Dando início as listas de 2012, começando pelos melhores shows, tendo como filtro aqueles que me empolguei o suficiente pra sentar e escrever uma resenha. Tirando os dois primeiros, James Blake e Gal – os shows do ano – o resto segue em nenhum ordem específica.
Só clicar no “leia mais” pra conhecer os escolhidos.
James Blake (Circo Voador)
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O piano clássico é entortado por timbragens pesadas; batidas sincopadas de dubstep ecoam fora do grave; reverbs abertos emulando os ecos de uma catedral são filtrados por vocoder, potencializando o alcance vocal e afastando-os de simplesmente remeter a uma igreja. Você ouve Blake e pensa: o problema é a ferramenta ou quem não sabe usá-la? Pois é.
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Gal Costa (Vivo Rio)
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Pelo mais puro merecimento, cantando igual uma menina, voz intacta, Gal (res?)surge em “Recanto” como se o tempo não tivesse passado – ou não tivesse deixado que o tempo tenha passado por ela, no que pese os poperô cafona/maduro entre essa Gal e a dos anos 70. Quem cresceu nos anos 80 pode não ter lá as melhores lembranças; um disco e show como esses fazem o favor de ajustar as contas.
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Metronomy (Coachella, EUA)
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O dia começou bem, com o Metronomy fritando o coco no palco menor, transformando o gramado numa pista de dança. Josh Homme (Queens of the Stone Age) foi tietar a banda nos bastidores após o show e foram embora juntos.
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Céu (Circo Voador)
http://youtu.be/b_uFsbJbA2k
No primeiro, mais soltinha e iluminada, tocou as músicas de pegada mais ensolarada, com referências de samba, rock steady e jovem guarda. No segundo, com um vestido de noite, brilhoso, enveredou pelas influências mais soturnas, do trip hop e chapações. Em ambas as metades, Céu está segura no palco. Dança, faz charme, se ajoelha no chão, coisas que ante a timidez não permitiria. E não tem nada melhor para um artista do que se permitir (diz aí, Lulu, hahaha!).
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Snoop Dogg, Dre e “Tupac” (Coachella, EUA)
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Durante o dia já rolava um falatório sobre a participação virtual do Tupac, o próprio holograma (papo que você vem escutando falar aqui no URBe pelo menos desde 2006) sendo citado. Não deu outra. E mesmo sem ser exatamente uma surpresa, causou espanto no sentido estrito da palavra. Mais do que uma comoção ou celebração, a visão de Tupac no palco, gritando “qualé Coachellaaaa”, deixou o clima meio sombrio. Era mais como ver um espírito do que o artista.
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Mallu (Solar de Botafogo)
http://youtu.be/OBaozUfZgzM
A faceta artística da vida de Mallu vem acontecendo como um “The Truman Show” musical. Apresentada aos 15 anos e observada de perto, pro bem e pro mal, a menina hoje tem 19 anos. É uma mulher, que do palco faz declarações de amor para o namorado, Marcelo Camelo, na primeira fila (na estreia da temporada, no Dia dos Namorados, ele participou em “Janta“, parceria dos dois), canta ameaçando se insinuar, sem ir tão longe.
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Tame Impala (Imperator)
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A banda fez exatamente o que dela se espera, chapando o público com camadas de guitarras, distorções, efeitos, teclados e psicodelia shoegaze (literalmente, eles olhavam mais para os próprios pés do que um para os outros) e setentista. Com apenas um disco e EPs na bagagem, o repertório é limitado e o show foi muito curto – mais do que deveria, talvez, já que não tocaram todas as músicas do “Innerspeaker”.
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Real Estate (Coachella, EUA)
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O indie preguiçoso se destaca pela guitarra enxarcada de Matthew Mondaline (também do Ducktails) e pelas longas incursões instrumentais, apoiadas em camadas de teclado (o pai do tecladista mora no Rio e trabalha na Bloomberg, ele contou depois).
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SBTRKT (Coachella 2012)
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Passando uma lixa na produção detalhada do disco, tirando todo polimento pop, “Never Never” vira um dubstep dark, “Something Goes Right” não repete as programações, o sintetizador some e surge reta e seca. “Wildfire”, na versão com Drake e cantada por Yukimi Nagano (do Little Dragon), que deveria ser a mais adaptada devido a ausência dos intérpretes, é praticamente tocada como é gravada, antes de um final em que é toda entortada.
