mad decent Archive

segunda-feira

5

abril 2010

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Balanço do SXSW 2010

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A leitora Maria Bocayuva foi ao festival South By Southwest, no Texas, e enviou suas fotos e relatos para serem publicados aqui no URBe. Conta aê, Maria:


Bem vindos ao SXSW: estação rodoviária de Austin, Texas
fotos e texto: Maria Bocayuva

Todas as bandas que brotam no mundo virtual, espalhadas por blogues de musica, estavam reunidas no SXSW. O festival é o mundo real do Hype Machine.


Born Ruffians

Como vivi cinco anos em Vancouver, no primeiro dia resolvi ir direto para a tenda canadense. As duas bandas que mais curti foram You Say Party, We Say Die e Born Ruffians . Dei um pulo na sala onde o apresentador Nardwar estava mostrando o vídeo de uma das entrevistas mais surpreendentes da vida do Pharell Williams.

Parti para o Fader Fort, tenda da revista Fader, onde a fila estava imensa. Tive a sorte de chegar na hora que os Local Natives ainda estavam tocando, os caras são muito bons.


Produtos e fãs tirando fotos com o Gagakirise

Do Canadá fui para o Japão. Entrei no quintal de uma casinha pequena com um som experimental, pesado. A dupla Gagakirise simplesmente sabe o que está fazendo. Vale a pena conferir se você curte um punk metal. O Japão teve presença forte no SXSW.


The Golden Filter

Não lembro mais o que que era noite e o que era dia, passeando pelas ruas que estavam fechadas para carros, ouvi o som da música chamada Solid Gold e me empolguei, não sabia que a bandinha eletrônica Golden Filter estaria tocando no Emo´s.


WhoMadeWho

Estávamos indo para esse bar para ver o grupo dinamarquês WhoMadeWho. Nunca vi um show tão manerio na minha vida. Os caras fazem uma música chocante, o som varia de rock psicodélico para pop eletro-synth.

Tinham me falado que o Matias Aguayo ia tocar logo após, não sabia muito bem qual era a dele e para ser sincera, não quis ficar até o final. Parece que “RollerSkate” é maneirinha, mas o show dele, nada imperdível.


No palco com Esau Mwammaya, do The Very Best

Fui direto para o outro palco esperar The Very Best, que sacudiu a plateia inteira até o final, quando eles deixaram todo mundo subir no palco. Nunca participei de um show tão alegre. Parecia que estava no Brasil.

Um dos prazeres que tiver foi de conhecer um trio muito bacana, os DJ´s Flosstradamus e a irmãzinha de um deles, a artista MC KidSister. A fama que estão tendo não subiu a cabeça e além de fazerem uma música irada foram as pessoas mais simpáticas que conheci durante o festival.



Parque de diversoes da Mad Decent

A Mad Decent, produtora do Diplo, simplesmente montou um parque de diversões no quintal do Centro Cultural Mexicano de Austin. A dupla Glass Candy tocou e a noite rolavam umas raves secretas, onde a coisa que mais me surpreendeu não foi o som, mas as artes visuais que estavam sendo projetadas nas paredes. O artista Juan Riviera, criador de DEMONBABIES, é um talento.


A dupla Sueca First Aid Kit tocaram sua versão para “Tiger Mountain Peasant Song”,do Fleet Foxes.

A banda Fool’s Gold no palco do Emo’s. Os caras mandam muito, fazem um som das arábias, com um gingado meio afro-pop, “Surprise Hotel” é bem boa.

Edo VanBreeman do Brasstronaut, banda canadense que faz um jazzy-pop com guitarra, piano e sax. Os caras tão explodindo lá fora.

Valeu, Maria!

quarta-feira

25

março 2009

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Cumbia digital

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Um dos produtores da Dancing Cheetah, o DJ Chicodub escreveu um texto dando uma geral na cena da cumbia digital, que vem varrendo a América Latina, para o blogue da festa.

Sem dó nem piedade, tunguei o texto inteirinho, com todos os vídeos, links, MP3s e imagens. Fala aê, Chicodub:

colombia

A cumbia nasceu na região caribenha do que hoje é a Colômbia, principalmente nas províncias de Cartagena e Barranquila, durante o período de colonização espanhola. Tentando preservar suas tradições culturais, escravos trazidos da África pelos espanhóis começaram a usar sua danças típicas e forte percussão com intuitos de flerte.

Nessa época, a cumbia (que tem seu nome derivado do termo cambé, que significa festa) era mais conhecida como dança, já que a música era apenas percussiva – tambores e clavas, Numa segunda fase, influenciados pela música dos nativos habitantes de regiões montanhosas e seus instrumentos de sopro, criou-se no início do século 19 uma mistura tal que fez surgir a figura do gaitero, o intérprete.

Posteriormente, surge o violão e o acordeón dos espanhóis, acrescentando mais um elemento numa mistura sonora que conquistou, no século 20, Panamá, Mexico, Argentina, Chile, El Salvador, Honduras, Equador, Perú, Bolívia, entre outros, cada qual com a sua versão particular do gênero.

chicha libre

No Perú, por exemplo, surgiu nos anos 60 uma variação da cumbia chamada chicha. Basicamente, uma mistura de cumbia e rock, principalmente o surf rock de Dick Dale, só que com uma pegada andina nas melodias. Seleciono aqui três clássicas cumbias colombianas dos anos 60, sonoridade tida como supra-sumo pelos críticos especializados.

