hammersmith apollo Archive

sexta-feira

11

abril 2008

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Portishead, a volta

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fotos e vídeo: URBe TV e Zarapas

Dez anos depois, o Portishead fez seu retorno aos palcos londrinos no bacana Hammersmith Apollo, abrindo com o mesmo sample non-sense em português da nova “Silence”.

Um problema técnico nas primeiras músicas, fez a banda interromper o show logo após “Mysterons”. Acompanhados por um baixista e um baterista cascudos, Geoff Barrow (produção, programação e toca-discos), Adrian Utley (guitarra) e ela, Beth Gibbons (vocal), voltaram rapidamente para hipnotizar a grande massa de trintões saudosos.

A banda estava toda vestida de preto, mas mesmo assim, ao vivo, pareceu de certa maneira menos dark. Ou, no mínimo, menos pesado. Pode ser por conta da maior ênfase na guitarra e na bateria atualmente.

As músicas do novo disco, “Third”, se misturam com o repertório dos outros dois de maneira mais natural do que se poderia esperar numa primeira audição. É uma evolução, novos caminhos, apesar de ter havido críticas quanto a uma certa massive attackzação do som.

Agarrada ao microfone, e sem poder fumar (hoje em dia, na Inglaterra, é proibido fumar em lugares fechados e isso se extende ao palco), Gibbons não disse uma palavra ao público, deixando sua interpretação sofrida e voz perfeitas darem o recado.

“Wandering Star” foi tocada apenas pelo trio central, em formato acústico, e as radiofônicas “Glory box” e “Sour times”, intercaladas no meio do repertório, sem maiores destaques, mataram a vontade de quem estava lá só pra isso.

Cercada por telões com efeitos digitais com tudo pra parecerem ultrapassados, antes de virarem estética (esse assunto está se tornando recorrente), a banda conseguiu mostrar que continua relevante.

Se o som é datado, certamente é num bom sentido. Talvez seja mais justo falar em uma sonoridade que marcou uma época, não o contrário.

Repertório:

Silence
Hunter
Mysterons
The rip
Glory box
Numb
Magic doors
Wandering star
Machine gun
Over
Sour times
Nylon smile
Cowboys

Threads
Roads
We carry on

quinta-feira

13

dezembro 2007

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Punk Cigano

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URBe Fotos

Numa época que bandas inexperientes, ou pior que isso, sem a menor idéia do que se fazer ao vivo em cima de um palco (o que, em muitos casos, poderia resolver o problema), sob a justificativa da “revolução da internet” apresentam porcamente seus MP3s nas principais cidades do planeta, um SHOW, com letras maiúsculas, como o do Gogol Bordello colocam as coisas em perspectiva.

Houve um tempo — não tão distante — em que não bastava aparecer igualzinho ao fotolog debaixo dos holofotes para se protagonizar um espetáculo. Era preciso, no mínimo, um pouco mais de carisma e talento — coisa que muitos nomes dessa geração possuem, somente não se dão o tempo de desenvolvê-lo antes de se profissionalizar virtualmente.

Diferente do batalhão que têm o Coachella, a maior concentração de bandas pequenas do planeta, como olimpo e objetivo final (sem saber o que fazer depois que, rapidamente, chegam lá; vide Clap Your Hands Say Yeah, Peter, Bjorn & John e outros tantos), o Gogol Bordello, que já passou pelo deserto californiano sem que isso tenha significado seu auge, tem um plano mais bem traçado.


Gogol Bordello

Pode ser que o fato de assistir ao show sentado num teatro (Hammersmith Apollo) influencie na leitura de que a performance é metade da apresentação, como no caso dos brasileiros do Brasov, Móveis Coloniais de Acaju ou Cordel do Fogo Encantado.

Seja como for, a mistura de sonoridades do leste europeu, acordeon, punk, dub via The Clash, dançarinas, coreografias e a figura central do vocalista/violonista Eugene Hütz, cantando, pulando, brincando com os roadies em cena ou dando esporro no segurança que tenta o impedir de pular na platéia, atrai muito mais que os frequentadores do MySpace.

Famílias inteiras assistiam ao show, como se fosse uma ida ao teatro, em vez de um show de punk. Gente que não conhecia nada da banda, se divertia tanto quanto os fãs vestidos a caráter, com camisetas rasgadas e com desenhos de estiligues, o logo do Gogol, feitos a mão.

Na banquinha, os discos eram vendidos a 10 pounds, metade do preço da camiseta. O grande produto do Gogol Bordello é o seu show. Como andam repetindo muito por aí, a grande saída para crise no mercado.

A diferença é que eles, de fato, tem um para vender.