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Bixiga 70 (Levada Oi)
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Divididos no palco em três meias-luas, eles jogam num 4-3-3 ofensivo, com os quatro metais empurrando o trio percussivo em direção ao ataque, formado por duas guitarras/teclado e um baixo, pressionando o tempo todo. Mesmo obedientes taticamente, o Bixiga 70 se destaca quando engrossa o caldo com a imprevisibilidade brasileira, justificando a década que carrega no nome.
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Santigold (Back2Black)
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Sempre cercada de bons produtores, Santigold tem um bom repertório de sacolejos a disposição . Com uma banda com um pé no reggae e outro no synthpop, uma mão no pós-punk e outra no new wave, Santi ofereceu algo irrecusável: groove. Sempre infalível.
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Pole (Novas Frequências)
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Fazendo valer a velha frase do mundo dub, meditate on bass weight (medite no peso dos graves), a atmosfera foi mesmo como uma sessão de meditação coletiva. Um estado semi-acordado, cabeças tombando e voltando, em algum lugar entre o transe e o sono e o alerta total. Uma cacetada na moleira que não foi brincadeira não.
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Criolo (Circo Voador)
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O carnaval ainda não chegou e Criolo já teve sua apoteose. O que se viu no Circo no sábado foi único. Não apenas por se tratar de um artista de São Paulo sendo aclamado no Rio, tendo seu nome urrado (é notório o quanto carioca implica muito mais com paulista do que vice-versa) ou todas as letras cantadas pelo público. Principalmente pela velocidade com que isso aconteceu.
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Rapture (Circo Voador)
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O tempo passou e isso ficou claro; tanto na atitude mais contida dos integrantes no palco quanto na evolução sonora, menos punk e mais bem acabada. Ganha-se de um lado, perde-se do outro, menos explosão em troca de músicas mais elaboradas. Porém é sempre melhor ver uma banda que não se repete do que eternos pastiches dela mesma.
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Frank Ocean (Coachella, EUA)
http://youtu.be/NoxNmh7LVHg
Ao Frank Ocean restou fazer o que sabe, cantar. Bem a vontade frente a multidão, ele perdeu bastante tempo reclamando do som. O público não viu tanto problema, as meninas soltando gritinhos sem parar.
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Arctic Monkeys (Coachella, EUA)
http://youtu.be/iLLhjjciSXE
Com quatro discos nas costas, projetos paralelos e sabe-se lá quantas horas de palo, Alex Turner sente-se a vontade como front man. Isso é bom e ruim. Se por um lado o domínio de palco propicia um espetáculo mais controlado, é justamente esse controle que tira um pouco do frescor juvenil que foi uma parte tão importante no estouro da banda.
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Mayer Hawthorne (Circo Voador)
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Mayer Hawthorne voltou ao Circo Voador e provou que a visita foi proveitosa: um público muito maior e conhecendo melhor as músicas saudou o soulman branquelo de Detroit. A festa foi longe, até altas horas da madrugada, com os DJ sets do Nepal e do próprio Mayer.
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Feist (Circo Voador)
http://youtu.be/fGgM3vzTOQM
E que beleza foi esse show ontem.
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Jaques Lu Cont (Coachella, EUA)
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E essa cara é um groove borrachudo, sirenes de synth, camadas de melodia se cruzando, a bateria 909 estourando no peito, em remixes de “Harder Better Faster Stronger” (Daft Punk), “Blue Monday” (New Order) e “Mr. Brightside” (The Killers, de quem também produziu o terceiro disco).
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Hype Williams (Novas Frequências)
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Aos chamados de “louder!” (mais alto!) no microfone, a camada de sintetizadores ia crescendo. Só que o pedido era real e não parte do roteiro, para resolver um problema em um dos microfones. Logo o clima atmosférico deu lugar a espasmos conjuntos de bateria e saxofone (ó o free jazz aí de novo), destoando bastante das expectativas lo-fi do que se conhece do Hype Williams gravados.
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Mogwai (Circo Voador)
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O SHOW DO MOGWAI FOI UMA EXPERIÊNCIA TRANSCENDENTAL, UMA ELEVAÇÃO ESPIRITUAL CAUSADA PELA ENTREGA AOS TRANSES PROPOSTOS PELOS ESCOCESES. OS QUE PRESENCIARAM O MASSACRE ESTÃO ASSIM HOJE, FALANDO ALTO A BEÇA, COM OS OUVIDOS AINDA ZUNINDO DE ONTEM.
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