Arrastão, adestramento social e política: pensamentos sobre um assalto
Written by urbe, Posted in Urbanidades
Vamos lá, preciso desabafar. Depois vou complementando, alterando, pensando.
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“Fodeu! Fodeu!”, ouvi o susto vindo do banco da frente. Levantei a cabeça e o que vi mudou o Rio para sempre para mim.
Como se fosse um rito de passagem, finalmente aconteceu: fui assaltado de maneira brutal na Cidade Maravilhosa. Com mais três amigos, dentro de um carro particular, cenário de grande parte dos episódios de violência urbana na cidade (motivo principal de ter me desfeito do meu há mais de três anos), começava um pesadelo. A tag Violência Urbana aqui do URBe em primeira pessoa.
Durante cerca de quatro minutos (que podem ter sido dois, ou duas horas…), minha vida estava nas mãos dos quatro bandidos fortemente armados que pararam seu carro na frente do nosso para impedir o trânsito, saltaram do carro e anunciaram o assalto – como se fosse necessário.
É aquele clichê, “um filme acontecendo na sua frente”. O choque é tanto que demora até mesmo para o pânico se instalar. E quando você se dá conta do tamanho da merda em que está metido, não tem outra palavra pra descrever: é cagaço mesmo.
Assistindo as imagens da reportagem sobre mais esse arrastão na Rua Faro, no Jardim Botânico, tive uma sensação estranhamente familiar. Se tivessem corpos ao lado do carro, poderia ter sido a matéria sobre um assalto com morte.
A última vez que havia visto a morte tão de perto foi quando fiquei preso no incêndio no Projac, durante uma gravação do “Xuxa Park” em 2001, na época que fazia os vídeos do saite da apresentadora.
Trancado dentro de um estúdio em chamas, apavorado sem conseguir respirar ou enxergar a saída, o pensamento cruzou minha cabeça: “é isso, vou morrer num incêndio, é disso que meus amigos vão falar amanhã, sobre quão perto ou longe eu estava da porta, perguntando porque eu não saí assim que tudo começou em vez de ajudar as pessoas”.
Foi o momento mais angustiante da minha vida. Saí da experiência com apenas uma certeza: quando for a minha vez, que seja rápido. Não quero ter tempo de pensar no que estiver acontecendo.
Quis o destino que eu passasse por situação parecida novamente. Tivesse tudo dado errado, a matéria do RJTV poderia estar relatando além do assalto, também a minha morte. Seria aquela a história contada no meu velório. Pesado, eu sei. Mais pesado ainda foi ter passado por tudo isso.
O (des)equilíbrio que envolve um assalto é delicado. A combinação dos diversos fatores se desenrolando simultaneamente determinam o resultado final: se o primeiro carro vai parar (no caso era o nosso, e trata-se de uma ladeira de paralelepípedos, o que pode dificultar a frear), como cada uma das vítimas vai reagir e responder as ordens, a movimentação e quantidade de transeuntes, se a polícia vai chegar ou não.
Tudo isso pra dizer que, sim, sei que poderia ter sido muito pior. Sim, estou feliz de ter saído com vida, sem nenhum arranhão. Sim, a parte material pouco importa, é trabalhar e conquistar de novo. Só que infelizmente nada disso alivia o trauma.
Nós, cariocas, passamos a vida nos preparando pra esse momento. Ouvimos atentamente os relatos, lemos sobre a melhor maneira de se comportar. Porém, são tantas variáveis nas infinitas modalidades de assalto que os ladrões praticam no Rio, que na hora que toda esses ensinamentos são necessários, pode dar curto.
Quando a ação iniciou, imediatamente abri a porta do carro e saí. Pra mim eles queriam levar o carro, portanto eu deveria sair. E como um tiroteio era iminente, segui as recomendações de me abaixar e procurar colocar minha cabeça perto da roda, para me proteger de eventuais disparos.
Encolhido, me arrastei pela lateral do carro, numa submissão humilhante, ainda mais impotente diante da situação do que no incêndio. Quando ouvi os gritos de “Pára! Pára! Não se mexe!”, gelei. Percebi que estava fazendo tudo errado.
Os ladrões não tinham mandado ninguém sair do carro. O simples abrir dessa porta, fora do roteiro pré-determinado na cabeça dos bandidos, poderia ter desequilibrado a situação e custado minha vida e a dos outros.
Nesse momento, fechei os olhos forte, esperando tomar um tiro. Não queria ver, só torci pra ser no braço. Ele pegou meu celular, pediu minha carteira, apalpei os bolsos, não achei, lembrei que estava na minha mochila, dentro do carro e avisei.
O tempo todo olhei para o chão. No meu campo de visão, entravam e saíam apenas punhos e armas. Uma Glock, uma 09 milímetros, algo que tanto poderia ser uma submetralhadora ou uma pistola com o pente de munição extendido. “Onde eu aprendi tudo isso? Porque eu sei o nome dessas armas?”, pensei. Nem vi o rosto de quem poderia ter me arrancado a vida.
Um dos ladrões me mandou voltar para dentro do carro. Mas nenhum dos meus amigos estava lá. Achei que fosse ser levado, sozinho. Desesperado de medo, pedi para me deixarem. E eu, que não vou a igreja nem pra casar, fiz o sinal da cruz. Por conta da minha criação, o sinal está embutido, é apenas um código para me conectar com a energia maior, sem barba, na qual acredito.
Eles tiraram a chave da ignição e correram para o carro de onde haviam saído e deram início a fuga. Imediatamente abracei meus amigos, celebramos estarmos todos bem. A rua começou a se movimentar, pessoas assistiam das janelas e varandas, vizinhos saiam dos prédios oferecendo água, discursos exaltados solitários, a polícia chegando pela contra-mão.
Olhando em volta, as imagens do cenário auditivo foram se construindo. Vi as pessoas dos outros carros assaltados, a mulher que saía do prédio na hora do assalto e foi rendida, o porteiro de bicicleta que assistiu a tudo, nosso carro de portas abertas, no meio da rua. Uma multidão atônita.
Hora de começar a tentar fazer sentido disso tudo.
Durante o assalto, uma frase chamou muito minha atenção. Um dos ladrões falou para alguém: “Fica na tua que isso não é contigo, você é trabalhador”. A frase, para o porteiro da bicicleta, levanta várias questões.
