Para chamar atenção para causa, o movimento #florestafazadiferença, organizado pelo Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável (coalizão formada por 152 organizações da sociedade civil brasileira), reuniu vídeo-depoimentos de diversos artistas e personalidades direcionados aos NOSSOS senadores contra a reforma do Código Florestal.
O depoimento sincero do diretor Fernando Meirelles (que tem fazendas de cana e de café) e da cantora Vanessa da Mata (vinda de um dos estados mais desmatados do país, o Mato Grosso) são apenas alguns. E você também pode gravar o seu e subir na página.
“José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo foram assassinados por dois pistoleiros, em uma emboscada, dentro do assentamento onde viviam, Praia Alta Piranheira, em Nova Ipixuna, Pará. Erivelton dos Santos, possível testemunha do crime, foi morto dois dias depois, dentro do mesmo assentamento. As vítimas defendiam o extrativismo, a vida em comunhão com a floresta, e denunciavam o corte de madeira ilegal, desmatamento para a produção de carvão e pasto, e a grilagem e concentração de terras na Amazônia.”
O registro do enterro dos ambientalista assassinados no Pará é BEM pesado. Com esse Código Florestal em curso, é importante para (mais uma vez) mostrar que as vítimas da violência na floresta, gente tenta defender interesses que deveriam ser de todos, tem rosto.
Muito provavelmente, na última semana você deve ter recebido um link por e-mail, Facebook ou Twitter para o clipe de “Oração”. Em menos de uma semana, A Banda Mais Bonita da Cidade passou de um grupo desconhecido de Curitiba para um dos nomes mais comentados do Brasil. O principal motivo do sucesso foi o clipe: um plano-sequência de seis minutos, em que a banda e seus amigos repetem a letra simples em uma festa particular numa casa, lembrando bastante o clipe de “Nantes”, do Beirut, feito por Vincent Moon.
Em uma semana, o vídeo ultrapassou, com folga, a barreira de dois milhões de visualizações no YouTube (a banda sonhava com três mil) e foi motivo de textos inflamados – defendido pela alegria, atacado pela felicidade de comercial de manteiga e, claro, parodiado. Para Leo Fressato – que não é integrante do grupo, mas compôs a música e dirigiu o clipe -, as pessoas estavam carentes de amor.
– As pessoas queriam assistir a um vídeo que não fosse trash e que também não fosse violento. Quando se depararam com essa explosão de alegria, seus corações foram tomados, e aí repercutiu – acredita ele.
– Alguns não gostaram porque acharam muito fofo. É direito deles ir contra essa ideia de “comercial de margarina”. Tem pessoas que não querem essa fantasia sobre a vida, que tanto o clipe quanto esses comerciais transmitem.
– Não só adoro as paródias, como acho que elas refletem a dimensão do que está acontecendo. As pessoas não se contentam em assistir. Elas querem fazer parte daquilo, mesmo que criticando, o que é o caso de algumas delas – diz ele.
– Ri muito das paródias, em especial a da repetição, pela substituição da letra, mantendo métrica e rima. A pessoa que fez isso merecia um abraço. Outras como as do Chaves não precisa nem comentar, todos assistimos na infância. Não tem como não ser uma bela homenagem.
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Tchequirau
Semana triste par as florestas com o assassinato do casal de ambientalistas no Pará e a aprovação do Código Florestal e da emenda que anistia os desmatadores pelo Congresso. Plante uma árvore. Vamos precisar.
“O filme que fizemos, fazemos e faremos expõe um problema ao público mas não propõe alternativas para soluciona-lo. Isso é tarefa de quem nos assiste. Para nós a mudança não é uma grande mudança, não é um grande trauma, não é nada revolucionário ou radical, não se trata nem de uma grande ideia. É na verdade algo muito simples, algo que já está no ar para quem quiser pegar; o açaí dos igarapés, o óleo de Piqui, Amdiroba, Copaíba, Noni (o antibiótico da Amazônia), madeira de manejo, ecoturismo e assim vai…”
Não é bem isso que se vê nesse trailer – ainda bem. Aliás, não há nenhuma informação sobre o filme completo na página do projeto. Belo Monte é assunto sério. Tão sério que não recebe cobertura decente pela imprensa.
Disse muito bem o Marcelo Rubens Paiva no excelente texto “A moda do reaça”: “Esta DiogoMainardização da imprensa e da pequena burguesia brasileira tem um nome na minha terra: má educação”.
Zé Cláudio, formado na escola da vida, mais precisamente a da floresta, achava que matar árvores é assassinato. Justo no dia que tantas foram assassinadas no Congresso, ele mesmo virou árvore. Sua execução recebeu cobertura tímida aqui no Brasil e um pouco melhor lá fora.
Cultura digital, música, urbanidades, documentários e jornalismo.
Não foi exatamente assim que começou, lá em 2003, e ainda deve mudar muito. A graça é essa.