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segunda-feira

22

junho 2009

20

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URBe, 6 anos: a festa

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fotos e vídeos: URBe

Um mês antes da festa, olhando a escalação fechada, bateu uma paranóia de esse ano ter misturado coisa demais. O pop do Boss in Drama com o terror do Apavoramento, os agitados Os Ritmos Digitais e o show calmo do Letuce.

Sem falar que o Cine Glória é tão novo que as pessoas mal sabem onde fica. Ou não desconfiam que embaixo da cabeça do Getúlio, na antiga praça do Russel existe um espaço subterrâneo, com cinema e bar. Pra muita gente a ilustração da filipeta (feita pela Arterial) só deve ter feito sentido uma vez lá.

Porém bastou lembrar que é justamente a mistura o sistema nervoso central do URBe. “Tem regra não, lesque”, diria o poeta. É um saite sobre qualquer coisa que seja interessante, e disso a festa estava abarrotada.

E exatametne por isso a festa deu muito certo, sem dúvidas a melhor edição até aqui. Mais de 500 pessoas passaram pela festa e, com a casa lotada, as três horas da manhã ainda havia uma fila gigante de pessoas aguardando, no esquema sai-um-entra-um.

Foi uma pena ver tantos amigos e colaboradores ficarem de fora. Quem esteve do lado de dentro viu uma bela festa.


A instalação da L’Phant

Se tudo deu certo no final, o começo foi caótico. Um festival de lambanças quase botou tudo a perder. A passagem de som estava marcada para as 21h, mas as 21h40 ainda havia uma sessão rolando no cinema, o que atrasou tudo.

Fosse só esse o problema, tudo bem. O lance foi que as três listas de equipamento solicitadas pela atração enviada com antecedência para produção da Matriz (responsável pela casa) foram solenemente ignoradas. Faltando uma hora pra hora marcada pra festa começar, não tinha sub-woofer ou mesmo cabos para ligar os equipamentos na casa!

Por sorte, se ninguém trabalha no escritório, a galera do pesado deu um gás absurdo e conseguimos colocar tudo em pé, minimizando o atraso para 40 minutos — o que é pésssimo e pelo o qual peço desculpas.

Fica o MUITO obrigado ao Pedro Seiler (que esse ano produziu a festa comigo), João Brasil emprestando equipamentos, a Ana e ao Leandro (da Matriz), ao Flavio (chamado na última hora pra resolver galhos), a rapaziada que montou o som e aos funcionários do CIne Glória. Vocês salvaram a festa.

E chega de pitanga que eu prometi que só escreveria um parágrafo sobre isso e já passei da conta.


Projeção da L’Phante na nuca do Getúlio

Montada na entrada, do lado de fora, a exposição da L’Phante pode ser visitada até por aqueles que não conseguiram entrar na festa. Antonio Bokel e Peu Mello montaram uma instalação, composta por um casinha de madeira repleta de trabalhos de novos artistas e uma projeção de fotos.

O espaço fez sucesso e ficou cheio a noite toda. Enquanto em Londres a equipe de remoção de pichações tem aula para reconhecer um Banksy e não fazer besteira, por aqui a Guarda Municipal não entendeu o espírito da coisa e ameaçou remover o “barraco” algumas vezes. Conquistar o respeito e entendimento dos trabalhos de novos artistas é um dos principais objetivos da L’Phante.

A casinha é um aperitivo do que vem por aí. O saite está no ar, a revista impressa é o próximo passo, finalizando com uma galeria para poder expor os trabalhos de maneira permanente.


Lettuce

Marcado para as 23h, o show do Letuce começou pouco depois da meia-noite. A princípio o horário preocupou, pois as músicas da banda são calmas e a apresentação no cinema, com o público assistindo sentado. Pra mim, depois de tanta confusão, foi até bom dar uma parada pra respirar.

A carismática Letícia Novaes e parceiro e namorado Lucas Vasconcellos, acompanhados por uma boa banda, resolveram a questão. A decoração com luzes e as trocas de olhares e carícias dos dois no palco foram dando o clima.


LETTUCE

O LETTUCE é uma declaração de amor do casal feita em cima de um palco. Performática, Letícia levou a platéia no bico, lendo seus poemas, interagindo com o divertido telão, apagando as luzes e atuando em frente a uma luz negra.

