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julho 2014

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Transcultura #143: Cybass // mmrecords

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Cybass_Transcultura_OGlobo_2014

Versão não editada do texto da semana passada da “Transcultura” (coluna que publico todas as sextas no jornal O Globo) e que faltou republicar aqui:

Cybass encontra a sua própria frequência
Músico se afasta do drum’n’bass em novos EPs
por Bruno Natal

Filho legítimo da cena de drum and bass, Glauber Ribeiro Barreto, 29, o Cybass, move-se para além do estilo em seus dois primeiros EPs. O último, “Altered Carbon”, lançado mês passado consolida o trabalho de produtor, iniciado aos 14 em brincadeiras com diversos programas que aprendia em fóruns online ou montando mixtapes com montagens de funk em fitas cassete.

– Comecei a ouvir música eletrônica naquele estouro mundial, de 97 pra 98, com os clássicos da época: Prodigy, Chemical Brothers e Fatboy Slim. Quando descobri o “New Forms”, do Roni Size Reprazent, e me achei no drum and bass. O Brasil na época já tinha ótimos artistas, grandes influências, como XRS, Ramílson Maia, Drumagick e Mikrob – explica Cybass.

Dedicado ao gênero por 10 anos, o drum and bass deixou marcas profundas na discografia de Cybass. Entre os motivos de orgulho estão os lançamentos pelos ingleses Under Construction (selo dos produtores Fresh, do clássico Bad Company, e Adam F) e Vibez e a participação em uma coletânea da alemã Basswerk. Remixou “Spaced Invader”, do Hatiras, lançada em 2010 pelo selo do próprio depois que escutou no Soundcloud. E também entortou “Mr. Majestic”, dos produtores High Contrast e Calibre, de 2004, um clássico do drum and bass com samples de dub. Com o tempo, se afastou do gênero.

– Quem estragou dnb foi o próprio público, que transformou o estilo quase numa religião xiita e intolerante. Nada de fora prestava, nada fora do padrão prestava, uma briga interminável pra se manter no tal “underground”. Remixava uma faixa e vinha uma galera reclamar: “você não deveria ter mexido num clássico”. Cara, mexo no som que quiser. Se não curtir, só não dar play.

Esse foi um dos motivos de ter buscado novos caminhos. Seu primeiro EP, “”Hop It!l, foi lançado pela paulistana Beatwise Recordings, casa de outro beatmaker, Sants, o que já diz um bocado sobre as sonoridades mais climáticas e menos frenéticas propostas. “Altered Carbon”, com participações de CESRV, MJP e do próprio Sants, saiu mês passado, pela inglesa Lost Tribe Records, do produtor Ambassadeurs. Ainda que voltados mais para a construção de batidas e atmosferas do que para pistas, as linhas de grave não negam a herança dos seus anos formativos.

– Acho que “Altered Carbon” veio pra firmar o amadurecimento do meu som. Sei que a música é uma mutação constante e cada vez mais rápida, mas talvez eu tenha encontrado meu próprio estilo.

O ritmo de bons lançamentos da produção atual faz Cybass acreditar que estamos vivendo um segundo boom da música eletrônica.

– Assim como nos anos 90, tem muita gente nova aparecendo, muitos estilos diferentes. A maior vantagem é que não são apenas estilos de dance music, tem muita coisa experimental, de rua, latina, gente produzindo música pra se ouvir em casa. O público de hoje aceita música feita digitalmente, sem frescura ou saudosismo barato.

Carioca radicado em São Paulo, mesmo sem se enxergar como parte de uma cena (“só que não tem como fugir, você acaba fazendo parte de um círculo de pessoas com interesses e gostos em comum”, diz), Cybass lista diversas iniciativas alinhadas Brasil afora, como os coletivos Heavy Baile, Doom e Wobble (Rio); Metanol, Beatwise, A$$, Dirty Kidz, Sound Proof, Free Beats e Só Pedrada Musical (São Paulo); INVDRS, A Volta e Sweet Grooves (Curitiba); e Perde a Linha, Racha Piso, os DJs Lui J, Weirdo e Freeky (Brasília).

– Sei que tem gente que não gosta, mas muito se deve ao trap, o filho bastardo do bass, que chegou trazendo o rap de uma forma descontraída e dançante. Já era o som que levantava a galera aqui em SP em 2012. Levou um tempinho pra ficar mais pop e “Harlem Shake”, do Baauer, deu o empurrão que faltava e foram surgindo vários artistas usando essa fórmula.

Ainda que fale em fórmula e na questão das cópias mal feitas, Cybass defende o trap e sua atual onipresença nas pistas de dança. Uma ditadura do trap para alguns.

