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terça-feira

2

dezembro 2008

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Toque no HPP

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O Humaitá pra Peixe está organizando um concurso de bandas para tocar na edição 2009 do evento. Ainda tô pra ver um concurso de banda que revele algum artista que preste, em todo caso a iniciativa é boa.

E, olha, a safra anda tão fraquinha ultimamente que pra preencher a escalação de um festival com um mês de duração sem cair nos nomes de sempre ou repetecos, só inventando uma coisa dessas mesmo.

sexta-feira

11

janeiro 2008

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No caminho do bem

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De passagem pelo Rio, ainda que esse ano o festival esteja acontecendo em Copacabana (quebrando o trocadilho famoso), a oportunidade de comparecer ao menos a uma noite do Humaitá pra Peixe, e assim não quebrar a sequência de anos ininterruptos sempre presente, era imperdível. A escalação ajudava: Do Amor e Vanguart.

O Do Amor é a banda-paralela-que-quer-virar-principal de músicos conhecidos do circuito carioca. O baixista Ricardo Dias Gomes, o baterista Marcelo Calado (ambos tocando com Caetano hoje em dia) e os guitarristas Bubu (músico de apoio do Los Hermanos) e Benjão (ex-Carne de Segunda e o menos conhecido dos quatro) se juntaram para se divertir e tirar uma onda.

As letras divertidas, levadas de guitarra com a baianidade do axé (uma das músicas se chama “Pepeu baixou em mim”) e uma despretensão contagiante disfarçam arranjos elaborados e uma musicalidade difícil de se perceber sem prestar muita atenção. O produtor Berna Ceppas, amigo da banda, classificou o show de clássico. Muita gente não entendeu, incluindo o escriba aqui.

De Cuiabá para para o Rio, o Vanguart, ao vivo, apresenta os mesmos problemas do seu disco de estréia.

A banda é azeitada e a voz de Hélio Flanders se destaca nas ótimas canções folk. O problema é uma falta de coragem, ou estrada mesmo, para acreditar neles próprios, soltar o corrimão e andar para longe das referências.

O vocal emula demais Thom Yorke e Bob Dylan e a postura calculadamente desleixada atravanca o caminho, como a trapalhada do baixista e do guitarrista, desnecessariamente dividindo os coros no mesmo microfone e acabando por derrubar o equipamento, podem exemplificar.

Problemas pequenos para uma banda com muito potencial. Acompanhando-se no violão e na gaita, sozinho no palco, Hélio colocou o a Sala Baden Powell no bolso num dos momentos mais bacanas do show, o que não é pouca coisa.

Fica cada vez mais difícil entender o porquê da insistência nas letras em inglês e algumas em espanhol, se as feitas em português funcionam bem melhor. Mesmo porque a pronúncia (o sotaque nem é problema) não é das mais perfeitas.

Como algumas das melhores canções do grupo são justamente as que recebem as letras em idioma estrangeiro (como a cantada no momento solo de Hélio no palco), fica o palpite que talvez o Vanguart esteja almejando uma carreira internacional. O que é um desejo justo e justificaria a insistência.

Se a idéia não for essa, por favor, português, porque devem ter mais uns cinco “Semáforo”, sucesso alternativo do grupo, no meio daquelas músicas, esperando pra acontecer.

Demonstrando muita presença de espírito, o grupo encerrou o show atendendo os pedidos de “toca Raul!” com uma versão de “Medo da chuva” que de improviso não tinha nada. Era o mesmo arranjo que o Vanguart tocou no programa Som Brasil, da TV Globo, dedicado a Rauzito.

terça-feira

30

janeiro 2007

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Gran finale

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HPP 2007
fotos: Joca Vidal

E lá se foi o Humaitá pra Peixe 2007. Numa edição que sofreu os reflexos da fraca safra de novidades de 2006, o HPP mais mapeou a cena do que apresentou novos talentos, dando espaço para algumas das diversas vertentes culturais que se espalham pela cidade.

No novo formato, com shows nos finais de semana, o festival recebeu um público diferente do habitual. Não que antes, quando os shows eram às terças e quartas, fosse muito diferente, mas a ausência de gente das ditas grandes gravadoras e veículos de imprensa ficou ainda mais óbiva dessa vez. O desinteresse pelo novo chega a ser engraçado, não fosse trágico.