Destaque também para duas chichas coletadas na obra prima “The roots of chicha: psychedelic cumbias from Peru”. Por conta dessa coletânea, vejam vocês, até mesmo os norte-americanos tem explorado a sua peculiar sonoridade. Entrem no myspace do Chicha Libre e confiram.

Armando Hernandez – “La Zenaida”

Luiz Pérez – “La morena encarnacion”

Alfredo Gutierrez – “El diario de un borracho”

Los Mirlos – “El milagro verde”

Los Mirlos – “Sonido Amazonico”

Até o século 20, a cumbia era conhecida como uma dança vulgar praticada pelas camadas economicamente mais baixas da sociedade. Isso permaneceu pelo menos até o meio do século passado, quando o termo “cumbia” passou a ser mais assossiado a música. Ainda assim, o preconceito aristocrata permanece até hoje, mesmo com a explosão popular que tomou conta do gênero na segunda fase do século 20.

Durante muito tempo, seus temas não saiam muito de histórias de amor, romances impossíveis tipo novela mexicana, experiências do cotidiano, enfim, música pop. Eis que surge na Argentina uma nova sonoridade a partir dos anos 2000 através da cumbia villera, ou a cumbia das favelas.

Cansados dos mesmos temas e sentindo falta de músicas que retratassem de fato a (dura) vida nos guetos, a cumbia villera surge, talvez incluenciada pela grave crise que assolou aquele país, e inaugura uma espécie de fase gangsta rap na cumbia. E tome música falando de armas, crime, tráfico de drogas e sexo.

é um show de rock? de hardcore?? de speed-trash-metal??? não! é um show do damas gratis!!!
É um show de rock? Hardcore?? Speed-trash-metal??? Não! É o Damas Gratis!

Pablo Lescano, do Damas Gratis, é, talvez, o grande herói da cumbia villera, o cara que moldou esse tipo de som.

Damas Gratis – “Re loco re mamado”


Damas Gratis, “Alza la manos”

Quem duela pau a pau com o Damas Gratis em termos de popularidade na Argentina é o Pibes Chorros. Reparem como cai por completo o estereótipo que temos dos argentinos – Cadê as louras com carinha de européia? E os mullets?

Pibes Chorros – “Que calor”


Pibes Chorros, “Pamela”

Abaixo, um vídeo com Pibes Chorros e Damas Gratis duelando num programa de auditório argentino!


Pibes X Damas

E duas das maiores paixões portenhas: cumbia e futebol num vídeo do Yerba Brava:


Yerba Brava, “La cumbia de los trapos”

sonidero nacional

Só que foi do México, mais precisamente de Monterrey, estado com uma cena fortíssima de artistas de cumbia, que surgiu o hit que levou a cumbia ao crossover internacional, muito por causa do filme Babel.

Com produção de Toy Selectah, membro de um dos grupos mais famosos de hip-hop da história mexicana, o Control Machete, “Cumbia sobre el rio”, de Celso Piña, é uma bomba poderosa.

Celso Piña – “Cumbia sobre el rio”


Celso Piña, “El tren”

(em ambas as músicas acima os vocais estão a cargo do venezuelano Blanquito Man, da seminal banda King Changó)

tormenta tropical

Toy Selectah, também membro do Sonidero Nacional e hoje parte do elenco da Mad Decent, do Diplo, tem presença ativa num dos discos mais sensacionais dos anos 2000 em todos os estilos, o “Mexican Sessions”, dos ingleses do Up Bustle & Out. Disco que dá um panorama muito bom da cena de Monterrey, recheada de flertes com o reggae, o hip-hop e o reggaeton.

“Mundo Insolito” (Toy Selectah/ Control Machete Remix)


Up, Bustle & Out, “Cumbion Mountain”

zzk

É também da Argentina, através do coletivo Zizek, ou ZZK, que vem uma espécie de cumbia digital que não tem medo algum de absorver outros estilos, flertando com tudo quanto é guetto music, funk carioca inclusive. Festa, selo, e agência (os três beem hypados) com vários artistas portenhos liderados por Villa Diamante, o ZZK produz os sons mais interessantes da cumbia hoje em dia.

Por conta do cruzamento colossal com outros estilos – os Zizeks também são muito bons nos mashups – a cumbia está tomando conta dos Estados Unidos na forma do label Bersa Discos e da sua festa regular em São Francisco, a Tormenta Tropical.

Mês que vem, o ZZK estará representando a cumbia no mais importante festival de música hoje, o americano Coachella. Se hoje já tem até holandês fazendo cumbia, o sensacional Sonido Del Principe, depois do Coachella el cielo es el límite.

Termino este breve panorama cumbiambero com quatro pepitas do Zizek crew (uma delas com uma certa cantora que vocês devem conhecer) e um petardo subsônico do Sonido Del Principe via Bersa Discos. Cuuuuuuuuumbia!!!

frikstailers

Frikstailers – Ta duro kuduro”

El Trip Selector – “Cumbia del piano triste”

El Remolon feat. Marina – “Vem que tem”

Sonido del Principe – “El principe”

terça-feira

14

outubro 2008

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