– Talvez quem ache isso não consiga definir o que é influência do trap, ou mesmo o que é trap. Muita coisa variou do estilo, mas o trap continuou a mesma coisa. Aqui em São Paulo já não ouço tanto assim. Em algumas festas ainda é o que faz pista, mas não é uma regra. Tenho visto um crescimento de outros estilos, que são muito bem aceitos.

Tchequirau

mmrecords

Para comemorar seus 25 anos de existência, um dos mais tradicionais selos independentes do Brasil, o midsummer madness, reformulou seu site, www.mmrecords.com.br. Fundado como um zine por Rodrigo Lariú, o mm reorganizou as centenas de lançamentos exclusivos, nacionais e internacionais.

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janeiro 2013

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Transcultura #105: CESRV // Facecarente

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Meu texto da semana passada da “Transcultura”, coluna que publico todas as sextas no jornal O Globo, sobre a estreia do produtor CESRV no Rio:

A vez de uma outra pedrada musical
por Bruno Natal

A festa Só Pedrada Musical cresceu e, neste ano, vai sair da Comuna para o Studio RJ, onde há mais espaço para a quantidade de gente que tem acompanhado as sessões. Mas os fãs do hip-hop e do astral caseiro do sobrado de Botafogo não precisam ficar desconsolados. O DJ Tamempi preparou outra festa para continuar tocando na Comuna. É a Sound Proof, que será “voltada para sons modernos e esquisitos”, nas palavras do DJ, que dividirá os toca-discos com o também residente DJ Castro. Por “esquisito”, entenda-se hip-hop instrumental, glitch, dubstep, trap, IDM etc. A festa receberá sempre convidados, e Akin, Soul One, Psilosamples e Verkr estão na lista.

Para a primeira edição, que acontece hoje, o convidado é o produtor paulista CESRV, tocando pela primeira vez no Rio e apresentando seu novo EP, “Chances”, ao vivo. Músico fascinado por estúdios, César Pierri, 27, começou no hardcore e trabalhou com trilhas sonoras antes de montar a banda de acid jazz Grooverdose. Hoje focado nas batidas do projeto eletrônico solo, César já lançou três EPs e tem tocado nas principais festas de hip-hop de São Paulo. As misturas vêm de longe.

— O hardcore foi algo muito natural na minha adolescência, sempre tive amigos músicos, meu pai é músico. Ouvir riff pesados, paredes de guitarras, foi algo que me influenciou muito na infância — lembra César.

O produtor também não enxerga tanta distância entre o hardcore e o rap, e aposta na parte instrumental do hip-hop:

— Comecei a resgatar coisas que eu ouvia no fim dos anos 1990, começo dos 2000, como DJ Shadow, DJ Krush, RJD2 e essa onda experimental, a maioria das vezes instrumental, que alguns definem como trip-hop. É uma vertente muito mais musical do que o hip-hop comercial que domina as rádios, onde o foco está sempre no MC e nunca na música.

César não se considera apenas um produtor de hip-hop. Entre muitas outras influências, ele cita a bass music:

— Temos uma cena bem difundida de bass music, que criamos com nossas próprias mãos, como é feito no hardcore. O espírito D.I.Y. (do it yourself) continua o mesmo, os beats continuam pesados, as festas continuam sendo independentes e as pessoas continuam saindo delas com algo para pensar, então creio que ainda existe muito do hardcore nas pessoas que estão envolvidas comigo nesse novo movimento.

O próprio nome do projeto reflete isso, como se uma pancada de grave tivesse embaralhado as letras do nome do produtor.

— CESRV é um glitch do meu próprio nome, traduz toda a minha intenção de experimentar coisas não tradicionais — diz ele, que faz parte do coletivo Low Hertz Colab, que diz ser responsável por “difundir a bass music para mentes com vontade de novas possibilidades”.

Para a estreia do CESRV no Rio, César vai mixar suas faixas abertas a partir de um laptop rodando no Ableton Live, uma das opções mais utilizadas atualmente. Isso possibilita intervenções infinitas sobre o material pré-gravado. Recentemente, o EP que lançou em dezembro de 2012, “Chances”, esteve em destaque na primeira página do Bandcamp.

— Nunca pensei que um dia iria tocar minhas próprias músicas para um público tão bom quanto esse que construímos — diz ele. — Nunca achei que alguém se interessaria pelos beats que fazia por lazer, entre um trabalho e outro. Nunca achei que algum gringo fosse ouvir minha música e achá-la relevante. Sempre fiz isso por amor e diversão. O simples fato de estar conseguindo levar isso a outras mentes já é algo alucinante.

Tchequirau

“Como está se sentindo?”. É, o Facebook anda carente… facecarente.tumblr.com

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janeiro 2013

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