas ruas (eram muito mais?) temperadas com uma boa dose de ingenuidade dão liga pra muita coisa ruim. Andando na contra-mão da passeata, vi jovens com a blusa na cara saindo na porrada com outros jovens com bandeiras, cartazes rasos e gente tomando cerveja curtindo o momento.

A atmosfera era tensa e toda hora pipocava uma correria. Não se via policiais no meio da multidão para ajudar a organizar minimamente (porque de um jeito ou de outro isso continua sendo o trabalho da polícia).

O que mais espantava eram os carros de som e, principalmente, as reações às vozes berrando no microfone. “Fora Dilma!”, “Abaixo a PEC 37!”, “Dudu, vai tomar no cu”, “Tomar no cu, Cabral!” eram comemorados de maneira inconsequente, como se tudo fosse uma grande festa, sem analisar os significados e implicações daquilo. Fossem os gritos “Quem sabe o que é PEC 37?” e a reação poderia ter sido o silêncio.

Essas demandas vazias são muito perigosas porque escondem agendas. Você já deve ter lido por aí sobre ameaças de golpe da direita, da esquerda, dos militares, no momento todas leituras são possíveis. Os quebra-quebras são apenas a parte visível disso. O Chris compilou os piores momentos da ronda policial fascista pelo Centro, Lapa e Laranjeiras após os protestos no Resistro, confira.

É impressionante a velocidade com que esse movimento essa movimentação mudou de figura. Começou contra o aumento das passagens, virou um “quero tudo” e ontem, lamentavelmente, as coisas tomaram um rumo preocupante. Não dá pra ir pra rua e querer resolver os problemas do mundo de uma só vez. Toma tempo.

Ter foco nas reivindicações é importante para evitar que as manifestações sejam utilizadas politicamente por algum grupo específico (vide o sucesso, ainda que parcial, do Movimento Passe Livre ao ter uma meta bem clara).

Pode ser hora uma boa hora de dar uma freada, as passeatas devem diminuir de volume e isso pode ser positivo. Não para deixar de exigir mudanças, mas para para tentar entender de que maneira essas manifestações estão sendo utilizadas pelos atores políticos e pela imprensa, mudando de opinião e abordagem a todo tempo, e compreendida pela sociedade. Sem alarmismo , apenas uma pausa para reflexão.

Enquanto isso, voltarei com a programação normal por aqui. Continue acompanhando as notícias pela home d’OEsquema.

Cuidado com os discursos simplistas e listas de reivindicações escorregadias espalhadas pela rede. Leia. Respire. Pense. Pesquise. Confirme. Filtre. Pense um pouco mais. Só então publique ou compartilhe algo. Como dizem os coleguinhas, “a paranóia é a melhor amiga do jornalista” (é um ditado da profissão, não um convite para ninguém ficar paranóico).

É sempre bom desconfiar da unanimidade, a cerca de qualquer assunto. Desinformação é uma arma poderosa.

quinta-feira

20

junho 2013

8

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Os protestos no Rio (nessa quinta tem mais e é crucial) #meus20centavos

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foto: Fabio Motta/Estadão

Caraca, esse texto deu trabalho pra sair. Antes de mais nada, já aviso: não há nenhuma tentativa de explicar nada aqui. É cedo pra entender qualquer coisa com clareza ainda. O que consegui fazer foi reunir pensamentos e questionamentos surgidos nos últimos dias, principalmente durante a passeata no Centro do Rio. E não está finalizado, vou voltar, editar, corrigir, acrescentar.

A cada tentativa de sentar e escrever alguma reviravolta freava tudo. E elas não param de acontecer, a maior delas sendo a revogação do aumento das tarifas de ônibus.

Trata-se de uma bela duma manobra política, visto que o dinheiro continuará saindo do nosso bolso, mais precisamente da área da saúde, não do lucro dos empresários. Continuamos não tendo voz nos caminhos do orçamento da prefeitura. Ainda assim, uma vitória. Nosso políticos foram obrigados a nos ouvir e a agir de alguma forma, ainda que tentem proteger seus interesses. Isso também vai mudar.

Com tanto subsídio e um serviço tão pouco, talvez – prepare-se para a palavra maldita – estatizar o serviço, mesmo que temporariamente, seja uma maneira de desmanchar o cartel das empresas de ônibus. Transporte público não pode ser pautado pelo lucro, não é assim que funciona e para comprovar basta olhar a sua volta e ver o estado do que nos é oferecido. A discussão é muito maior que os R$ 0,20 até mesmo quando se fala especificamente deles.

Nessa quinta tem mais uma manifestação e essa pode ser atee mais importante do que as outras. É um momento muito delicado, de virada. Após a reviravolta no aumento é muito fácil pensar que tivemos uma conclusão, que o mais difícil já passou. Pelo contrário, está apenas começando. Agora que (re)aprendemos que podemos ser ouvidos é que terão início as grandes batalhas. Mesmo que ainda não saibamos exatamente quais são elas.

A ausência de liderança, a falta de uma agenda definida ou interlocutores, que vem sendo criticada por alguns analistas, é a maior força desse movimento, que são vários dentro de um só. Há uma grande dificuldade em compreender essa nova dinâmica, em todo espectro. Estamos aprendendo, todos nós. Não é muito diferente do que acontece na rede, ainda jovem, ainda formando significados, mudando todo dia.