A primeira e mais óbvia é o erro grosseiro da análise. Todos somos trabalhadores, honestos e pagamos muitos, muitos impostos. Claro, não foi isso que ele quis dizer. O que o bandido quis dizer é que ele, o porteiro, era humilde. Nós, os “playboys”, não. Somos uns babacas, que não precisam se esforçar para nada, meros caixas eletrônicos para eles sacarem dinheiro. Afinal, roubar sim deve ser um trabalho.
Mas isso é o detalhe, amplificado pela revolta de ter passado por essa situação. O mais importante dessa frase é a percepção que ela traz embutida, propõe uma disputa entre “eles” (os pobres) contra “nós” (a classe média). É um sentimento perigoso.
No local do crime e na delegacia, a imprensa insistia por entrevistas. Nenhum de nós quis falar, melhor não declarar nada de cabeça quente. E, obviamente, ninguém queria aparecer na televisão, por medo. Medo do quê ou de quem, não sei. Os bandidos viram nossos rostos, levaram nossas carteiras de identidade, celulares repletos de informação. Não dá para se esconder.
Um grupo armado se deslocar pela cidade, parar uma rua no meio da Zona Sul para roubar celulares, carteiras e trocados (quem anda com dinheiro no bolso hoje em dia?) me parece uma ação desproporcional, em tamanho e risco, frente ao motivo do crime declarado no registro de ocorrência, “ambição”.
Esse tipo de assalto está sendo chamado de arrastão. O termo foi consagrado durante a cobertura dos tumultos na praia do Arpoador, em 1992, creditado aos “funkeiros” (uma generalização mais palatável para os leitores dos jornais do que “favelados”), por diversos interesses. É curioso vê-lo ressurgir, ainda mais na capa da Veja.
Bastante gente tem dito que a atual onda de crimes nas ruas do Rio são reflexo das UPPs. Sufocados, os bandidos estão procurando dinheiro em ações mais diretas. O raciocínio faz sentido. Como faz sentido muito do que é mostrado em “Tropa de Elite 2”.
Porém, essas associações diretas costuma ser falhas. A entrevista com José Padilha que fiz para Monet e reproduzi aqui no URBe toca em alguns pontos interessantes. Não há dúvidas que segurança é um direito de todos os cidadãos. Porém, não podemos viver com o cobertor curto. É preciso um plano além da simples ocupação das comunidades carentes.
Violência é algo muito mais amplo do que ter uma arma na cabeça, acredite. Quando estava morando em Londres tive a medida exata disso no dia que, lendo um livro e ouvindo iPod no ônibus, passei direto pelo ponto de casa.
Saltei e enquanto caminhava fiquei pensando sobre a possibilidade disso acontecer comigo no Rio. É nula. Primeiro porque não vou levar meu iPod no ônibus, segundo porque não vou ficar distraído dentro de um livro e terceiro porque, na terra do “Ônibus 174” (primeiro filme exibido no mestrado de documentário que estava cursando lá), assim que embarco estou contando os minutos pra saltar.
Viver assim, com tanto medo e tanta ameaça, no asfalto ou na favela, estressado pelo constante estado de vigilância, é viver chafurdado na violência. Isso é muito triste, muito sério e muito presente. Não aguento mais viver desse jeito. Estou muito, muito chateado, uma tristeza enorme.
Imediatamente passou a se falar em reforçar a segurança e uma patrulha foi colocada na esquina da Rua Faro. Temos a Copa do Mundo e as Olimpíadas a caminho, o Rio segue tentando sair do buraco vendendo-se como um destino turístico. Não tenho dúvidas de que vai dar tudo certo nesses períodos.
O problema é que não deveríamos depender disso para melhorar. Ou melhorar só para isso. O caminho é longo e possível, complicado, mas possível. Há de existir, entretanto, vontade.
Com o dia destroçado, o melhor era mesmo terminar as funções pra poder descansar no dia seguinte. Iniciando a tarefa de reorganização por comprar um novo chip de celular. Surpreendentemente, foi simples. Demorado vão ser meus óculos. Na volta pra casa, peguei um táxi.
Sem a menor necessidade, o motorista ultrapassou um sinal vermelho, a toda, na Avenida Borges de Medeiros, em frente ao meu amado Flamengo. Reclamei e pedi que não fizesse isso novamente. A resposta foi seca: “Quer dirigir? Aqui a responsabilidade é minha.”
“Meu caro, se eu estiver dentro do carro, não é mesmo”, respondi, “pode parar o carro aqui mesmo”. Saltei, sem pagar logicamente. Antes de ir embora, o irracional taxista, gritou: “da próxima vez, vai de carro!”
Se ele soubesse como começou meu dia…
Já compartilhei desse sentimento duas vezes (em menos de vinte anos de vida). Mas em São Paulo. Fica o trauma, mas admiro sua atitude em relação ao taxista, não podemos nos entregar ao medo…
Qto a analise da Veja em relação as UPPs, acho precoce. Mas com certeza é preciso um plano além da simples ocupação das comunidades carentes.
Pô, cara, que merda tudo isso!
…
Nem sei mais o que posso dizer
Cara, desculpa os termos, mas o seu texto retrata nada mais do que uma patética classe média que cada vez tem mais medo e cada vez mais se rodeia de grades e trancas. A disputa entre “eles” e “nós” é a velha luta de classes. Lembra do antagonismo entre “burgueses” e “proletários”? Pois é. Hoje em dia isso não é simplificado quanto na época do Marx, mas não dá pra negar que nossa cidade é sim dividida. A sua comparação entre o “primeiro mundo” e o Brasil pode ser facilmente inserido dentro do próprio Rio.
Muito bom o teu relato/desabafo Bruno.
Muita gente que vive no Rio se acostuma com o “não aconteceu comigo ainda” e finge que o problema não é tão grave assim e com sagacidade sempre dá ra se evitar o pior.
E mais: tem gente que lembra com um sentimento de aventura de ter tomado uma arma na cabeça ou passado por alguma experiência surreal de violência.
Pessoalmente, um dos principais motivos que me fizeram deixar a cidade e vir pra Floripa foi essa frieza no olhar que se exige ao saber que todo dia no trajeto de casa para a faculdade você irá passar pelos mesmos mendigos pedindo esmolas nos mesmos sinais e ter que se preocupar com o vidro aberto do carro ou o sujeito sinistro que pode embarcar no onibus a qualquer momento.