Deu gosto ver a Letícia tão a vontade . Seus muitos projetos anteriores não refletiam sua criatividade com exatidão. Tentando fazer letras de uma maneira formal, as loucuras escritas e postadas em seu fotolog continuavam melhor que as bandas. Essa equação começa a ser solucionada com o LETTUCE.


Os Ritmos Digitais

Acabado o show, o trio responsável pela festa Os Ritmos Digitais abriu a pista e imediatamente o lugar começou a sacudir. Variando entre 20 e 22 anos, os rapazes tem feito os sets mais bacana que tenho escutado pelo Rio em bastante tempo.

Sem se prender a nenhum gênero, tocam de baile funk a disco music, de remixes da vez a clássicos da música eletrônica — o que não exclusividade deles. O diferencial aqui, como em tudo que presta, é o bom gosto e a capacidade de contextualizar as músicas sem que fique parecendo um balaio de gato.


Milos, Salim e Yugo: Os Ritmos Digitais

É característica dessa geração, que já cresceu na internet. Tem gente que chama de geração DDA, prefiro ver como pessoas que tem capacidade de enxergar em 360 graus. Gente boas demais, Millos Kaiser, Rafael Salim e Yugo são a ponta de uma turma que inclui cineastas, fotógrafos e designers. Todos começando, sim, mas bastante promissores.

Com a pista do jeito que ia, deu trabalho tirar os três dos toca-discos. Vinda de longe, a atração seguinte estava seca pra tocar e já montava os equipamentos.


Boss in Drama

O paranaense Péricles Martins vem chamando atenção com suas produções pop há algum tempo. Recentemente foi citado por Justin Timberlake em seu blogue, com direito até a vídeo do hit “My Favourite Song”. O momento é do Boss in Drama.


Boss in Drama: a pista pega fogo

Péricles já havia tocado por aqui duas vezes, ambas no Dama de Ferro, uma como DJ e outra com o rascunho do seu projeto ao vivo. Essa foi a primeira apresentação oficial do Boss in Drama no Rio e, como pedia a ocasião, ele veio com tudo.

Além do laptop e dos controladores Midi, Péricles canta ao vivo, toca baixo e o também o zaralho, jogando confete, spray de espuma, estourando serpentinas, acendendo velas faíscantes e passando boa parte do set dançando no meio da pista.

O som funkeado, dançante e pop agradou em cheio, sobretudo as meninas, soltando as cinturinhas. Devido as mudanças de horário, coube a mim a ingrata tarefa de tocar em seguida.


Bruno Natal

O aniversário do URBe tem um elemento mágico, que faz com que tudo dê certo. Como tenho tocado mais com os parceiros da CALZONE na própria festa ou em eventos com dois ou três deles junto, fazia tempo que não tocava tanto tempo.


A pista

Ando meio cansado desses sets de revezamento, porque não dá tempo de evoluir muito. Dessa vez, com tempo, lembrei inclusive que sei mixar. Há bastante tempo não saia das carrapetas tão satisfeito. Como em uma hora ninguém veio pedir nenhuma música, imagino que a pista se agradou também.


Apavoramento Sound System

O gran finale da noite ficou por conta do Apavoramento Sound System, parceiros de longa data e sempre presentes nas celebrações do saite. Integrantes do ASS já tocaram com seus diversos projetos paralelos em várias festas.

Dessa vez eles vieram com o projeto oficial, o live mais aterrorizante do planeta. Só faltou o DJ Nepal, tocando em outra festa, mas fora ele, o ASS veio com tudo: dançarinas, MC, telão, o kit completo.


Blunt e John Woo aka Juan Wooles

Infelizmente, o ASS foi o mais prejudicado com os problemas de produção da festa. Tocando dentro do cinema sem um PA de apoio decente, o som não saiu com a pressão de costume, e também não estava sendo reproduzido na pista de dança.

Isso atrapalhou um pouco o começo da apresentação, mas rapidamente as pessoas perceberam que era pra entrar na sala e o baile começou.

Foi uma espécie de ensaio aberto do novo show do grupo. De dentro da cabine de projeção, John Woo e Blunt comandavam o telão e os graves, enquanto no palco o MC Neurose e as dançarinas faziam a frente, interagindo com a platéia.

