quarta-feira

20

abril 2011

2

COMMENTS

Coachella 2011, acertando o passo (parte 3/3)

Written by , Posted in Música, Resenhas

Zzzzz...
Cansou? Levanta que ainda tem mais!
fotos: URBe (Instagram)
+ no flickr.com/URBeFotos e urbemicro.tumblr.com

O terceiro e derradeiro dia foi também o mais devagar em termos de atração, o que caiu bem para as costas e pernas chumbadas. O clima era de sábado, com o maior público dessa edição, culpa do Kanye West.

Dia 03
Menomena, Delorean, Nas & Damian Marley, Wiz Khalifa, Best Coast, Foster The People, Duck Sauce, The National, The Strokes, Kanye West, Leftfield, The Presets

Hipsterdom is safe, next generation is

Nova geração: os hipsters estão salvos

Delorean
Delorean

O dia começou logo com duas decepções, a mesmice do Menomena e o aguardado Delorean. Com baixo, dois sintetizadores e batera com pad no lugar dos tons, o Delorean focou no “som dançante” e conforme o show foi caminhando, passou a atirar cada vez para mais lados. Falta alguma coisa, a banda ainda é bem crua e falha na unidade.

Nas & Damian Marley
Nas & Damian Marley

Iniciando os trabalhos do hip hop, Wiz Khalifa tentou demais agradar a platéia bem cheia da área principal, mas o pessoal não entrou na dele não. Show de hip hop sem banda é um negócio complicado pra funcionar num festival. MCs e DJs num palcão daqueles fica muito magrinho, some na imensidão.

Pra comprovar a teoria, Nas & Damian Marley vieram logo na sequência, com um bandão e provocaram uma catarse com o projeto que une rap e reggae. Além das músicas originais da dupla, Nas levantou o gramado primeiro, com a sua “If I ruled the world”, antes de Damian lançar “Welcome To Jamrock” e juntos mandarem “Could You Be Loved” (Bob Marley). Clichê, sem dúvidas, só que funcionou que só vendo.

A despedida do por do sol foi com o Best Coast, num show chato. A vocalista tem uma falsa modéstia irritante para falar de si própria, atestada pela quantidade exagerada de vezes que fez isso, ainda mais no curto tempo do show. O som vira uma espécie de Hole mais lento, o que pode ter certeza, não é um elogio.

O Foster The People fez mais um show chato (escrevendo agora não há duvidas, domingo foi o pior dia), um troço meio brega, querendo ser arena ou sei lá o que. A essa altura, o festival já migrava para Sahara para conferir o Duck Sauce, cuja “Barbara Streisand” foi ouvida cantarolada o dia todo.

Se existe um atalho rumo ao sucesso eletrônico no Coachella ele é o 4×4 com toques de farofa. O Duck Sauce não fugiu a receita, ainda que tenha surpreendentemente regulado a farofinha.

Na hora do jantar, The National de trilha. Hora mais tarde, no aeroporto, o guitarrista Bryce Dessner falou que o show do Rio dificilmente será superado e que havia falado do Queremos para diversas bandas, entre elas o Sufjan Stevens, que gostou muito da ideia. Veja só.

The Strokes
The Strokes

O show do Strokes foi um caso a parte. O cenário simples, seis setas de tecido iluminadas por cores alternadas era simbólico. Com três setas apontando para um lado e três para o outro, era como se representassem forças opostas, puxassem a banda em diferentes direções, tal e qual os recentes relatos da convivência do grupo.

Se isso é o Strokes brigado, está ótimo. Mesmo com as músicas novas funcionando meio mal e a banda meio desconectada e burocrática, o show foi divertido. Julian Casablancas perdeu a linha nos papos com o público (pensamentos em voz alta define melhor) entre as músicas.

Numa viagem “artista artomentado”, zoou o público, Kanye West, Duran Duran, os integrantes e técnicos da própria banda… Não sobrou nada de pé. Lá pelas tantas mandou “Aê, Kanye depois, hein!”, ao que a galera responde aos gritos de “Ééé!” até ser interrompidos com um “vocês estão de sacanagem? Como ousam?”, de Julian, rindo de si mesmo.

Sentindo-se obrigado a fazer o papel de estrela do rock e atração principal do festival, fazia perguntas idiotas ao público, como “vocês acreditam no amor?”. O deboche parecia mais voltado a própria banda, como se estivessem ali cumprindo uma obrigação. O que, sendo esse o caso, fizeram com qualidade.

Se o Julian chegar no Planeta Terra com metade das piadas do show no Coachella, esse show do Strokes já esta valendo.

Finito
Acabou

Na saideira, deu pra pegar a parte final do Leftfield, de volta e meio fora de prumo, utilizando Theremin e batidas quase techhouse. Quando as músicas antigas tiveram vez, como “Phat Planet”, as coisas iam bem. Fechando a tampa, duas músicas do Presets foram o suficiente.

Um último dia bem morno em termos musicais, porém feliz ao se constatar que o Coachella atual ainda pode ser o Coachella de alguns anos atrás. Agora que o caldo deu uma esfriada, é esperar para ver o que acontece no ano que vem. Abril de 2012 já está pré-reservado para a ida ao deserto.

Deixe uma resposta

2 Comments

  1. Marieta Figueiredo Rocha
  2. Renato Biao

Deixe uma resposta para Renato BiaoCancelar resposta