Olhando a distância hoje, posso afirmar com certeza de que quem foi criado no Rio está preparado para viver em qualquer outra cidade do mundo, pois aprende a conviver normalmente com a violência, a pobreza, os constrastes e o esresse mental de tudo isso. E ainda assim, tenho que ressaltar que ainda amo a cidade, mas só pra passar uns dias de férias e voltar pro meu relativo sossego!
Que bom que levaram vcs pra passear, já que vc mesmo já escreveu por aqui “gosto da geografia do rio” hahaha
Tenso o texto, mas pra variar vc acertou na lata.
Vlad, vc está tentando simplificar algo que está longe de ser simples. Patética, pra mim, é essa tentativa. Mas deve ser mais fácil pra vc viver assim, sem encarar o problema e achando que é uma “consequência natural”. Espero que vc não tenha uma arma apontada pra cabeça nunca na sua vida. Nada justifica a violência, meu caro. Do contrário, justificaria para os dois lados.
H.Finas, não entendi seu comentário.
Bruninho, ainda bem q ta td bem com vc.
o que podemos fazer para mudar isso?
Viver no RJ hoje em dia é como estar em uma roleta russa diária. Você sabe que um dia a bala vai te pegar, a questão é quando. Mas tenho certeza que o Beltrame não deve achar isso, já que ele tem um carro de policia estacionado 24 horas em frente a sua casa aqui em Ipanema.
Tudo tem um limite…
H.Finas, meu chapa: quer criticar? Vai com tudo, desce o malho. Faz que nem o Vlad Pontes, que pelo menos colocou um argumento. Mas use os neurônios para dizer alguma coisa que faça sentido. Porque ironia vazia numa hora dessas não é apenas desrespeitoso: é o tipo de cinismo frio, inconsequente, insensível, de quem tá cagando pra tudo e só quer mesmo é dar uma sacaneada irresponsável nos outros.
Má notícia pra vc: ACORDA, meu camarada! Todo mundo aqui tá no mesmo barco.
muito triste isso ! já fui sequestrado e digo, nesta hora os sentiomentos ditos “cristãos” vão embora tamanha a raiva e sensação de ser um nada pra estes caras !
Patético é não ter argumentos para comentar/debater sobre o Rio Maravilha…
Engraçado, pra quem vê de fora, é muito mais fácil entender que a violência campeia à volta.
Um amigo meu, sempre me diz, que tudo que é reproduzido pelos noticiários, referente ao Rio, é distorcido em grande proporção, ou seja, nada muito diferente dos comentários acima, Bruno.
Mas…qual é? isso é conformismo? é o não querer confrontar a realidade dos fatos, e do poder público?! É vexatório retrocedermos sem pestanejar.
Muito confortante te ler, e saber que você não é mais um carioca estagnado, e deslumbrado com a ” Cidade de Deus”, retificando… dos Sonhos.
Natália, não entendi se vc está sendo irônica e, nesse caso, a quem está direcionando a ironia.
Se gosta do tema, dê uma navegada pel tag “violência urbana”, assunto recorrente aqui do URBe:
http://www.oesquema.com.br/urbe/tag/violencia-urbana/
Eu quero muito que vc narre isso pra mim pessoalmente. Deve ser um espetáculo a parte.
Eu: ah.. vc sabe.
Entendo que normalmente seria mesmo. Mas fiquei tão triste com isso que dessa vez não…
ARMAS DEMAIS NO ESTADO….UM “MISTERIO” DE MIL FACETAS QUE MOSTRA A LOBA MORDENDO O PRÓPIO RABO E QUE A TROPA DE ELITE NÃO ELUCIDA. ….
PERFEITA A AÇÃO DO TAXI.
Obrigada, Bruno, por lembrar… mas creio que já corri os olhos, pelos seus textos, ou pelo menos, boa parte deles.
Eu não moro no Rio. e de qualquer forma, acho impactante a tolerância que muitos tem com essa violência toda.
Outra coisa, é preciso algo acontecer comigo, pra eu achar que bandido é ruim? achar patética a sua concepção, por eu não ter passado pelo mesmo?
Em todo caso, a irionia não foi dirigida a você.
Cacete, Bruno. Como carioca e residente nessa cidade, lamento demais isso tudo, mesmo.
Textos como o seu são exemplos da urgência que temos não só no ato de compartilhar esse tipo de péssima experiência como também em pensar nas demais responsabilidades que temos como cidadãos – e aí me refiro não só ao ato de vigiar e cobrar as autoridades como também ao de fazer a nossa parte nessa história toda. E há muito o que ser feito.
Temos responsabilidades que estão aí na nossa cara, e que infelizmente – e aí tô falando da grande maioria, jogando com a regra, lógico – não damos conta. Fiscalizar os governantes, acompanhar o trabalho daqueles em que votamos, denunciar e protestar, denunciar as irregularidades; mas também não fugirmos daquilo que diretamente nos compete. Deveres de cidadãos que têm muito a tentar, pelo menos a médio prazo, mudar o cenário que se consolidou nessa terra aqui. E são exemplos como o de não sujar a cidade com o papel de bala, passando a não dar grana aos peões da criminalidade e chegando, principalmente, a tentar se engajar num trabalho voluntário – sobretudo junto à molecada que nasce entendendo que não pode esperar nada de ninguém e que, como você bem mesmo ressaltou, sabe há tempos que UPP é só um pedaço da solução e que, sozinho, resolve muito, muito pouco.
Fica bem aí e valeu o desabafo/sacudida. Abraço!
Depoimento chocante….Floripa tá ficando igual…
Melhoras Bruno
Que BOSTA! Força para vc na superação desse trauma. O que vc falou é assustadoramente real. Olha o tamanho do armamento para roubar umas carteiras e uns celulares. É tiro de bazuca para matar formiga. Chocante. O mais triste é ver um governo de estado enriquecendo como nunca e só maquiando tudo, mais uma vez. Puta que pariu!!
Bruno,
Não te conheço, mas sou leitor do blog e já discordei de algumas das suas opiniões (escrever em notas de R$). Porém, não tenho como não me solidarizar com a situação. Morei no RJ, ou melhor, na Urca, qdo era moleque e hj qdo vou à cidade vejo como as coisas estão piorando. Excelente seu texto. Em relação aos comentários irônicos, é o preço que se paga por expor suas idéias. Sugiro que os irônicos leiam o post de 30/01/09 (Que isso).
