Nessa segunda passei pelo Occupy Wall Street e dei uma volta por lá para ver de perto. Impressionante o que está acontecendo aqui em Nova York. Sem saber, visitei a manifestação na última noite antes da invasão da polícia desmontar o acampamento no parque Zucotti.
“Everyone from all sides of London meet up at the heart of London (central) OXFORD CIRCUS!!, Bare SHOPS are gonna get smashed up so come get some (free stuff!!!) fuck the feds we will send them back with OUR riot! >:O Dead the ends and colour war for now so if you see a brother… SALUT! if you see a fed… SHOOT!”
Os tumultos em Londres, iniciados após a morte pela polícia de um rapaz armado, espalharam-se para além de Tottenham, estão fortes em Hackney (onde morei), Lewisham (ao lado de onde estudei) e Peckham.
Liderados por adolescente de baixa renda, chamados hoodies por andarem sempre com casacos de gorro escondendo o rosto, os eventos são reflexo do corte de verba para os centros comunitários para jovens, decisão equivocada e que deixa lições para todos, inclusive no Brasil.
A mídia foi rápida em atribuir a velocidade com que os tumultos se espalharam a redes sociais (deve haver um botão com essa frase pronta nos teclados das redações), citando bastante Twitter e Facebook. Acontece que enquanto a polícia monitorava as redes, dessa vez esses não foram os canais principais.
Ano passado estudantes protestaram nas ruas, esse ano esquentou ainda mais. As coisas andam mesmo borbulhando na Inglaterra. E a crise está só começando.
Diversos filmes, livros e contos falam de um futuro em que os humanos perderiam o papel de liderança e um mundo dominado pelas máquinas. O cenário catastrófico para o homem soa como algo distante e absurdo, restrito a ficção científica.
No entanto, há muito tempo o mundo já não é comandado por pessoas de carne, osso (e sentimentos), e sim por instituições finaceiras e empresas. As decisões são tomadas para atender as pessoas jurídicas, não as físicas. O imperdível doc “The Corporation” conta bem essa história (inteiro no YouTube, clica e vai).
É muito fácil criticar os políticos por decisões equivocadas. É igualmente válido pensar sobre o que nós, a sociedade, podemos fazer para que as mudanças desejadas aconteçam. Afinal, as consequências sofridas pelo meio-ambiente são fruto do nosso modo de vida.
Toda população, principalmente dos países desenvolvidos e em desenvolvimento, teria que estar disposta a abrir mão de confortos do dia-a-dia tidas como progresso (fala-se até em banir voos domésticos) para esse quadro mudar. Resta saber se há essa disposição individual para fazer e exigir isso, sem ser obrigado.
Sem falar que não é justo diversos países terem construído suas fortunas operando sob condições que o terceiro mundo jamais teria, seria preciso encontrar uma maneira de equilibrar essa equação. Esse é o desafio.
Cultura digital, música, urbanidades, documentários e jornalismo.
Não foi exatamente assim que começou, lá em 2003, e ainda deve mudar muito. A graça é essa.