Quem pensava que o Brasov seria imbatível e levaria fácil o título de melhor show do HPP 2007, se enganou. O Móveis Coloniais de Acaju chegou atropelando — o que era até previsível — no final de semana de encerramento, com uma programação mais próxima da cara do festival.

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Duplexx

Na sexta, o Duplexx criou um clima de ficção científica, prejudicado por problemas técnicos no próprio equipamento. Alguns curiosos ficaram pra conferir as estranhezas eletrônicas da dupla, mas grande parte preferiu esperar do lado de fora.

Difícil dizer se foi falta de ensaio ou de proposta, mas tudo soou um tanto frouxo. A guitarra e bateria ao vivo não acrescentaram muito, ao contrário dos metais, notadamente o trombone, que ajudou a amarrar os ruídos gerados pelos sintetizadores. Timbres e programações legais apontam para um caminho que pode ser interessante, principalmente quando se souber que caminho é esse.

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Vulgue Tostoi

Ultimamente parece que toda banda extinta está voltando à ativa, por um show apenas ou para retomar a carreira. São tantas que chega a confundir. Afinal, quanto tempo uma banda precisa ficar afastada para se caracterizar uma reunião? Nessa verdadeira volta dos que não foram, o Vulgue Tostoi se apresentou no festival onde havia estado em 2000.

Jr. Tostoi tem se destacado como guitarristas de apoio de Lenine, assim como Guila, também baixista do Vulgue. Tecnicamente muito boa, a banda se perde em referências pouco disfarçadas. Dá pra ouvir um Jane’s Addicition e seu “Ritual de lo habitual” numa introdução em espanhol, AC/DC em riffs que lembram “Thunderstruck” e Mogwai, no clima soturno presente em quase todas as músicas, mesmo na pegada reggae de uma delas.

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Turbo Trio

Apesar da presença de BNegão nos vocal, o Turbo Trio, que conta também com Tejo Damasceno (Instituto) e Alexandre Basa (ex-Mamelo Sound System e produtor do disco do Black Alien), é presença rara no Rio.

Abrindo a última noite do HPP 2007, o combo provou que o lugar deles é mesmo por aqui. Misturando Miami bass, baile funk, ragga e muita pressão nos graves, por vezes lembrando o Apavoramento Sound System, o Turbo Trio começou com “Terremoto”, cuja letra dá um passo além de “Rio 40 graus”, de Fernanda Abreu: “Riô 50 graus / quem não aguenta passa mal”.

Entre as participações virtuais de Deise Tigrona e trechos de Tim Maia (“Energia racional”), o vocal agressivo de BNegão deixa pouco espaço para as excelentes bases, o que pode dificultar o sucesso do projeto nas pistas, ao mesmo tempo que pode fortalecer o trio num baile. Já passa da hora, aliás, desse intercâmbio deixar de ser de mão única e artistas influenciados pelo funk se apresentarem nos bailes, devolvendo algumas referências para o batidão.

BNegão cantou a sua “Dança do patinho”, enquanto o telão mostrava trechos de “Rize”, documentário sobre uma dança, o krump, dirigido pelo fotógrafo David Lachapelle. Um remix de “Do robô”, outra do repertório do Seletores de Frequência, teve sample de “Big in Japan”, do Alphavile. Tomara que não demore mais um ano para o Turbo Trio retornar ao Rio.

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Móveis Coloniais de Acaju

Móveis Coloniais de Acaju. Isso lá é nome de banda? Pra esse ter sido aprovado, imagina o que não ficou de fora. A falta de preocupação em soar moderninho e bacanudo, desde a decisão pelo nome da banda, é justamente o motivo do Móveis soar… bacanudo, moderninho e, sobretudo, relevante.

A desprentensão com que o Móveis Coloniais de Acaju mistura ska, samba, rock, samba-rock, sonoridades de big band dos anos 50, sem soar referencial ou respeitoso demais, é o segredo da banda. O clima de encontro de amigos (nada menos que 10!) pra tocar parece sincero, resultando num som com o frescor que se espera de todas as bandas novas.

Não foi a primeira vez dos brasilenses por aqui, ainda assim a recepção quase histérica do público foi além da melhores previsões. Sem se espantar com nada disso, os integrantes continuaram tranquilos, literalmente desviando dos confetes e serpentinas jogados pelos fãs para fazer um show histórico.