Natalia, vc pode achar o que quiser, sobre o que quiser, pode achar minha concepção patética. Só acho que, se vai se manifestar num espaço público, deveria ao menos ser mais clara, ter coragem de escrever exatamente o que pensa, para evitar ruídos. Até agora não entendi sobre o que vc está falando, por isso não respondi.
A merda é gigante, meus caros. Problemas a resolver a longo prazo, com o curto prazo sendo emergencial, uma coisa impossibilitando a outra praticamente.
é..momento ruim..sentimento de impotência nessas horas é grande..
dar uma meditada ou simplesmente orar antes de sair de casa é uma boa pra evitar esse tipo de situação,mas caso seja ‘necessário’ que você passe po essa experiência(sabe-se lá porque,talvez pra mudar sua visão do munda e da vida e com isso posteriormente mudar as coisas ao seu redor..),então acho que em uma situação dessas o melhor a fezer é ficar o mais frio possível e entregar na mão de deus mesmo(sem ironias).
o lance bom é que tu tá vivão aí,com mais amor a vida….coloca ‘hey joe’ na vitrola e bola pra frente!apesar de tudo o Rio ainda é maravilhoso,ainda mais na primavera né cara,não dá pra viver acuado e com medo..abração.
lembrando que esse assalto na rua Faro nao foi nem o primeiro, nem o segundo NESTE SEMESTRE. pergunte aos coroas ali do bar joia, na esquina da Faro. eles te dirao com a maior tranquilidade que isso rola direto ali… quando a viatura sair da esquina, bem provavel rolar outro assalto. tomara que nao. boa sorte a todos.
Pois é, esqueci de falar disso no texto. Não precisa nem perguntar, tem materia no jornal sobre isso! É absurdo.
E aí Bruno, beleza?
Sou leitor do Urbe há um tempão já (parabéns pelo blog, aliás), mas creio ser a primeira vez que comento. Sou jornalista e geógrafo e me interesso muito pelo Rio de Janeiro, especialmente pela temática dos problemas urbanos – bem como a violência, que de quando em quando é pauta por aqui.
Esse lance do assalto que você relatou tão bem no texto é algo muito além dessa concepção “briguinha de classes” (como se você, pequeno burguês assustadinho não tivesse direito de exigir mais segurança) que alguns apontaram acima. E pior: a violência urbana carioca tem tantas causas e conseqüencias distintas que fica difícil elencar uma para estabelecer uma panacéia para tudo isso.
Não vivo no Rio de Janeiro, mas acho que entender que os recentes arrastões são respostas dos bandidos em relação às UPP’s é muita ingenuidade. Quer dizer que se não houvesse UPP os bandidos estariam agindo de maneira mais branda, “pegando leve” com a população? Os assaltos e mortes vão ter vazão de uma forma ou de outra, com UPP ou sem. Talvez os arrastões estejam rolando por ser o método que a polícia ainda não se “escolou” pra controlar, porque a hora que isso acontecer hão de surgir outros.
Alguém comentou que aqui em Floripa está ficando igual, e eu discordo. Já trabalhei em comunidades empobrecidas aqui e acho que o problema dos assaltos aqui ainda é muito pontual, não chegou a um nível de “terror” como aí no Rio. A violência urbana aqui em Floripa começa, muitas vezes, com as classes média e alta, quando estas impõe valores e mudanças estruturais na cidade e todo mundo tem que dizer amém. Acho que a violência urbana em Floripa começa muitas vezes como uma “resposta” – mas claro, aqui também há assaltos, seqüestros, tráfico, favelas, etc
Quanto ao trauma, deve ser foda. E você fez bem com o taxista, ninguém é obrigado a aturar ignorância ou colocar a vida em risco por conta de um descuido.
Fica bem, brother
Abraço
Foda camarada… me sinto extremamente cego e imbecil na discussão desse tema que é bem mais complexo do que podemos nos estender escrevendo. Fica aqui a solidariedade. abcao!
Excelente texto. Excelente. Compartilho da mesma indignação e, ainda que não tenha passado por situação semelhante (até quando?), consigo imaginar o desespero através da sua descrição. Tem que colocar pra fora mesmo, escrever, esbravejar. E esse seu “grito” aqui foi feito de forma magistral: tanto na forma como no conteúdo. Bjs!
Pô, Bruno, depois de trabalhar pra Xuxa vc ainda se choca com alguma coisa?
Desculpa, cara, mas isso é espantoso!
Quanto ao assalto, deixa de frescura, bicho – já estive na mesma situação.. Vc tá parecendo um burguesinho de classe média criado em condomínio fechado. É?
Adorei a frase do ladrão -” Fica na tua que isso não é contigo, vc é trabalhador(pobre fudido como nós” – pensei que não tinha mais disso, não!
Ahh, cara, perigoso seria tão ter luta de classes!
PS: Todos querem ter o direito de ir a Londres. É só um grito contra esse mundo escroto.
Cada um grita como pode e acha que deve.
Abraço
Você dissemina informação ( muito bem, diga-se), e reproduziu no relato, o desgaste mental, emocional, e toda uma aflição do quase perder a vida.
Me prendi no texto, na situação.
Eu fiz uma alusão à empatia, à política escassa, em virtude de algum comentário que li aqui, e ao que eu costumo ouvir também.
Não estava ( e não estou) me indispondo com o que você escreveu; talvez eu não tenha sido objetiva ( e também não saiba dissertar), mas o que eu quis expressar, não é nada relevante, é só a indignação de todo cidadão incorruptível ( bastardo inglório, no caso), que seja no lazer, no trabalho, é vítma de um sistema falho, e de bandido.
Pro assaltante, era isso ou ser porteiro.
José Henrique, não sei o que espanta mais: a estupidez da quantidade de asneira que vc escreveu aqui ou a sua total falta de noção, comodismo e arrogância.
Quer ir pra Londres? Não é mole, pra ninguem, e nunca será. Estude e conquiste. Fui com uma bolsa do British Council, por merecimento.
