segunda-feira

28

janeiro 2013

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Transcultura #105: CESRV // Facecarente

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Meu texto da semana passada da “Transcultura”, coluna que publico todas as sextas no jornal O Globo, sobre a estreia do produtor CESRV no Rio:

A vez de uma outra pedrada musical
por Bruno Natal

A festa Só Pedrada Musical cresceu e, neste ano, vai sair da Comuna para o Studio RJ, onde há mais espaço para a quantidade de gente que tem acompanhado as sessões. Mas os fãs do hip-hop e do astral caseiro do sobrado de Botafogo não precisam ficar desconsolados. O DJ Tamempi preparou outra festa para continuar tocando na Comuna. É a Sound Proof, que será “voltada para sons modernos e esquisitos”, nas palavras do DJ, que dividirá os toca-discos com o também residente DJ Castro. Por “esquisito”, entenda-se hip-hop instrumental, glitch, dubstep, trap, IDM etc. A festa receberá sempre convidados, e Akin, Soul One, Psilosamples e Verkr estão na lista.

Para a primeira edição, que acontece hoje, o convidado é o produtor paulista CESRV, tocando pela primeira vez no Rio e apresentando seu novo EP, “Chances”, ao vivo. Músico fascinado por estúdios, César Pierri, 27, começou no hardcore e trabalhou com trilhas sonoras antes de montar a banda de acid jazz Grooverdose. Hoje focado nas batidas do projeto eletrônico solo, César já lançou três EPs e tem tocado nas principais festas de hip-hop de São Paulo. As misturas vêm de longe.

— O hardcore foi algo muito natural na minha adolescência, sempre tive amigos músicos, meu pai é músico. Ouvir riff pesados, paredes de guitarras, foi algo que me influenciou muito na infância — lembra César.

O produtor também não enxerga tanta distância entre o hardcore e o rap, e aposta na parte instrumental do hip-hop:

— Comecei a resgatar coisas que eu ouvia no fim dos anos 1990, começo dos 2000, como DJ Shadow, DJ Krush, RJD2 e essa onda experimental, a maioria das vezes instrumental, que alguns definem como trip-hop. É uma vertente muito mais musical do que o hip-hop comercial que domina as rádios, onde o foco está sempre no MC e nunca na música.

César não se considera apenas um produtor de hip-hop. Entre muitas outras influências, ele cita a bass music:

— Temos uma cena bem difundida de bass music, que criamos com nossas próprias mãos, como é feito no hardcore. O espírito D.I.Y. (do it yourself) continua o mesmo, os beats continuam pesados, as festas continuam sendo independentes e as pessoas continuam saindo delas com algo para pensar, então creio que ainda existe muito do hardcore nas pessoas que estão envolvidas comigo nesse novo movimento.

O próprio nome do projeto reflete isso, como se uma pancada de grave tivesse embaralhado as letras do nome do produtor.

— CESRV é um glitch do meu próprio nome, traduz toda a minha intenção de experimentar coisas não tradicionais — diz ele, que faz parte do coletivo Low Hertz Colab, que diz ser responsável por “difundir a bass music para mentes com vontade de novas possibilidades”.

Para a estreia do CESRV no Rio, César vai mixar suas faixas abertas a partir de um laptop rodando no Ableton Live, uma das opções mais utilizadas atualmente. Isso possibilita intervenções infinitas sobre o material pré-gravado. Recentemente, o EP que lançou em dezembro de 2012, “Chances”, esteve em destaque na primeira página do Bandcamp.

— Nunca pensei que um dia iria tocar minhas próprias músicas para um público tão bom quanto esse que construímos — diz ele. — Nunca achei que alguém se interessaria pelos beats que fazia por lazer, entre um trabalho e outro. Nunca achei que algum gringo fosse ouvir minha música e achá-la relevante. Sempre fiz isso por amor e diversão. O simples fato de estar conseguindo levar isso a outras mentes já é algo alucinante.

Tchequirau

“Como está se sentindo?”. É, o Facebook anda carente… facecarente.tumblr.com

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