Vira o Kony
Written by urbe, Posted in Digital, Urbanidades
A campanha Kony 2012 começou bem. Maior viral da história da rede, o efeito foi imediato. Porém, ah, porém… As coisas complicaram, surgiram diversas acusações (e defesas, essas menos inflamadas) quanto as reais intenções e métodos da ONG por trás do projeto, culminando num surto nervoso do fundador do movimento. Tudo em menos de 15 dias.
Apesar de sustentar que foi uma aula de mobilização, comprovada pelo própria proporção tomada, as questões políticas tomaram outro rumo na minha cabeça. O que no início parecia uma ótima causa (ainda que tenha googlado Kony após 5 minutos de vídeo pra ter certeza que não era uma pegadinha), observada mais de perto – ou com mais atenção – mostrou-se uma simplificação perigosíssima.
Não concordo com os questionamentos quanto ao destino da verba da ONG – investir 2/3 nos vídeos era investir na causa e, portanto, na ONG, que ganhou notoriedade e, portanto, validou o investimento. O pior foi a presunção de resolver o problema (na realidade, consequência de problemas) dos outros sem sequer perguntar se e como gostariam de ajuda.
Um dos melhores textos a respeito do assunto foi do escritor dos EUA de ascendência nigeriana Teju Cole, para revista The Atlantic, entitulado “The white savior industrial complex” (“O complexo industrial do salvador branco”, traduzido para diversas línguas, inclusive o português, se alguém tiver, manda o link, pf) e escrito a partir da repercussão de suas tuitadas sobre o assunto.
Voltei ao assunto só pra registrar que mudei de ideia.
Bruno, eu continuo achando que a principal dimensão simbolica da coisa (noção que nenhum genocida está a salvo no mundo) é bastante válida. Mas é realmente curioso como o mesmo poder de mobilização pode causar piração.
nós (os crescidos nos anos 80) que escutamos dos titãs que a televisão te deixa burro, muito burro demais já sabemos desconfiar do que assistimos.
agora falta a molecada nova aprender que nem tudo no youtube é de verdade.