Contrariando meu próprio medo (e o de tantos) de ir a manifestação e me tornar mais uma vítima da violência policial, fui ao Centro do Rio na segunda. Minha preocupação principal é que sou pai, não respondo mais apenas por mim. Mas foi exatamente pelo meu filho que fui.

A saída do metrô na Uruguaina parecia uma cena de “Tempos Modernos”, desembocando imediatamente no meio da passeata. A eletricidade no ar era perceptível, a Presidente Vargas lotada, helicópteros sobrevoando, pessoas e mais pessoas cantando, olhos cheios d’água.

O clima era tranquilo, embora todos estivessem visivelmente sensíveis aos menores movimentos, atentos a qualquer coisa que se assemelha-se a um início de confusão. De alguns prédios chovia papel picado, ligando os que estavam nas janelas com os que estavam na rua, convidando todos para descer.

A PM passou a vergonha de dizer num primeiro momento que a manifestação reunia apenas 10 mil pessoas. Uma recontagem oficial cravou em 100 mil. Devia ter muito mais. As imagens correram o mundo.

Como se sabe, as reinvidicações não eram apenas relacionadas aos R$ 0,20. Cansados de tanta coisa, ouvia-se de tudo nos gritos, cantos, nas converas, lia-se de tudo nos cartazes: de temas inócuos como “abaixo a corrupção” (e alguém é a favor, fora os corruptos?) a pedidos por melhorias na rede de saúde, transparência nos gastos da Copa, o fim da brutalidade policial e da própria PM.

A dificuldade de se definir até mesmo uma hashtag que pudesse amarrar as manifestações acontecendo em tantas cidades já sinalizava essa difusão. Muito provavelmente esses dias serão lembrados no futuro pelos 20 centavos, “os manifestos contra o aumento das passagens”, pois foi o início de tudo.

No trajeto da Presidente Vargas à Cinelândia pela Rio Branco a passeata transcorreu em paz, com os poucos policiais apenas observando a distância, sem serem vaiados e sem tentar impedir o avanço. Cabral era xingado repetidas vezes, Paes não foi (ou foi muito pouco) citado. Os gritos se alternavam basicamente entre “Vem pra rua vem”, “Se a passagem não abaixar o Rio vai parar”, “Quem não pula quer aumento”, “Sem violência”, o terror dos estádios “Sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor” e “Não tenho partido”.

A massa de pessoas era tão heterogênea quanto o próprio mural do Facebook onde os detalhes do protesto foram combinados, com todas suas certezas, diferenças, incertezas e equívocos. E entre eles estavam os que promoveram o quebra quebra na Alerj e confrontos com a polícia, respondidos com tiros de fuzil. Enfim, uma cagada fenomenal. Estavam também os que tentavam conter os ânimos e proteger os policiais.

Entre as muitas desconfianças sobre os responsáveis pelos atos de vandalismo estava a de ser obra de pessoas infiltradas na manifestação com o intuito de causar tumultos para atender a outros interesses. Se no dia anterior no entorno do Maracanã a PM desceu a borracha nos manifestantes, na segunda os poucos policiais pouco fizeram para impedir a confusão – propositalmente, segundo alguns, para gerar o pedido e a necessidade de uma intervenção mais forte numa próxima vez.

A maior parte condenou os atos de uma minoria. Ainda assim, para alguns a violência é um preço a se pagar para conseguir atenção. Outros defendem o simbolismo dessas ações. Entretanto, se é fácil entender a relação entre revolta e bancos, é mais difícil compreender a Alerj como alvo. E tem também os que veem a violência como caminho e se referem ao ludismo.

Há uma semana o Facebook tornou-se monotemático e, ao contrário do que acontece quando assuntos como futebol, novela ou BBB dominam o timeline, dessa vez pouquíssima gente reclamou. Porém, se no início havia uma ilusória unidade, bastou alguns dias para que surgissem as dissidências. Pessoas criticando a maneira dos outros se manifestarem, disputas ideológica e até mesmo de que foco isso tudo deveria ser. O debate é saudável, desde que se lembre que a distância para censura de outras idéias é um pulo. Diversidade de pensamento é o fardo e alívio do que estamos assistindo.

A ficha tá caindo, há de se ter paciência. Para o bem e para o mal, a vida longe do teclado não se move na mesma velocidade que as redes digitais. É importante encontrar os próximos passos e para isso é fundamental que não nos percamos em nós mesmos e saibamos respeitar as diferenças. Não podemos ficar olhando manifestantes expulsando repórter de uma passeata (e isso porque era o Caco Barcellos) nem a polícia atirando na imprensa..

Nessa batalha de significados, o que não vai faltar é grupos e pessoas tentando se apropriar de discursos ou criar seus próprios para atender sabe-se lá quais interesses. Nessa, mensagens rasas disfarçadas de profundas (ontem caí nessa e voltei atrás) e muitas certezas virão em nossa direção. Não caia nessa. Estamos apenas começando, não esqueça.

O caminho é longo e o processo é lento. Não pense você que o jogo está ganho ou que sua participação não será mais necessária. Haverá ainda muitas passeatas e manifestações. Nessa quinta tem mais uma e, como foi dito, o momento é crítico. Precisamos mostrar que não nos contentamos com migalhas. O recuo do aumento das passagens não pode ser um cala a boca.

Ainda tem muito, muito o que se falar. Não é?

segunda-feira

17

junho 2013

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sábado

15

junho 2013

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