quarta-feira

14

maio 2008

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Vampire Weekend e a arte de saber dosar

Written by , Posted in Música, Resenhas


Vampire Weekend, “Mansard roof”
vídeo e fotos: URBe

Antes da apresentação do Vampire Weekend, a abertura do White Williams (será a do Piquet?) foi pouco animadora. O quadro, porém, estava prestes a mudar.

Começando por uma vomitada colossal de uma menina, abrindo um clarão pertinho do palco e garantindo uma boa visão do show.

O bloqueio mental causado pelo excesso de hype em torno de algumas bandas é bem difícil de ser superado. As vezes, tanta falação pode ter o efeito contrário, gerando antipatia antes até de se escutar a primeira música.

Recebendo todos os elogios imagináveis na imprensa por seu disco de estréia, o homônimo “Vampire Weekend”, os nova-iorquinos sofrem desse mal. O pior para eles é que não cabe as bandas controlar a dose exata de buchicho para evitar a ressaca.

Enquanto pensava estar ignorando solenemente o Vampire Weekend, após repetidas audições no MySpace da banda enquanto lia as tais matérias a seu respeito, as músicas foram crescendo e a curiosidade aumentando.

Isso — somado ao fato de que só existe uma maneira realmente eficaz de se analisar uma banda: o palco — serviu de impulso para ir a porta do Electric Ballroom tentar a sorte .

Os ingressos estavam esgotados há meses, não se encontrava nem no eBay. Na porta, estavam pedindo 40 libras por uma entrada que originalmente custava 12 libras.

Os agressivos cambistas londrinos são uma turma complicada, tentam inclusive impedir a negociação entre pessoas que querem vender ingressos uma para as outras sem valores extorsivos.

Com sorte, consegue-se comprar pelo preço correto. E quando isso acontece, costuma ser sinal de uma noite boa vindo pela frente.


Vampire Weekend

O Vampire Weekend entrou em cena ovacionado. Vestidos como os garotos formados em faculdades da Ivy League que são, o visual era suéter e sapato, com uma postura levemente nerd. O vocalista estava com a mesmíssima roupa que tocou no Jimmy Kimmel Live. Figurino calculado?

Sem cerimônias, o Vampire Weeend abriu a apresentação com duas de suas músicas mais conhecidas, “Mansard roof” e “Cape Cod Kwassa Kwassa”, essa última sintetizando as intenções do quarteto.

Ezra Koenig centraliza as atenções da formação simples (guitarra, teclado, baixo e bateria), não apenas por ser o cantor. Sua guitarra é o que mais se destaca no diferencial na sonoridade do grupo: as influências do pop africano, de juju music nigeriada ao soukous congolês, também explorados por Peter Gabriel no passado.

Sem se basear nos riffs ou power chords dos onipresentes grupos de rock, o teclado e a guitarra fazem frases, repetidas diversas vezes, indo e voltando, como num mantra pop.

Bem mais pesados ao vivo do que em disco, o segredo do sucesso da banda talvez resida justamente em saber dosar as influências africanas.

A mistura é apenas o bastante para tornar o som diferente do resto. Sem cabecismos, mas também sem atalhos. E, o mais importante, permanecendo pop.

Além de “Oxford comma”, “A-Punk”, “One (Blake’s got a new face)”, “The kids don’t stand a chance” e todo o repertório do disco, vieram também duas músicas novas. Ambas devem fazer parte do novo trabalho, em processo inicial de composição, como o vocalista disse durante o show.

Uma delas, tinha pegada parecida com a de uma guitarrada paraense. Seria interessante saber o que aconteceria se o Vampire Weekend topasse com os mestres Vieira, Curica, Aldo Sena ou mesmo com o La Pupuña.

No palco, o Vampire Weekend confirma o burburinho, obrigando os detratores a darem o braço a torcer. A banda é mesmo boa.

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