Sai da internet e vá ler um livro. Vc claramente está precisando.
rafael, o que vc está falando é uma simplificação tão ingênua que, sinceramente, me falta tempo para começar a desconstrui-la. Pra não falar no preconceito e destrspeito que ela carrega. Em todo caso, aqui mesmo no URBe tem alguns bons textos sobre violência urbana (não estou falando dos meus próprios) que recomendo a leitura. Vai abrir sua cabeça, certamente.
Bruno, carreguei nas tintas, obviamente. Mais foi porque, de fato, me impressionou o seu drama – no sentido mexicano da palavra.
De vez em quando venho por aqui e o tenho como um sujeito sensato, articulado e esperto – no bom sentido da palavra.
O seu relato pareceu o de uma dondoca dessas da classe média que lêem a Veja e votam no Serra.
Enfim, teu texto tá a cara da Lya Luft. Eu pensei que vc tivesse mais a cara da Maria Rita Kehl.
“Democracia é oportunizar a todos o mesmo ponto de partida. Quanto ao ponto de chegada, depende de cada um” Mário Quintana
PS: Londres? Não acho que possa ser legal um lugar cheio de inglesas. :>)
Abraço
José Henrique, direito seu pensar o que quiser – e é ótimo que seja assim, não é?
Agora, percebe que o tipo de comentário que vc deixa não acrescenta em NADA a discussão?
Parece pra mim que vc se esconde atrás de uma ironia rasa, talvez pra evitar ter que pensar realmente sobre como melhorar essa situação.
Mas se vc realmente acredita que esse estado de coisas é normal e que nada disso é absurdo, pouco importa se pessoas vivem em condomínios fechados ou mesmo se isso é um problema. Pois quem vive numa bolha é vc.
Abs,
Bruno, meu véio. Sim, é mais do que ótimo cada um pensar e ter a filosofia de vida que quiser, que mais lhe agrada. A minha, por exemplo, é a do bom humor.
E um comentário em um blog vai ajudar em que numa questão dessa, cara?!?
O que eu li aí foi gente tirando onda da tua cara, e outros chocados como se tivessem escrevendo da Dinamarca.
O que fiz foi um contraponto a esse teu texto “classe média”, aquela mesma que se lixa pra quantos morrem na Baixada Fuminense e faz passeata com lencinho branco pela Zona Sul quando morre um dos seus.
O assalto a mão armada não é normal, mas é comum.
Soluções? Ora, distribuir a renda já é um bom começo.
PS: O Ricardo Cassolato em um comentário aí em cima , disse: “Já fui sequestrado… Sensação de ser nada pra essa gente”
Engraçado, deve ser a mesma sensação que “eles” têm.
Melhoras, brother, em todos os sentidos.
[Editei meu próprio comentário, abaixo, para acrescentar pontos]
O que não serve pra nada é trollar a conversa dos outros, isso é certo. É discussão em blogue mas vc está gastando seu tempo aqui, bastante aliás. De algo deve valer inclusive para você.
O problema é que vc não fez contraponto a coisa nenhuma. Posa de Guy Fawkes, mas nem um discurso anárquico tem. É puro conformismo mascarado de compreensão social.
Estou longe do lencinho branco da classe média e se vc costuma passar por aqui, deve saber disso. Não compartilho desse seu fatalismo, pois acho isso mero atalho para fugir da questão central: quem tem que mudar esse quadro somos nós mesmos.
Você critica quem “escreve como se estivesse na Dinamarca”, mas acha que o seu pensamento é melhor que do Ricardo? É melhor aspirar viver na Dinamarca – onde além de segurança, há a distribuição de renda que vc menciona – do que se conformar e fechar os olhos para a realidade, que é em última instância é o que vc está propondo. Como se isso fosse melhorar alguma coisa. Em outras palavras, melhor nivelar por cima do que por baixo.
Ao que parece, você acha que quem está em situação de miséria gosta de como as coisas são. O que só comprova que conversar com você é pura perda de tempo. Uma pena. Pois é exatamente por conta de pessoas como você que nada muda mesmo.
Eu acredito que coisas – muitas – possam ser feitas sim, cara!
Não sou fatalista!
Repito, meu espanto foi com o teor e o tom do texto.
Foi uma reação a lá Luciano Huck quando roubaram o Rolex dele.
Do narigudo eu não espero nada. Mas de vc eu espero, por isso estranhei.
PS: Acredito mais a nível governamental. Focando na educação e na distribuição de renda pra que TODOS possam ter no mínimo uma chance de ser “um cidadão respeitável que ganha 4 mil reais por mês.”
PS: Valeu o papo, Bruno.
Abraço
Opa, vc enxertou sua última resposta e quando ia saindo vi.
Vamos lá, não sei quem é Guy Fawkes, mas deve ser bom.
Não sou conformista, cara. Acho que ficou claro na resposta que dei aí em cima.
Agora, sou pouco hipócrita – só o tiquinho bastante pra viver em sociedade – talvez isso seja um defeito.
Quanto ao meu pensamento melhor que o do Ricardo, não tem pensamento melhor ou pior, vc bem sabem, pensamentos têm a ver com valores. Cada um…
Estou satisfeitíssimo com os meus.
“Não tem certo nem errado. Todo mundo tem razão.
O ponto de vista é que é o ponto da questão” Raul Seixas
Respeito vc, mas achei teu texto babaca. Como diria Cartola: Acontece.
Abraço
José Henrique,
Fico curioso em saber o que vc consideraria um txt legal, dada a situação. De verdade. “Hoje fui assaltado. Grandes merdas, já era esperado. Além do que, mereço. O sujeito também não tem nenhuma outra opção e está certíssimo em sua decisão”.
Se vc acredita em assalto como forma de assistencialismo, não precisa esperar o bonde. Pode voluntariamente se dirigir a uma boca e entregar os seus pertences ao gerente. Lembre-se, a ampla maioria dos pobres e miseráveis não são bandidos. Esses são a minoria, não dá pra tomar suas atitudes como régua pra nada.
Não acredito que assaltos sejam solução para distribuição de renda, da mesma maneira que não acredito que o confronto seja política de segurança pública. Violência nenhuma tem justificativa. Pode ter explicação, isso é outra história. Mas não é porque tem explicação que tem que ser tolerada.
Abs
Cara, vc deturpou tudo o que eu disse.
Bem, deve ter os seus motivos.
Garanto que se alguém ler não interpretará como vc o fez.
