O menino Strausz não para e botou mais um disco na rua. “Pausa”, do João Capdeville, é baseado no violão numa escola não muito distante do Cícero, ainda que mais pro samba do que pra bossa e mais lento e pesadão. Mas é a maneira como outros instrumentos invadem o arranjo, principalmente o teclado (ouça “Sua Vitória”) que dão sal pro negócio. Falta se descolar um pouco da influência do Camelo – é impressionante sempre observar, mesmo que óbvio, a força com que o hermano imprimiu suas características na geração seguinte.
O produtor Diogo Strausz, que produziu o Castello Branco, mandou um alô para apresentar o inglês Jacob Perlmutter, que ele gravou aqui no Rio:
Há dois carnavais lancei meu primeiro EP e contratei uns divulgadores de Boston, com os quais falei poucas vezes. A divulgação deles não foi um sucesso, mas randomicamente recebi uma mensagem de um inglês querendo ficar aqui em casa no carnaval. O que aconteceu foi que o divulgador, que eu mal conhecia, recomendou a minha casa para um conhecido dele, que ele mal conhecia. Acabou que esse conhecido era o Jacob e nos tornamos bons amigos.
No início do ano, ele lançou uma campanha de crowdfunding para financiar seu álbum. Eu já conhecia a maioria das canções, então mandei uma mensagem a ele dizendo que seria muito mais interessante fazer um álbum no Brasil do que mais um álbum na Inglaterra e ele concordou.
Ele veio. A verba e o tempo eram curtos, pois precisávamos arranjar e gravar o álbum inteiro em 3 semanas, então usamos o dinheiro para pagar os músicos e alugar uma casa aqui na Rua Alice, aonde levamos meu equipamento, fizemos algum tratamento acústico e metemos bronca.
Pra nossa sorte, pudemos contar com músicos maravilhosos como o Patrick Laplan (bateria), Marlon Sette (trombone), Felipe Pacheco (violino), Ledjanne Motta Sant`anna e Maria Pia (vocais), Tadeu Campany (percussão), Max Bloom do Yuck (trompetes), Brent Arnold (cello) e Antonia Jane Eklund (flauta). E pudemos contar com o Tomás Tróia na função de amigo e violeiro/compositor na última faixa. O álbum guarda mais surpresas aliás.
Strausz remixou Jaloo e o resultado é um tecnobrega jamaicano.
Jaloo apresentou a música nova:
“Essa música foi a última homenagem que eu devia a minha ‘escola’, o tecnobrega. Já havia feito remixes, covers e entrado na estética de todo aquele colorido, mas ainda faltava uma vertente, a mais importante até: as ‘versões’. Então compus ‘Bai Bai’, foi quase que um último abraço, pra seguir adiante. Tô encontrando minha música agora e estou curtindo muito o que ta nascendo.”
Ouça a “Bai Bai” original, uma versão de “Wrecking Ball”, da Miley Cyrus.
Como de costume nos lançamentos do URBe, o próprio Strausz apresenta a faixa:
Estou tentando fazer um disco há mais de 1 ano mas apesar dos 500 rascunhos que tenho no computador nenhuma das músicas me animou tanto quanto essa. Tinha essa melodia em mente desde os tempos do R.Sigma e quando esse arranjo meio garage saiu (em agosto do ano passado) pensei na hora voz da Marcela. A música não tinha letra e eu precisava de uma 4a faixa para tocar no Experimente, então a convidei e ela, mesmo com a agenda apertada foi super bacana e topou se encontrar comigo para finalizarmos a faixa. Depois disso gravamos o Experimente mas ela ficou ocupada com a produção do seu próprio álbum, eu posteriormente com a produção do álbum do Castello Branco e só 1 ano depois (em julho desse ano) conseguimos nos encontrar para terminarmos as gravações. Se continuar nesse ritmo, meu álbum só sairá depois das Olimpíadas…
Cultura digital, música, urbanidades, documentários e jornalismo.
Não foi exatamente assim que começou, lá em 2003, e ainda deve mudar muito. A graça é essa.
