sexta-feira

23

maio 2003

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Descontos

Written by , Posted in Urbanidades

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A lei que garante a meia-entrada para estudantes em cinemas, teatros, shows e outros eventos culturais é uma das poucas que é cumprida à risca no Brasil. Com pouquíssimas exceções – como no ATL Hall – o direito é sempre exercido.

Acontece que existe muita gente que não larga o osso. Como tirar uma carteirinha de estudante é muito fácil (basta arranjar um comprovante de uma universidade ou colégio, algumas “adaptações” nos dados e voilá!), muitos resolvem estender o direito após o período de estudos.

O argumento da maior parte das pessoas que têm a carterinha falsificada é a de que os ingressos são muito caros. Alguns acusam os produtores de eventos culturais de desenvolverem maneiras de driblar a lei e repassar o “prejuízo” para quem paga integralmente.

Exemplos de duas dessas “técnicas”.

As filipetas dos shows do Teatro Rival geralmente informam que os 400 primeiros ingressos vendidos têm desconto de 50%. Quem já foi ao Teatro Rival sabe que não cabem muito mais do que essas 400 pessoas lá dentro.

O truque é simples. Ao anunciar que o show custa R$20, com desconto de 50% para praticamente toda a lotação da casa, os produtores do evento burlam a lei simplesmente porque o valor pretendido pelo ingresso é R$10 mesmo. Como já existe um desconto sobre os R$20 anunciados, os estudantes ficam impedidos de pagar meia-entrada, que na verdade seria R$5.

O ingresso para o festival Skol Beats esse ano custava R$60. Ano passado, R$35. Ou seja, para garantir a arrecadação planejada (R$30 x números de pagantes), multiplicaram o preço por dois e a meia-entrada vira uma ilusão.

Supostamente os cinemas fazem a mesma coisa. Com isso, ao invés dos estudantes pagarem meia, todo o resto paga dobrado. Esses e outros casos justificariam o uso das carteiras de estudante falsificadas. Tem também, claro, o pessoal que nem sabe de nada disso e quer é continuar pagando metade mesmo.

Acontece que isso é crime. Falsidade ideológica, fraude, o escambau. Não é muito diferente das roubalheiras políticas que acontecem diariamente e que deixam essas mesmas pessoas indignadas. O princípio moral é o mesmo. É a velha história, queremos policiais honestos, mas não titubeamos em pagar a cervejinha pra evitar a multa.

Se está tudo errado, não é com mais erros que se chegará a um acerto. Existem três formas de lidar com isso e apenas uma parece correta: cumprir a lei enquanto produtores espertalhões tomam seu dinheiro; entrar no clima “se não pode vence-los…” e falsificar uma carteirinha ou tentar encontrar formas de fiscalizar e garantir o cumprimento desta lei.

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  1. aline
  2. jean carlos bruneto
  3. bia
  4. Bruno Natal
  5. Bruno Natal
  6. Kamilla Amaral
  7. jorge abrao alves da silva

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