Um filósofo, que não me lembro o nome – disse certa vez que achava muito estranho duas pessoas conversarem, e se entenderem, a contento.
Segundo ele, as percepções era tão díspares entre as pessoas que isso devia ser impossível.
Sempre lembro dele em casos assim.
Vou descobrir o nome do sabichão, ele merece.
Abração!
José, José… Agora vc me acusa de ter interesses em deturpar o que vc diz. Não é justamente o contrário?
Quem chegou aqui com uma SACOLA de pedras portuguesas na mão foi vc.
É que sou bom de pontaria, Bruno. rsrsrs
Uma piada pra desanuviar:
Jesus olha pra galera e fala a frase clássica: Quem nunca errou que atire a primeira pedra.
Um português(devia ser uma pedra portuguesa hehehe) então joga uma certeiramente na pobre moça.
Jesus horrorizado, diz: Vc nunca errou, meu filho?
O Portuga: Dessa distância? Nunca!
PS: Me veio a mente agora uma entrevista da Marisa Monte na Playboy no início dos anos 90. Lá ela conta que tinha sido assaltada – roubaram o relógio – e que tinha dado boa sorte ao ladrão.
O jornalista, mais espantado do que Jesus aí em cima, retrucou: “Boa sorte??? Por que?”
Ela: “Entendi a situação, devia tá precisando muito, ele não foi demasiadamente violento…” Não com essas palavras, mas com esse sentido.
Enfim, são valores.
Vc deturpou, sim. Mas tá desculpado.
Abração e fim de papo!
José, o txt é um relato, extremamente pessoal, com minhas impressões do que ocorreu. Não é um tratado social, pra analisar os motivos e porquês dessa violência. Isso é outro assunto.
Vc está procurando a msg errada no txt e por isso se frustrou. E pior, me chamou até de “dondoca de condomínio” sem nem se dar ao trabalho de perguntar o que eu acho sobre o assunto.
Mas tacar pedra é muito fácil, né. Tem gente que não resiste.
Mais uma coisa tá dentro da outra, cara!
Que nem aquelas bonequinhas russas.
PS: Não é fácil, tem que ter pontaria.
Tá bom dessa prosa, man!
Não vou mais responder.
Saúde e Sorte
Primeiro,também me surpreendi com seu texto anacrônico.Vou lhe dizer que lí tudo,inclusive os comentários trocados entre você e o José.E quero deixar bem claro,não estou questionando o trauma de ser assaltado, nem o fato de que vc é tão trabalhador qto porteiro. Entretanto, partindo daí, comece pensando sobre os conflitos e as relações de poder que existem entre você e seus amigos que estavam dentro do carro, os bandidos e o porteiro e, é claro, todo o sistema (como brilhantemente Tropa de Elite conduz durante todo o roteiro,não vou entrar em spoilers,mas vc sabe). Acho que essa correlação de forças que o José quis explicar e infelizmente tripudiou da sua situação, o que tornou inviável o diálogo, porque havia uma barreira ali. E essa barreira é até bem parecida com a barreira entre os atores dessa história. Porque nem os bandidos, seja lá de que favela (ou não) entendem o seu lado de homem trabalhador, nem nós entendemos o lado do homem que rouba. Daí entra a questão da educação e acesso, mas tb não vamos nos sentir culpados porque nem os bandidos e o porteiro (e o filho do porteiro), não tiveram acesso a educação de qualidade, provavelmente não sabem o que é um intercâmbio e sequem sonharam em cursar uma Universidade. Ora, também não vamos levar a cabo uma ideia que todos os indivíduos são bons, claro, alguns fizeram a escolha do crime.Fato.
Embora, deixo aqui minha contribuição para um olhar de todo o problema que envolve um assalto. Que vai além dos celulares roubados, do trauma, da crueldade dos bandidos e do porteiro. Olhar o sistema, perceber a crueldade dele (repito,é cruel c vc,cruel comigo e cruel c eles), mas perceber as mudanças também que vem a longo prazo. O Plano Nacional da Cultura acaba de ser aprovado, o país tem Pontos de Cultura espalhados por todo país, a educação não tá perfeita é claro, mas estamos em processo em que muitos caminham para acessar a universidade. É isso, sempre frequento o blog, você tem todo direito de postar uma experiência particular por aqui, mas faça-o com destreza e apuração, aposto que dos milhares de acesso do blog muitos vão partir de uma simples análise do problema e falar de mais um assalto no Rio de Janeiro.
Bruno,
Lendo teu texto eu tendo a concordar com os críticos. Obviamente um assalto é algo muito ruim para a grande maioria das pessoas, alguns ficam abalados além da conta. Contudo, há sim uma dramatização no teu relato e tu expressas opinião e faz uma análise sobre o tema sim, de uma forma talvez mais aberta. Existe um hiato entre as classes sociais que vem de longa data, não acho que o assaltante não tem outra escolha, acredito que ele tenha: ser pedreiro, faxineiro, camelô, etc., dentre estas escolhas ele optou pelo crime, mas não pense que ele poderia escolher ser um médico, engenheiro ou coisa que o valha.
Acho que teu desabafo revela muito mais de ti que imaginas, e isso se apresenta _ ao meu ver – quando dizes que pagas teus impostos e citas o Tropa de Elite como se fosse a realidade objetivamente dada. Primeiro, pagar impostos é um dever do cidadão que o pode fazê-lo; segundo, ainda que inspirado na realidade, Tropa de elite é uma obra de ficção e carrega consigo exageros próprios do tipo de obra.
Citaste também o passeio tranqüilo em um ônibus em Londres, mas provavelmente um londrino não se sentiria tão seguro, uma vez que é um nativo e conhece melhor que um estudante de intercâmbio os perigos de sua cidade. Sem contar que o ônibus poderia ter explodido em algum atentado como no do metrô de Londres, outros países, outras violências. Venho de uma cidade cujas estatísticas apontam as taxas de latrocínio e assalto bem maiores que no Rio de Janeiro e lá eu sei que corro mais risco de assalto que aqui, e olha que já escapei de assaltos aqui no Rio.
Para finalizar, UPP não é problema, eu trabalhei em 5 delas e a vida das pessoas está muito melhor que antes e pode melhorar ainda mais. Para essas pessoas sim, o medo era cotidiano e a incerteza da vida se fazia presente, o que te aconteceu foi apenas a tua cidade pulando o teu cercadinho e se mostrando a ti e tu se assustaste.
