Os 5 melhores discos de 2007 – Gringolândia
Written by urbe, Posted in Uncategorized
Dezembro chegou, 2008 bate a porta, hora de eleger os melhores do ano.
Além de listas não serem o forte do URBe (nunca lembro exatamente o que saiu e todo ano digo que vou manter anotações que nunca faço), 2007 foi magro de bons lançamentos.
Por isso, para simplificar, serão duas listas curtas: os 5 melhores discos nacionais e os 5 melhores internacionais, começando pelos importados, aproveitando exatamente a seleção feita a pedido de uma revista.
Com os comentários novamente funcionando, o espaço está aberto para sugestões, acréscimos e as eventuais reclamações.
Amanhã a lista dos brasileiros.
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M.I.A., “Kala” (XL)
Ninguém apostava muito na continuidade do trabalho da M.I.A., principalmente no Brasil, após o fiasco de sua apresentação no TIM Fest e de ter seu trabalho classificado com mero pastiche do baile funk. Não é.
Em seu segundo disco, batizado com o nome da mãe, “Kala” (o primeiro homenageava o pai, “Arular”), M.I.A. contou com Switch na co-produção de 9 das 12 faixas, além de Diplo em outras duas. O ex-Deus do hip hop underground, Timbaland, assina outra, a pior do disco, “Come around”, no estilo fanfarrão que o tornou conhecido mundialmente.
A delicada (até onde M.I.A. se permite ser) “Paper planes”, com samples de “Straight to hell” (The Clash), subvertem os ruídos de “Money” (Pink Floyd), intercalando o som da caixa registradora com tiros de escopeta e o tilintar de moedas caindo. Em “$20 dollar” (referência a “10 dollar”, do primeiro disco), ela cita “Where is my mind” (Pixies) no refrão.
Ao explorar – e principalmente, cruzar – batidas terceiro mundistas, M.I.A. consegue criar fusões interessantes, encontros improváveis (será?) entre banghra, baile funk, kuduro, grime e o que mais for torto ou parte de alguma sub-cultura. E você só precisa dançar.
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Radiohead, “In Rainbows” (XL)
“In rainbows” entrará para história como “o disco gratuito do Radiohead”. Quanta injustiça. O disco é bem maior que o factóide criado ao seu redor pela discutível atitude “fura-greve” dos ingleses de deixarem o consumidor decidir quanto quer pagar pelo trabalho.
Simples e minimalista se comparado com trabalhos anteriores, como todo bom disco do Radiohead, “In rainbows” desce devagar.
Começa amargo, até o doce de canções como “15 step”, “Nude” e “Weird Fishes/Arpeggi” se espalhar pelo resto das músicas e você se flagrar, ao final de “Videotape”, querendo ouvir tudo outra vez.
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Justice, “†” (Ed Banger)
Vá lá, “†” não segue exatamente o conceito de um álbum, soando mais como uma coleção de singles, é verdade. Mas que singles!
A estréia dos franceses flui como um disco de “greatest hits”, o que não deixa de estar em sintonia com o mercado atual, em que cada música é vendida, distribuída ou, na maior parte dos casos, baixada, individualmente.
A dupla, porém, teve o bom senso de deixar de fora o remix do Simian, “We are your friends”, que os catapultou para fama, o que conta ainda mais pontos a favor.
Não é apenas no formato que o Justice é contemporâneo. O conteúdo é igualmente moderno. Ruídos, sons de erros de computador e distorções são organizados como uma sinfonia digital, barulhenta como a conexão de um modem antigo. O som do agora.
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LCD Soundsystem, “Sound of silver” (DFA)
James Murphy cometeu um discaço, já nascido com um clássico, “All my friends”. Na chuva de bandas fazendo o tal disco-punk na esteira do sucesso do LCD Soundsystem, sobrou o sujeito que iniciou o revival e seus filhotes do The Rapture. Porque quantidade, definitivamente, não é sinônimo de qualidade.
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Burial, “Untrue” (Hyperdub)
Burial é um produtor sem rosto. Ninguém sabe quem ele é ou como ele se parece. E ele faz questão de manter as coisas assim, o foco é a música. Seu segundo disco, “Untrue”, conseguiu superar as altas expectativas geradas por seu primeiro e homônimo lançamento. Two-step, garage e, envelopando tudo, dubstep, recortados por vocais de R&B totalmente dilacerados, esticados para caber no tempo, perdidos entre ruídos editados e flutuando no espaço.
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Bônus:
Digitalism, “Idealism” (Virgin)
“Zdarlight”, “Pogo”, “Digitalism in Cairo” e “Jupiter room” são justificativas o suficiente para a estréia do Digitalism figurar em qualquer lista. Nem que seja no bônus.
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+ Dicas dos leitores:
João Brasil:
Chromeo, “Fancy footwork”
Pedro Seiler:
Arctic Monkeys, “Favourite worst nightmare”
Mark Ronson, “Versions”
Christiano:
Patti Smith, “Twelve”
Deerhunter, “Cryptograms”
Akron/ Family, “Love is simple”
Liars, “idem”
Dntel, “Dumb luck”
Rodrigo:
Battles, “Mirrored”
Dan Deacon, “Spiderman of the Rings”
Ricardo Villalobos, “Fabric 36”
Jens Lekman, “Night Falls Over Kortedala”
Panda Bear , “Person Pitch”
Best Fwends, “Alphabetically Arranged”
Rodion, “Romantic Jet Dance”
Caribou, “Andorra”
Elektrons, “Red Light, Don’t Stop”
Carlos:
The Bamboos, “Raw ville”
Antibalas, “Security”
The Eternals, “Heavy international”
Rodrigo Hermann:
Arcade Fire, “Neon Bible”
The Good, The Bad & The Queen, “TGTB&TQ”
Wilco, “Sky blue sky”