sexta-feira

9

fevereiro 2007

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360°

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Kassin + 2
foto: URBe Fotos

Quarta-feira foi o lançamento oficial de “Futurismo” no Rio (a versão japonesa, com seis faixas a mais e lançada no começo de 2006, circula na rede faz tempo), disco que registra a terceira encarnação do projeto mutante +2, dessa vez com Kassin como homem de frente. Antes dele, Moreno +2 e Domenico +2 fizeram o papel de líder do não-trio. Não foi o primeiro show deles, que já haviam se apresentado no Humaitá pra Peixe 2005.

O +2 fica só no nome. No palco, a formação conta com Stephane San Juan na bateria e o baixista Alberto Continentino (do instrumental ContinenTrio). No disco, dá pra perder a conta das participações: João Donato, Los Hermanos, Adriana Calcanhoto, o parceiro Berna Ceppas, Jorge Mautner, Nelson Jacobina, Pedro Sá, a filhota Nara, Bidu Cordeiro, Daniel Carvalho, Roberto Polo e Felipe Pinaud.

O show começou cedo, as 23h, contrariando os horários insanos comuns ao Teatro Odisséia. Também na contra-mão do usual, o som estava alto o suficiente para não distorcer os instrumentos, resultando numa clareza e definição raras de se ouvir. Quando algumas boas bandas independentes finalmente entenderem que amplificador e PA no talo mais prejudicam do que ajudam, a cena vai dar um passo e tanto pra frente.

Músicas delicadas como o samba “Namorados” e as bossinhas “Pra lembrar” e “Futurismo” (e os “neurônios saltitantes” da letra), ganharam com o som bem passado. Por outro lado, o blá blá blá provocado pela social e vai-e-vêm excessivos do público, prejudicaram os que queriam simplesmente ouvir as músicas ao vivo.

Como homem de frente, Kassin se sai bem e consegue driblar sua voz pequena, imprimindo personalidade no cantar. Tímido e um tanto desajeitado, Kassin se soltou em “Ponto final”, divertindo-se com a letra, que fala: “eu quero mesmo andar pra frente / ser mais esperto, bonito e inteligente / eu quero mesmo estar na moda / fazer ginástica e andar de bicicleta”.

Kassin aproveitou a música-título do disco, cantada por Domenico Lancelloti, para ir para o fundo do palco, onde parece mais a vontade operando suas traquitanas eletrônicas e sintetizadores. Com o microfone para si, Domenico cantou algumas canções do seu disco, “Sincerely hot”. Soltou os metais de “Possibilidade” através de uma MPC e em “Aeroporto 77” ele brincou com a letra, sublinhando a frase “só dispersão, só dispersão”, reclamando discretamente do ruído provocado pela conversa da platéia.

Moreno Veloso tambem teve seu momento +2 e com a música do seu disco “Máquina de escrever música”. Sua releitura de “Deusa do amor” (Valter Farias, gravada pelo Olodum) foi uma das mais aplaudidas da noite.

Estreiando no acompanhamento do trio, substituindo Pedro Sá, o baixista Alberto Continentino também fez as vezes de guitarrista e ganhou elogios de Kassin ao ser apresentado: “no primeiro show ele já é o melhor da banda”.

O repertório deixou de fora uma das melhores do disco, “Mensagem”, que tem uma abertura feita com um vocal sintetizado de entortar as orelhas. Ou então essa foi uma das três primeiras, quando a fila pra entrar fez algumas pessoas perderem o início do show. “Tranquilo”, gravada por Thalma de Freitas em seu EP, encerrou a festa.

O balanço da guitarrada “Água”, com samples no estilo das aparelhagens de tecno brega, a esporração das guitarras do rock “Homem ao mar” ou “Astronauta”, sambas, ruídos eletrônicos e vários outros elementos de uma música brasileira bem além do ranço da MPB se encontram no mesmo disco, complementando uns aos outros, fazendo sentido lado a lado.

Com o lançamento do disco de Kassin se encerra o primeiro ciclo do +2. “Futurismo”, show e disco, olham pra frente e para trás, pra ontem e pro amanhã, para encontrar o agora. Uma visão 360° da música brasileira. Vamos esperar a próxima volta.

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  1. Paulo
  2. Rodrigo Hermann

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