Espero que isso não mais te aconteça, pois independentemente de ideologias e visões de mundo, ser assaltado é uma merda.
Abs,
André.
Oi Lori e André,
Que diferença faz conversar com quem realmente quer dizer algo, né?
Concordo com vcs, em tudo. Só que não estou aqui analisando as raízes, estou analisando um fato, isolado, e pessoal. Escrevi o que senti na hora e se escrevesse qualquer outra coisa, seria falso.
Todos os problemas que vcs descrevem são reais e precisam ser solucionados. Não há dúvida de que esse é o caminho. Mas nada disso é justificativa para assaltos como esse, e outros muito piores, acontecerem. É só isso que estou dizendo.
Quanto ao exemplo de Londres, André, concorda que a probabilidade do atentado a bomba vs um assalto no Rio é totalmente desproporcional? Perigo tem em toda parte, a questão é tamanho que isso toma do dia-a-dia.
Se vcs tiverem interesse em saber um pouco mais do que penso da situação em que vivemos e de como solucionar, esse txt e vídeo podem ajudar um pouco:
http://www.oesquema.com.br/urbe/2008/12/05/santa-marta-o-tunel-escuro.htm
Infelizmente, o que eu queria mesmo dizer, fui aconselhado a não fazer. E tenho certeza que isso faria muita diferença no entendimento do txt. Muita coisa eu enterrei tanto nas entrelinhas, que se perderam, viraram códigos.
A citação ao Tropa, por exemplo, não é ao filme, é a entrevista, e a um ponto específico dela. Não acho que a UPP é problema, agora o projeto a médio e longo prazo parece estar cheio de buracos e questões que precisam se endereçadas.
Dizem, está tudo vindo a tona. Vamos aguardar.
Eu disse um bocado, se vc não quis entender…
Lori e André entenderam.
PS: Brunão, vc cada vez se enrola mais, cara. “Muita coisa que quis dizer… Viraram códigos”
Putzzzzzzzzz! Ninguém merece!
José, vc não está a fim de conversar, está a fim de tumultuar, de impor seu método de ironia. E pra isso, não tenho tempo. Ou vc acha MESMO que não estou entendendo o que vc quer dizer?
Não estou preocupado em “não me enrolar”, mesmo porque, quando ouço bons argumentos, mudo de ideia sem problema nenhum. Se vc fosse leitor desse espaço a mais tempo saberia disso. Isso aqui é um espaço de trocas, embora vc ache “comentários em blogue” inúteis.
Parabéns pra vc, o valentão que foi assaltado e nem ligou, achou nada demais. Alegria essa sua de viver.
Todos são bem vindos aqui, mas se vc não merece, não volta, cara. É mto simples resolver sua aflição. Não entendo porque vc está se torturando aqui.
Bruno,esqueci de dizer,que sinto muito sobre o que aconteceu com você.E um blog tão bacana como “Os esquema/Urbe” dar atenção a questão da segurança pública já é uma vitória,porque temos sempre que trazer isso a tona,nunca banalizar e achar natural.E aos que estiverem mesmo interessados vão ler seu texto e os comentários e exprimir uma opinião critica sobre a questão.
Obrigado, Lori.
Aprendo muito nas trocas por aqui, pra mim é a parte mais importante. E não tenho milindre nenhum em mudar de opinião ou admitir quando falo besteira.
Continuo achando que não foi um chilique, prq apesar de todas as explicações sociais, é uma parada muito violenta. Em todo caso, percebi que algumas pessoas entenderam dessa forma.
Vai ver, porque me abstive de me aprofundar nessas questões, porque ela está presente em outros txts por aqui. Enfim, fica o aprendizado. Não dá pra resumir mto quando é uma questão cabeluda dessas.
Oi Bruno,
Acabei nem encontrando para falar direito sobre a historia, soube pelos outros que estavam no carro e depois pelo texto (realmente da para imaginar você ali).
Vendo os comentários tenho a certeza que todos tem suas verdades e suas razões.
O ponto que eu não consigo entender é essa facilidade de expor o ridículo das classes em qualquer argumento.
Partindo do ponto de algumas opiniões, somos (das classes mais baixas as mais altas, depende de quem conta a historia) um aglomerado de ridículos, alguns blindados outros não, que esperneia ao ser confrontado com o “real”, com tomar um tapa na cara, com ter seu “condomínio invadido pela verdadeira cidade”.
Esse papo que surge com tom engajado quando se fala de violencia no Rio é bem panfletário, quer dizer que o cara é assaltado com uma metralhadora, relata uma agressão pessoal em seu espaço pessoal e isso passa a ser o problema, não o fato em si.
A essa altura do campeonato alguém ainda acha que “roubar porque precisava” é justificável? É culpa do sistema? Não acho justificável o pai que toma um tiro indo para o trabalho (seja de porteiro ou jornalista), seja na troca de tiro por um ponto de boca ou por um arrastão mal sucedido.
Todo mundo tem opinião sobre Tropa de elite, sobre os grandes veículos de comunicação (esse grande não é para enaltecer, sim para mensurar), sobre o governo, sobre futebol… enfim, sobre tudo que acontece no pais ou no mundo. Cada opinião vem carregada das suas experiências pessoais e portanto diferente para cada um, até ai tudo bem, pode até ser um raciocínio bem “classe média burguesa” (ainda se pensa assim?… serio mesmo?), mas o que não é normal é ter assalto, briga, agressão, etc. com algo mais do que uma faca, canivete, garrafa ou a velha porrada mesmo…
Metralhadora, pistola, granada não pode atingir o nível de conformismo do “acorda para a realidade maricas” como se isso fosse noticia de ontem. “Não pode” não por ingenuidade, não pode porque é preciso preserve o mínimo de bom senso para o dia que essa merda tomar um rumo, alguém que preservou o bom senso possa contar historia (não importa de qual classe seja).
Vamos agora um exemplo de frescura em que quase todo mundo levou uma historinha para contar (imagino que a de quem puxou o gatilho, a de quem tomou o tiro, da mulher que tentava agachar como se estivesse em um filme do stallone, de quem filmou, viu…)
http://bit.ly/acontecetododia1
Então não diga que eu não disse. Eu disse, mas não da maneira que vc gosta. Aí, cara…
Sou valentão, não. Bambiei as pernas, normal devido a situação.
