O homem e a máquina
Written by urbe, Posted in Resenhas
A apresentação de ontem do brasiliense Marcelo de Jesus, o Nego Moçambique, no Fosfobox, foi mais uma prova do estrago que uma sacola lotada de samples e bases pré-programadas pode causar.
Não se tratava de um DJ set, tampouco de um live pa ultra elaborado com uma banda de apoio. O esquema é reduzido. Ele se apresenta acompanhado “apenas” de um MPC — a tal sacola lotada – e de uma mesinha para controlar os efeitos. Ah, tem também a presença de palco, um elemento à parte.
O som é uma mistura de black music, muitos pancadões, pitadas de break e um esbarrão no house, ainda assim resultando em algo bem brasileiro, veja só. O fato é que ninguém fica imune a essa saraivada de grooves. Vendo a reação da galera, dando gritos e dançando muito, Nego não resistiu e mandou no microfone: “”Vocês gostam de um Miami bass, né? Ê, cidade boa…”. O sample da música seguinte, repetidos várias vezes, respondeu por todos; “maneiro”.
Durante o set, Nego Moçambique não pára. Faz passos de dança, levanta os braços e faz a pista chacoalhar junto com ele. Pra completar, ainda faz os vocais, com sua voz mascarada por um vocoder. A melhor palavra pra descrevê-lo é carisma, aquele troço que não se explica nem se aprende, ou a pessoa tem ou não tem. E Nego Moçambique, definitivamente, tem.
Esse carisma deve ter sido um dos responsáveis pela reunião de boa parte da cena eletrônica carioca para assistir a apresentação. DJs, produtores, músicos, jornalistas, tava todo mundo lá para conferir o set, superior ao bom disco lançado pela Segundo Mundo.
Inaugurado no final de abril, o Fosfobox não nega o nome. Pilotado por Cabbet Araújo, o tamanho reduzido acaba servindo como diferencial, dando as noitadas um certo ar de exclusividade. O lugar, undergrounde de verdade, lembra bastante o clima dos longíquos bons tempos da Bunker.
Do jeito que foi ontem, dá pra imaginar a repercussão que as apresentações no Favela Chic (Paris) e principalmente no festival espanhol Sónar (onde também toca o DJ Marlboro) devem ter. Vai faltar cintura pra gringalhada se balançar.
vale lembrar que nepal fez um set matador, dando uma aula de batidas quebradas.
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Vale muito a pena, o set do cara é muito dançante, além do que, ver ele tocar é um show a parte, o cara faz umas dancinhas muito engraçadas! Boa noite no Fosfobox!
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Então vai atrás desse nome que o som é quente!
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Moro em Brasília e não sei quem é Nêgo Moçambique, só conheço o Marcelo da banda OZ.