mateus aragao Archive

segunda-feira

18

novembro 2013

1

COMMENTS

Transcultura #127: Rio Parada Funk 2013 // Batman

Written by , Posted in Imprensa, Música, Urbanidades

Rio-Parada-Funk-2011_Guito-Moreto-61
foto: divulgação/Guito Moreto

Versão integral e sem edição do texto na da semana passada da “Transcultura”, coluna que publico todas as sextas no jornal O Globo:

Rio Parada Funk chega à 3ª edição, desta vez na Apoteose
Doze palcos contarão a história do gênero musical no próximo dia 24. Ao todo, serão mais de cem atrações, como MC Marcinho, DJ Marlboro e Tati Quebra-Barraco
por Bruno Natal

Mesmo tendo apenas dois anos de existência, a Rio Parada Funk já passou pelos mesmos altos e baixos, sempre extremos, que o funk atravessa desde seu surgimento no final dos anos 80. Perseguido, marginalizado, exaltado, celebrado e novamente esculachado, o funk hora é criticado pelo teor violento e sexual das letras, hora elogiado pelo retrato social preciso e pela auto-gestão bem sucedida. Nessa turbulenta relação com a sociedade a única constante é o fato de que o funk nunca pára, sempre se reinventa, transforma e surpreende.

Chegando a terceira edição terá 12 palcos contando a história do funk, comandados pelas principais equipes de som, com nomes como “Clima dos Bailes”, “Favela tem Conceito”, “Outro Lado da Poça” e “Clube Balanço/Funk Nacional”. Serão mais de 100 atrações, incluindo MC Marcinho, DJ Marlboro, Tati Quebra Barraco, MC Sabrina e Coringa, selecionadas pelo lendário DJ Grand Master Raphael e uma junta de especialistas no gênero.

O baile a céu aberto acontecerá semana que vem na Praça da Apoteose, dia 24 de novembro, das 12h as 22h. O local por si só é uma vitória emblemática.

— Além de toda a simbologia, a Apoteose é a casa do samba, que assim como o funk, foi marginalizado, até virar trilha oficial do Rio. Representa muito para o movimento – comemora Mateus.

Quando concebeu a primeira edição da RPF, em 2011, o idealizador Mateus Aragão foi considerado um louco por apenas cogitar a ideia de realizar um baile desse tamanho. Por conta disso, o evento teve seu local transferido três vezes pelas autoridades antes de aportar no Largo da Carioca, no Centro, atraindo dezenas de milhares de pessoas para conferir as equipes de som tocando de graça nas ruas. No ano seguinte, na Lapa, o saldo foi novamente positivio, surpreendendo os críticos: nenhuma ocorrência policial ou registro de confusão.

Esse ano, finalmente há o apoio oficial da prefeitura, oferecendo infra estrutura, além da presença da Guarda Municipal e da PM, que promete inserir a Rio Parada Funk no calendário oficial da cidade.

— Quem diria que um dia o maior baile funk teria apoio da prefeitura? Recebemos apoio de infra estrutura, sem a qual o evento não seria realizado. Não temos patrocínio. Fazemos este evento porque sabemos de sua relevância. Os artistas são todos voluntários, se apresentam na Rio Parada Funk porque acreditam nele. Tudo pelo funk.

Para garantir a segurança e conforto, os ingressos gratuitos deverão ser impressos pelo público após um cadastro online na página da RPF. Cada pessoa cadastrada poderá imprimir quatro ingressos, sem o qual não se entrará no evento. [atualização: os ingressos estão esgotados]

A expectativa da produção é de que 20 mil pessoas passem pelo local — números bem mais baixos do que nos anos anteriores, quando reuniu 160 mil pessoas, de acordo com os organizadores. O momento, no entanto, é de ascensão, com nomes como Annita e Naldo em evidência. Preocupados em preservar a história do funk, a RPF tem como marca os palcos dedicados a épocas e artistas importantes do gênero, assim como apontar pro futuro.

— Optamos por contar a história do movimento, pois muitos ainda não a conhecem. O funk reúne diversas gerações, que se emocionam com a essa trajetória e isso é muito importante para nós. Mas garantimos espaço para todas as gerações. O palco Tamborzão, por exemplo, comandado pela equipe do Mr. Catra, representa este célebre momento do funk atual. O palco Funk Mundial tem produções de estrangeiros. Sem saudosismo, pensamos sempre no futuro. Como diz o Paulinho da Viola, “quando eu penso no futuro, não esqueço meu passado”.

Não será esse ano que artistas internacionais, que tanto influenciaram o surgimento do funk, participarão da festa. ainda não

— Já recebemos artistas como Stevie B. e Trinere na “Eu Amo Baile Funk”, festa que produzo há quase 10 anos. Eles querem muito vir, mas não tivemos recursos para pagar a passagem deles.

Os sonhos de Mateus para o evento e para o funk de forma geral são ambiciosos.

— Estamos muito felizes , porém muito longe de onde queremos ver o funk chegar. O desejo é ver um grande centro totalmente dedicado a cultura funk. É muito legal ver São Paulo tomado pelo funk, assim como ver artistas do rap de São Paulo gravando funk. Em breve, queremos realizar a Parada Funk também fora do Brasil, para mostrarmos ao mundo como nossa cultura é importante.

