Como de costume, não é uma lista de melhores discos, e sim uma lista de bons discos. Além de ser muito complicado hierarquizar músicas de estilos diferentes, tem também o fato de que é impossível ouvir tudo que sai. Fatalmente algo muito bom ficou de fora da lista, então se você notou isso, deixe dicas e puxões de orelha nos comentários.
A disputa ficou apertada com o Taylor McFerrin no quesito número de audições, porém o que “Early Riser” tem de sobra no quesito performance, “Lost In The Dream” tem no fator canções, acaba grudando mais no ouvido. A porta de entrada é “Red Eyes”, mas quando o ouvinte se dá conta já foi sugado pelas influências de Tom Petty, Bruce Springsteen, Fleetwood Mac, rock oitentista proposta por Adam Granduciel. O disco passa como num galope, deixando ouvinte atordoado e zonzo, perdido num sonho.
Os critérios de escolha dos bons discos de 2014 continuam praticamente idênticos ao ano passado. Outra vez, acho que faltou inspiração nas bandas brasileiras, está tudo muito igual – tanto entre si quanto nas próprias bandas se repetindo. Isso acaba afetando mais o volume do que a qualidade, resultando em poucos bons disco.
Discorda? Problema nenhum. Em vez de pedradas e xingamentos, deixe dicas nos comentários.
A molecada do O Terno tem a seu favor justamente ser uma molecada. Sem muito compromisso ou pretensão, fizeram um disco que critica justamente a cena em que estão inseridos, entortando os clichês pra gerar algo novo. Isso é o mais interessante: não é exatamente um disco que aponte algo novo, porém ao simplesmente dar um passo pro lado e ousar ir numa direção um pouco (mas nem tão) diferente das bandas da sua geração, O Terno conseguiu se destacar. Vamos ver o que encontram nesse caminho mais adiante.
E eu achando que em 2013 tinha visto pouco show… 2014, também conhecido como dois mil e catarse, passou como um relâmpago. A lista abaixo segue sem nenhuma ordem específica, tirando o primeiro lugar, dos melhores shows assistidos esse ano. Lembrando sempre, claro, que lista de shows é ainda mais pessoal do que de discos, pois dificilmente duas pessoas viram todos os mesmos shows no ano.
Já era a terceira vez dos australianos no Rio – a segunda só na turnê desse disco. Pensa que diminui o ímpeto? Nada disso. A cada nova passagem pela cidade o Tame Impala mostra evolução técnica e de palco, o show cresce, assim como os discos. As músicas chapadas desabrocham, as letras herméticas/ambíguas/cifradas se abrem, a viagem decola. Ano que vem deve sair o terceiro disco do projeto de Kevin Parker. É certo de que vindo novamente ao Brasil, o Tame Impala se credencia para mais uma vaga nas listas de shows do ano.
Sozinho no palco, com dois teclados, laptop e controladoras, o australiano Nicholas James Murphy expande suas gravações, surpreendendo pela pressão e vocação pra pista de algumas faixas. Tão surpreendente quanto isso foi a quantidade de “curtir” e comentários que a foto postada no Instagram recebeu. Pelas beiradas, Chet Faker, que tocou num show fechado em SP, parece já ter construído um público por esses lados. Em 2015 há boas chances dele tocar por aqui, dessa vez pro seu público. Na torcida.
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Tom Petty & The Heartbreakers (The Forum, Los Angeles)
Há 20 anos vi Tom Petty ao vivo pela primeira e única vez, quando ele participou do Bridge School Benefit, em São Francisco, junto com o Pearl Jam, maior motivo da minha ida. Era um show curto, apenas algumas músicas, ficou faltando tudo. dessa vez era um show completo, e no lugar que a banda chama de casa por ter hospedado alguns das suas principais apresentações (o recém reinaugurado The Forum, em Los Angeles). O disco lançzdo ano, “Hypnotic Eye”, é bem bom, mas confesso que fui ao show mais pelo passado do que pelo presente, pelo programa mesmo. Foi uma grande surpresa ver a banda afiadíssima, desfilando hits e mais hits.
O Metronomy é daquelas bandas que é sempre legal ver o show novo. Não foi diferente nessa turnê de “Love Letters”, quarto disco da banda (ou terceiro, de certa forma, já que o primeiro passou praticamente batido por todos). Apesar de muito bom, “Love Letters” é inferior ao anterior, “English Riviera”, o que puxou o show um pouco pra baixo. Porém, com o repertório que tem e a qualidade dos músicos, até com alguma coisa jogando contra é difícil o Metronomy fazer um show ruim.
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De La Soul (Circo Voador)
Clássico é clássico e vice-versa. Show obrigatório, mesmo não sendo novidade. A noite foi uma verdadeira celebração da cultura hip hop.
Já perdi as contas de quantos shows do BBNG vi. Antes do primeiro disco, depois, em lugares pequenos, outros maiores, tocando com Frank Ocean… Fato é que toda vez é surpreendente, muito porque a banda não se aquieta, tanto por estar ainda buscando a própria identidade, quanto por estar sempre em transformação. O show de lançamento do terceiro disco cheio (fora a tonelada de EPs, participações e versões soltas por aí), “III”, no XOYO, em Londres, foi especial também para banda. Era a primeira vez tocando sozinhos na cidade e num lugar de tamanho decente, com ingressos esgotados. Uma noite mágica.
Conhecido pelas produções detalhadas (ouça o remix de “Do You…”, do Miguel), o set do Cashmere Cat não decepciona, equilibrando as facetas farofentas de agradador de pista com produções mais elaboradas. É tudo que um bom set farofa deveria ser.
Poucos cenários seriam tão perfeitos para um show show do Forrest Swords do que uma igreja. E foi exatamente nesse ambiente que se deu uma meditação profunda, em Austin, no Texas, durante o frenesi que é o SXSW. Um show difícil de acontecer por conta da dificuldade de público para encher um lugar minimamente grande, foi uma sorte ter esbarrado com o Forrest Swords ao vivo. Talvez não tenha outra chance.
“BOOM! BOOM! BOOM! BOOM!”, na cabeça, na barriga, no meio dos peitos. Uma verdadeira surra de graves, num pub xexelento, cujo equipamento dava um verdadeiro baile nos melhores clubes do Rio. É de se pensar até quando vai se perpetuar a mentalidade de que a qualidade do som não é fundamental numa casa. Um dia muda.
Quer grave? Mais grave? Então marca dois encontros com o Mala. Um dos sobreviventes da primeira leva do dubstep, conseguindo dar sequência na carreira mesmo após o cataclisma Skrillex, Mala tem patente alta, dá aula e é bigode grosso na cena bass.
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Jagwar Ma (Miranda)
Ninguém dava nada pro show dos australianos (mais um!), tanto foi que não conseguiram chegar nem perto de esgotar ingressos para o diminuto Miranda. Azar de quem não foi. Com forte influência da Madchester, o Jagwar Ma oferecer uma viagem dançante psicodélica para os que estiveram presente. Tomara que voltem pra se apresentar pra mais gente.
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/URBe
por Bruno Natal
Cultura digital, música, urbanidades, documentários e jornalismo.
Não foi exatamente assim que começou, lá em 2003, e ainda deve mudar muito. A graça é essa.