Agora, chiliquento eu não sou. Vc definiu bem.
Lucas, vc não acredita que a classe média burguesa(moralista, hipócrita, preconceituosa…) exista? Sério mesmo?
Pô, assina a Veja.
Por último e não menos importante, o saudoso e querido sociólogo Betinho disse certa vez:
“Um cidadão que vê seus filhos passarem fome tem o direito de roubar”
Fico feliz de andar bem acompanhado.
PS: Falô, Brunão, tô saindo fora.
Lucas,
essa realidade a qual vc se refere ja eh realidade para quem mora na favela, todos os dias. porrada, tiro, pé na porta, seja de traficante ou policial, isso eles já estão infelizmente acostumados. e pior: eles já estão tb acostumados a subir pelo elevador de serviço — ué, mas a lei não diz que somos todos iguais? –, a serem olhados meio de lado quando invadem a “nossa” praia etc. a classe média e alta da zona sul, não. ela fica indignada quando um dos tentáculos desta “realidade” a toca (um assalto, arrastão etc.). até aí, problema algum: é preciso ficar indignado sim, é preciso não deixar que o mal se banalize, e nos acostumemos com o pior. mas é preciso fazer isso de forma consciente, sabendo que estamos todos no mesmo barco. infelizmente, os moradores da zona sul tem a mania de achar que o problema são os outros: a policia, os bandidos, os politicos corruptos. eles, ao contrário, são cidadãos exemplares: são belgas que, por razões diversas, decidiram morar numa cidade cercada de rio de janeiro por todos os lados. então, é preciso ter indignação sim, mas voltá-la para algumas das causas desta situação de merda que está aí: esta política feita por sobre a lógica da exclusão (remove os favelados! impede a passagem! discrimina! cerca com muro!), do confronto (bope! cadeia! tortura! mas para eles: para nós, o delegado dá um jeitinho, né), e do “um peso, duas medidas” (porrada e violação dos direitos para os favelados; para nós, a proteção e a anuência da lei). é esta mentalidade de classe média e alta, esta mentalidade hierarquizante, que criou boa parte do problema que está aí. então, quando um morador da zona sul se sente indignado com um assalto, ele tem todo o direito de fazê-lo. ele só não pode é achar que está fora da equação, não pode é ignorar que ele tb é parte do problema.
e, por favor, não confunda “justificação” com “explicação”. justificar é tornar justo — e nada torna justo que, por exemplo, um cara invada a sua casa e mate a sua esposa, após roubar todos os pertences. e no entanto, há muitas explicações que podem ajudar a entender pq o cara fez isso daquela forma, ou pq este tipo de crime é mais comum aqui do que no interior do ceará, onde a pobreza é muito maior. do contrário, como explicar, por exemplo, a incrível frequência com que jovens americanos se armam até os dentes e inavdem universidades para matar quem estiver na frente e depois se suicidarem? coincidência? por obra do acaso, 90% dos jovens com inclinaçãoes a este tipo de crime resolvem nascer nos eua, naquele pedaço de terra entre o méxico e o canadá? claro que não. logo, devem haver fatores economicos, sociais e culturais que levam os jovens americanos a mostrarem maior propensão a este tipo de crime do que, por exemplo, seus vizinhos canadenses. estes fatores ajudam a explicar a ocorrência destes crimes, mas não os justificam. não são uma “desculpa sociológica”.
abraço
O que eu quis dizer – e se tanta gente não entendeu, é porque não está no txt mesmo – é o seguinte:
Se eu estiver jogando bola e alguém me der um bico na canela, eu vou dar um berro e reclamar, porque dói pra caralho. Mas não vou dar de volta, muito menos em todo time adversário, porque isso está errado. Mas vou berrar, isso não tem jeito.
Não sei se explica mto ou se piora o entendimento.
bruno, eu lamento esse teu caso todos os dias, afinal moro aqui do lado.
mas o que mais me espanta nesse episódio (e nesses últimos arrastões) é o que você mesmo disse sobre a grandeza da ação pra roubarem apenas celulares e poucos pertences. pra mim, é muito claro que eles só querem fazer barulho.
seja lá por que. se pelas UPPs, ou se tem alguma empresa privada de segurança envolvida.
Caro Bruno,
Sou carioca tb. E em apenas 32 anos de vida, já passei ( infelizmente ) por algumas situações de violência ( sempre absurdamente traumáticas ) assim como a que vc nos relatou tão bem. Já cheguei em casa tremendo e quase beijando o chão em agradecimento por estar viva depois de ter uma arma apontada para a minha cabeça…
É o auge da humilhação, impotência e indignação que um cidadão pode alcançar.
Não é preciso ter mais de 2 neurônios para entender perfeitamente ( é a primeira vez que leio e comento no seu blog ) o que você quis dizer. E é esse “dizer” que tanto nos falta hoje. Se pelo menos a grande parte da população recuperasse a sua capacidade de raciocinar, eu já estaria feliz. Fico extremamente desiludida ( pelo amor de Deus, sem o menor pingo de arrogância – longe disso ) com o nível das pessoas que comentam em blogs. Esse é o terrível retrato de nossa linda “classe média” ou “burguesia” ( alguns dos termos clichês que eles adoram encher a boca para falar ).
Fiquei perplexa com essa verborragia ridícula, e desprezível. Não quero citar nomes, pois jamais teria a paciência que você teve para responder à todos tão clara e coerentemente.
Fica aqui a minha solidariedade pelo o que passou.
É bom saber que no meio de tanto conformismo às cegas e cabeças vazias, alguns ainda sabem e irão sempre berrar.
Abraços!
é incrivel a prepotencia de alguns que ao falar tanta, mais tanta m*, ainda acha que ‘disse um bocado’.
a questão não é se uns são mais valentes do que outros perante a um assalto, ou se uns encaram a violencia como algo banal. A questão é que a violencia, sim, está presente na vida dos cariocas e deve ser contida. Como? Isso só deus sabe.
/URBe
por Bruno Natal
Cultura digital, música, urbanidades, documentários e jornalismo.
Não foi exatamente assim que começou, lá em 2003, e ainda deve mudar muito. A graça é essa.
falaurbe [@] gmail.com
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