Tchequirau

Batman_TheDeal

“The Deal” – Essa semana, a fan fiction do Batman “The Deal”, escrita por Geraldo Preciado, desenhada por Daniel Bayliss e publicada online, causou fervor entre os fãs de HQ. É coisa fina mesmo.

segunda-feira

12

novembro 2012

0

COMMENTS

Transcultura #098: II Rio Parada Funk // doo doo doo

Written by , Posted in Imprensa, Música


Mr. Catra na I Rio Parada Funk, 2011
foto: Guito Moreto/divulgacão

A versão extendida do meu texto da semana passada da coluna “Transcultura”, que publico todas as sextas no jornal O Globo:

A volta do baile
Depois de reunir milhares de pessoas, mais de 150 DJs, MCs e dançarinos, Rio Parada Funk terá sua segunda edição no dia 9 de dezembro, na Lapa, mas organizadores ainda enfrentam desafios
por Bruno Natal

A primeira edição do Rio Parada Funk, ano passado, reuniu mais de 150 DJ, MCs e dançarinos para celebrar a cultura funk. Espalhado em mais de 10 palcos no Largo da Carioca e adjacências, o evento se transformou no maior baile funk da história, com alguns jornais chegando a noticiar um público de 100 mil pessoas, incluindo turistas estrangeiros e gente que veio de outros estados só pra conferir a festa.

Os números grandiosos seriam impensáveis há nem tanto tempo atrás, quando o funk viveu seu pior período de perseguição pós-arrastão do Arpoador em 1992 (creditado aos “funkeiros”, termo tão sem sentido quanto “roqueiro”, corretamente banido no manual de redação do saudoso Rio Fanzine), com as pancadarias dos bailes de corredor, a violência dos proibidões e letras de explícitas.

– É sempre difícil trabalhar com cultura, principalmente as marginalizadas, como o funk. Na primeira edição tivemos dificuldades com o IPHAN, que entendeu que o evento não podia acontecer na Cinelândia porque abalaria as estruturas do Theatro Municipal – conta Mateus Aragão, fundador da festa Eu Amo Baile Funk e organizador do Rio Parada Funk.

O reconhecimento internacional de 2003 em diante ajudou a amolecer o preconceito local em relação ao funk, iluminando aspectos sócio-culturais importantes e dando chance ao gênero de se mostrar além das polêmicas. Porém, continua o funk continua sendo funk e nada vem fácil. Apesar do sucesso, contrariando prognósticos alarmistas, a segunda edição do Rio Parada Funk, no dia 09 de dezembro, na Lapa, enfrenta dificuldades.

– O maior desafio para este ano está sendo mesmo garantir os apoios para a infraestrutura do evento. Apesar de os artistas e equipes de som não estarem recebendo cachês, precisamos garantir a infra estrutura, como geradores, banheiros químicos, segurança, etc – continua Mateus.

O receio de marcas em relação ao funk também não ajuda. A mudança de local, saindo do Largo da Carioca, também trouxe transtornos. A produção não conseguiu datas no Sambódromo e, com isso, cervejarias e empresas de telefonia cancelaram o patrocínio. O novo endereço é a Lapa, acostumado a grandes públicos.

– Tivemos promessas de patrocínio que não foram cumpridas, alguns não completaram o pagamento prometido, o que me levou a investir tudo o que tínhamos juntado em sete anos de Eu Amo Baile Funk. E tivemos patrocinadores que pagaram, mas não deixaram a marca deles aparecer. Querem ajudar ,mas não se associar ao movimento funk – continua Mateus.

Segundo Mateus, a edição desse ano, veja só, acontece principalmente devido ao apoio da Prefeitura e da Secretaria de Cultura do Governo do Estado – parte do mesmo poder público que marginalizou a cultura funk até pouco tempo. Uma grande virada.

– Foi uma emoção muito grande para todos envolvidos na primeira edição. Muitos não acreditavam que conseguíriamos sequer autorização para que o Rio Parada Funk acontecesse. Todos nós tínhamos a sensação de estar fazendo história. E o sentimento maior foi para o fato de, pela primeira vez, o funk ser tratado como protagonista. Nos sentimos vitoriosos na luta contra o preconceito da mídia.

Por conta do sucesso da primeira edição, a disputa para ser uma das 10 equipes escaladas foi grande, todos de olho na exposição trazida pelo evento (confira a escalação no box). O principal critério de escolha é a contribuição do candidato para inovações e história do funk. Nesse quesito, ninguém merece mais homenagens do que o dançarino Gualter Damasceno, mais conhecido como Gambá, jovem criador do Passinho do Menor da Favela, febre da molecada da comunidades, registrada no documentário “Batalha do Passinho”, de Emílio Domingos (vencedor do Festival do Rio esse ano). Gambá foi brutalmente assassinado antes de ver a história da sua invenção ganhar as telas.

Filme, Parada, aos poucos o funk vai ampliando seu espaço na sociedade – dizer conquistando estaria totalmente errado, o funk é onipresente no Rio e faz parte ad cultura da cidade, mesmo que alguns continuem torcendo o nariz.

– O funk é um produto 100% carioca, movimenta milhões de reais e de jovens, é um produto direcionado principalmente para eles, gerando milhares de empregos, mesmo sendo informais. O mais interessante talvez seja o interesse que o funk desperta fora do estado e do país, cada vez mais o Rio é representado pelo funk carioca. Além disso, o funk promove o debate sobre juventude negra e favelada, apontando sugestões e perspectivas.

Então, não esqueça: da 09 de dezembro é dia de baile.

Tchequirau

Uma das bandas mais originais no cenário carioca, o doo doo doo lançou clipe novo, “Carnaval no Fogo”. Antes teve “Maré Exquizita” e “Mais”. O disco de estreia sai dia 19 de novembro, é ver se confirma as expectativas.