O set foi curto (e encurtado pelos próprios), então logo depois a festa foi entregue novametne aos Ritmos Digitias. As 4 e blau eles começaram tudo outra vez, enchendo a pista e dando continuidade a festa, que foi até, veja só que emblemático, as 6h.


Isabel entrevista Woo

Pra quem perdeu, há ainda uma chance de ao menos ver como foi. A equipe do programa “Bastidores” do Multishow, apresentado pela Isabel Wilker, passou por lá pra fazer uma matéria, entrevistando os artistas e contando um pouco da história da festa. Quando for ao ar eu aviso.

Do lado de cá, em meio a correria e diversão, tirei poucas fotos e, obedecendo ao ditado “casa de ferreiro, espeto de pau”, mais uma vez não produzi um vídeo decente da festa. Seis festas, sei lá quantas atrações e pouquíssimos registros oficiais. Péssima visão comercial…

Tudo certo, o intuito não é mesmo esse. Quem estava lá curtiu, vai lembrar e contar para os amigos. Como sabemos, o que vale é o boca-a-boca. E ano que vem tem mais.

quarta-feira

17

junho 2009

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5 Perguntas – Os Ritmos Digitais

Written by , Posted in Urbanidades

A rapaziada da festa Os Ritmos Digitais mistura sons dançantes de todas as épocas, com um certo apreço pelas novidades. Reunindo alguns dos DJs mais legais da nova geração, o trio central da festa está chegando devagarinho e fazendo barulho. Por e-mail, Millos, Hugo e Salim falaram da festa e de como as coisas tem acontecido.

*** PROMO: De onde você acessa o URBe (casa, trabalho)? A sétima pessoa a responder nos comentários leva um par de ingressos para festa (lembrando que os comentários só serão publicados no final do dia, então é na sorte mesmo).

O que toca na Ritmos Digitais e como surgiu a festa, quem frequenta, etc?

Millos – Tocamos sons retrôs, “os remixes mais bombados da última semana”, versões alternativas de clássicos. Quase tudo com um fundo eletrônico. Fizemos a festa porque estávamos a fim de tocar. O público costuma ser bem eclético, o que acho ótimo.

Hugo – Pergunta difícil. A idéia era trazer uma noite antenada em sons interessantes, novos ou velhos, que têm reverberado pelos ouvidos mais ligados.

Salim – Acho super vago dizer “tocamos de tudo”. Não que isso seja mentira, mas a ideia foi sempre tocarmos o que fosse bom para dançar. Música em festa tem que ser para divertir. Dá pra tocar muita música que não tem sentido nenhum até ser colocada junto com outra.

Quem faz Os Ritmos Digitais?

Millos Millos Kaiser, 22, formando em jornalismo, de malas prontas para se mudar para São Paulo e fã de Talking Heads.

Hugo – Começamos a tocar faz menos de dois anos, o que nos coloca como novos na “cena” (não sei se existe uma, mas gosto de pensar que sim). Alteregos: Millos é jornalista (escreve pra alguns cantos bacanas), Rafael Salim é fotógrafo e cineasta e Yugo (Hugo) é editor de imagem.

Salim – Somos três grandes amigos e festeiros de primeira. Com alguns gostos em comum como, por exemplo, a música. Rola uma afinidade muito bacana, mas cada um tem também gosto musical e sua vida secreta diária.

Se ser DJ não é a ocupação principal de vocês, como isso entrou na vida de vocês?

Millos – Não é a ocupação principal, mas é uma delas. Comecei a tocar na W, tocando com um mixer e dois aparelhos de DVD. Só toquei 80`s e toda hora alguém vinha reclamar do que eu tocava. Acho estranho ler “DJ” antes do meu nome, mas acho que não tem outro nome para isso que venho fazendo.

Hugo – É hobby, mas é difícil dizer até onde sou mais Yugo que Hugo. “Yugo” é na verdade um carrinho parecido com uma Fiat 147, que bombou nos EUA em 1985 (ano em que nasci), porque era bonitinho e barato. Mas ordinário. Virou febre na época. Gostei da idéia e, como muitos amigos me chamavam de “You, Go!” de brincadeira, achei que colava. Mas respondendo mais diretamente, eu queria ser DJ desde meus 12 anos, quando contratei um pra minha festinha de aniversário. Acho que é o que faço melhor, então quero fazer pra vida toda.