O Móveis é uma banda de palco. Embora sejam as músicas tocadas sejam as mesmas presentes no único disco gravado até hoje, “Idem”, a bolacha não consegue captar a catarse que são os shows do grupo. Será necessário um produtor muito competente pra fazer essa transposição.

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A banda toca no meio do público

Além das músicas do disco de estréia e de algumas inéditas, o Móveis ainda encontrou espaço para versões de “Glory box” (Portishead), e de “Um, dois, três, quatro” (Little Quail and the Mad Birds), crássico alternativo dos anos 90, que contou com a participação do autor, o também brasiliense Gabriel Thomaz, hoje no Autoramas.

Gabriel aproveitou para anunciar que lançará pelo seu selo, Gravadora Discos — além de um compacto do Bnegão e os Seletores de Frequência e do novo disco do Autoramas — um EP intitulado “Vai Thomaz no Acaju”, como integrante da banda.

Por falar em BNegão, o MC deve ter batido o recorde de canjas em um só HPP. Depois de subir ao palco com A Filial, Curumim e com o próprio Turbo Trio, o rapper participou da versão de “Se essa rua fosse minha”, subvertendo o refrão e cantando”Se essa rádio, se essa rádio fosse minha / Eu botava o Acaju pra tocar / Se essa rádio, se essa rádio fosse minha / Não ia ter, não ia ter nenhum jabá“.

Ainda deu tempo de tocar “Copacabana”, que era pra ter sido a última. Porém, atendendo aos pedidos não só da platéia, assim como da própria banda, a produção liberou a saideira, com “E agora, Gregório?”.

Nem precisa perguntar pro tal Gregório. O futuro do Móveis Coloniais de Acaju está bem claro.

quarta-feira

4

janeiro 2006

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Ninguém é feito de açucar

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Lasciva Lula
foto: Joca Vidal

Toda edição do Humaitá pra Peixe, pelo menos um dia é agraciado com um temporal, daqueles de alagar ruas, geralmente espantando parte do público e esfriando um pouco as apresentações. Pois bem, a profecia se cumpriu e quase tudo isso aconteceu ontem no Sergio Porto. Desabou uma água, ruas alagaram e muita gente deixou de ir aos shows do Lasciva Lula e do Carbona.

Só uma coisa não aconteceu: com cerca de metade da lotação (imagina se não tivesse chovido),a platéia continuou quente e o HPP conseguiu atravessar o segundo dia, mesmo entre chuvas e trovoadas.

Quando os cabo-frienses do Lasciva Lula abriram a noite, estava claro que bastante gente resolveu enfrentar a chuva para ouvir boa música. E o Lasciva Lula não decepcionou. O rock básico, tem pegada indie (eles são fãs do Pixies) e ao mesmo tempo pop (várias músicas tem potencial radiofônico), ainda assim sem muita firula. O diferencial são mesmo as quebras de andamento, as paradinhas e as melodias crescentes.

O vocal gritado na medida (em alguns momentos lembrando Beto Bruno, do Cachorro Grande) e as boas letras do vocalista e guitarrista Felipe Schuery , somado as levadas contagiantes tocadas por Jamil Li Causi (baixo e voz), Guga Bruno (guitarra), Marcello Cals (bateria), garantiram a boa apresentação. Com 8 anos de estrada, a banda conta com um público fiel e barulhento, ajudando o Lasciva Lula a se sentir em casa.

Depois de três EPs e sem repetir nenhuma fórmula, o Lasciva Lula se prepara para lançar seu primeiro disco cheio, com 12 músicas. Pra você ver, a banda nem tem disco e já tem um hit, “Casal de velhos”.

Os veteranos do Carbona tocaram em seguida. Com sete discos lançados e 250 shows nas costas, a banda é formada por verdadeiros operários do rock. São eles; Henrique Badke (guitarra e vocal), Melvin (baixo) e Pedro (bateria). Apenas o Melvin já tocou no Acabou la Tequila, Leela, Hill Valleys e sabe-se lá quantas outras bandas do underground carioca.

O trio agitou o Sergio Porto com seu punk rock inspirado no Ramones pra um grupo de seguidores tão fiéis quanto os do Lasciva Lula até a direção da casa mandar parar, por conta do horário.

Semana que vem tem mais, tomara que não chova. Mas se chover, deixe a preguiça de lado e não perca. Mesmo enxarcado, o HPP vale a pena. E você não é feito de açucar.