Salim – Começou com a W, há mais ou menos uns 2 anos. Tudo tomou uma proporção muito maior quase sem querer. Tanto a festa quanto a ‘brincadeira’ de tocar. Pra ser sincero sempre tive um pouco de dificuldade de me considerar DJ. Primeiro por justamente não encarar como profissão, já que trabalho com outras coisas, e também por ter um monte de gente boa por aí. Hoje é um pouco inevitável não me considerar DJ, estamos tocando quase todo final de semana. Também não existe um manual do que é ser um DJ ou não. Enfim, parei de dar bola pra isso também. Ser DJ não me impede de ser outras coisas e vice-versa. Sem contar que adoro tocar.


Vídeo da derradeira festa W

Essa é a primeira festa que vocês organizam?

Hugo – A gente fazia a W. Começou como uma festinha no play do meu prédio pra 150 pessoas, apareceram 300, ficou sério e fizemos outras (só que em lugares alugados, pra não receber outra multa do condomínio). Foram seis edições, a última com 900 pessoas. Depois ficou parecendo choppada. (a bebida era liberada, o que foi legal no início, mas ruim depois) e perdeu o sentido.

Salim – Começamos com a W, que foi super legal. Lá que começamos com essa história de DJ, de produzir, pensar em divulgação, conceito. Nesta, fizemos uma festa só para produzir esse video e um ensaio fotográfico. Depois, os três resolveram se juntar e fizemos a Festa, no segundo andar do Hipódromo, praticamente só para amigos. Foram umas 300 pessoas.

Como anda a noite carioca pra galera que está começando?

Millos – Ficamos mal acostumados com a W, que ficava sempre entupida. Hoje tem muito mais festa, mas isso não significa que há uma “cultura de noite” forte por aqui. O carioca é meio preguiçoso musicalmente, prefere sair e escutar o que já conhece. A CALZONE tinha [N.E. – tinha não, TEM, a festa continua] essa coisa de mesclar farofa com coisas mais underground que é bem a cara da Ritmos. A Combo tinha sempre bons line-ups e, agora, a Moist, também no 69, vem fazendo a mesma coisa.

Hugo – DJs hoje em dia chamam pessoas para festas. Não sei se isso rolava, tenho a impressão que não. O difícil é encontrar seu público, mas aos poucos ele aparece. Acho que tenho um lado a e um lado b, dependendo de onde toco. Um mais pop e o outro mais pro fidget house. Gosto também de misturar quando dá. Na Ritmos dá porque é nossa casa.

Salim – Acho complicado, mas acredito que está melhorando. Hoje todo mundo faz festa e isso ajuda. Aqui classificam como noite de rock ou noite de eletrônico, o que acho besteira. Por mais que tenha gente aberta a ouvir outras coisas, às vezes demora um pouco pro pessoal dar credibilidade.

sexta-feira

5

junho 2009

7

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Ninguém sabe, ninguém viu

Written by , Posted in Música, Resenhas


House of Pain vs Klezmer, FAROFF Mashup

Ontem no Pista 3, aquela caveira de burro, o FAROFF fez sua primeira apresentação áudio-visual no Rio. As cerca de 40 testemunhas presentes no local se esbaldaram com as frenética colagens do brasiliense, com destaque

Ex-integrante e fundador do Móveis Coloniais de Acaju e cursando doutorado em economia em Harvard, hoje pela manhã Faroff, ou melhor, o Leo, tinha uma reunião num banco. O sujeito é a personificação do mashup. Tudo ao mesmo tempo agora.

A bagunça foi na festa Os Ritmos Digitais, produzida por uma molecada que está mandando bem e quase ninguém está vendo. Os sets do trio são divertidos, com boas mixagens e diversificado sem ser bagunçado. Logicamente, sendo o Rio, o que é bom fica vazio.

A primeira temporada da festa foi encerrada, vamos ver se volta. Se não, anota aí: dia 20 de junho eles tocam na festa de 6 anos do URBe, no Cine Glória. Mais detalhes em breve.