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terça-feira

23

dezembro 2014

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Os bons discos internacionais de 2014

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O ano começou devagar quase parando e dava pinta que poderia acontecer como no ano passado, quando por uma série de fatores fazer essa lista deu mais trabalho do que o normal (descontando-se o fato de ser terrível pra fazer lista, claro). Então, da metade do ano pra frente o ritmo acelerou e uma torrente (turum tss!) de bons lançamentos praticamente salvaram 2014 de si próprio, ao menos musicalmente falando.

Como de costume, não é uma lista de melhores discos, e sim uma lista de bons discos. Além de ser muito complicado hierarquizar músicas de estilos diferentes, tem também o fato de que é impossível ouvir tudo que sai. Fatalmente algo muito bom ficou de fora da lista, então se você notou isso, deixe dicas e puxões de orelha nos comentários.

As listas dos bons discos nacionais e de shows de 2014 já foram publicadas, só clicar.

O disco internacional de 2014:

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The War On Drugs, “Lost in the Dream”

A disputa ficou apertada com o Taylor McFerrin no quesito número de audições, porém o que “Early Riser” tem de sobra no quesito performance, “Lost In The Dream” tem no fator canções, acaba grudando mais no ouvido. A porta de entrada é “Red Eyes”, mas quando o ouvinte se dá conta já foi sugado pelas influências de Tom Petty, Bruce Springsteen, Fleetwood Mac, rock oitentista proposta por Adam Granduciel. O disco passa como num galope, deixando ouvinte atordoado e zonzo, perdido num sonho.

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Taylor McFerrin, “Early Riser”

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Chet Faker, “Built On Glass”

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Caribou, “Our Love”

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We Are Shining, “Kara”

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Spoon, “They Want My Soul”

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Bonobo, “Flashlight” (EP)

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Metronomy, “Love Letters”

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Mark McGuire, “Along the Way”

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Real Estate, “Atlas”

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Todd Terje, “It’s Album Time”

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Shabazz Palaces, “Lese Majesty”

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Freddie Gibbs & Madlib, “Piñata”

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The Preatures, “Blue Planet Eyes”

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Hollie Cook, “Twice”

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BadBadNotGood, “III”

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William Onyeabor, “World Psychedelic 5: Who Is William Onyeabor”

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TV On The Radio, “Seeds”

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Baxter Dury, “It’s a Pleasure”

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Mac DeMarco, “Salad Days”

jungle

Jungle, “Jungle”

quarta-feira

29

outubro 2014

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segunda-feira

4

junho 2012

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Transcultura #82: Marcelinho Lendo Contos Eróticos // Baxter Dury

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A íntegra do meu texto da semana passada da coluna “Transcultura”, que publico todas as sextas no jornal O Globo:

Fantoche vira celebridade lendo aventuras sexuais na rede
Com mais de 1 milhão de visualizações no YouTube, “Marcelinho lendo contos eróticos” tem 11 episódios
por Bruno Natal

Toda vez que o Erik Gustavo sai de perto do computador, o garoto Marcelinho entra na internet, e aí ele visita páginas eróticas, e aí ele lê contos porcamente escritos, e aí ele cria mitos online, como o famoso cantor Beto, e aí ele narra experiência bizarras maravilhosas, e aí ele ajeita o cabelinho, e aí ele, e aí ele fica se divertindo com os erros de português, e aí grita com CAPS LOCKS, e aí os vídeos dele lendo esses contos começaram a fazer muito sucesso, e aí alguns já passaram de 1 milhão de vizualizações no YouTube, e aí ele tem mais de 62 mil fãs no Facebook, e aí ele recebe a artes dos fãs, e aí ela agora é uma celebridade da rede e aí ele tem sido inclusive procurado por marcas de camisinha para fazer propaganda.

Ufa. Se você sobreviveu a esse primeiro parágrafo sem pensar “que texto horroroso é esse?”, provavelmente está familiarizado com Marcelinho Lendo Contos Eróticos (youtube.com/altacupulavideos, não recomendado para menores de idade ou para quem se ofende com palavrões), uma das web-séries de maior sucesso recente, onde um fantoche lê relatos de aventuras sexuais de comédia involuntária, onde o baixo nível do conteúdo sexual não consegue ser tão ofensivo quanto o português sofrido dos autores.

– Sempre gostei de fantoches e imaginei como seria legal se tivesse um fantoche de um garoto que lesse e comentasse contos eróticos no computador. Pensei “quero fazer isso” e fui falar com o Nigel Goodman pra ele costurar esse boneco pra mim. Depois de um tempo (coincidentemente, uns nove meses) o fantoche ficou pronto e concordamos que Marcelinho era um nome simpático – explica Erik Gustavo, criador e dublador do personagem.

Os episódios semanais (onze até aqui), sempre no mesmo formato, com Marcelinho comentando os contos, não cansou, ao contrário do que poderia se imaginar. A maior fonte de curiosidade para os fãs é saber onde os produtores encontram esses contos.

– Procurava em diversos sites, sempre lendo só o primeiro parágrafo, pra saber se era promissor, sem perder o fator surpresa na hora de ler e comentar durante a gravação. A partir do terceiro episódio comecei a receber por email e Facebook muitas sugestões de contos, além de outros exclusivamente pro Marcelinho ler – revela Erik.

Aos poucos o formato os programas vai se estabelecendo. Os mais recentes, por exemplo, tem sido encerrados com a estrela mostrando a artes inspiradas na série enviadas por fãs, aumentando a interação. São, em média, 100 emails com colaborações por semana.

– A “artes dos fãs” é uma parada que curto muito, um pouco porque é legal ver uma criação sua sendo reproduzida de diferentes formas por gente que realmente curtiu ela a ponto de parar o que estava fazendo pra criar algo. Mas muito do porque sempre desenhava e enviava minhas “artes” pra revistas e programas de TV que curtia quando era crianças. Não lembro de ter alguma dessas publicada, na real, mas deve ser legal – fala Erik.

Sexo e internet costumam ser uma combinação sem erro, receita pronta para viralização. Mesmo assim, Erik se diz surpreso com o sucesso.

– Não é exatamente uma fórmula consagrada de sucesso. Por mais que goste de fantoches, sei que a maioria das pessoas da minha idade, e até crianças de hoje em dia, não curtem tanto assim. Deu certo porque a soma dos fatores deu um resultado inusitado, tirando o fato do Marcelinho ser carismático. Uma pessoa lendo contos eróticos na frente de uma câmera não chamaria tanta atenção. A não ser que essa pessoa seja uma criança de 12 anos, idade do Marcelinho, mas isso com certeza traria problemas para os pais dela.

Até aqui, o YouTube não impediu a veiculação dos vídeos, apenas dois episódios tiveram acesso restrito a usuários cadastrados e maiores de 18 anos, alguns outros foram retirados do processo de monetização do site e apesar do alto número de visitas, não estão rendendo dinheiro aso criadores. Como sempre, tem gente pra gostar e pra reclamar, porém a repercussão foi bem acima do esperado – mas não exatamente do que se esperava, conta Erik.

– Uma pessoa reclamou da zoofilia que acontece em um conto, “O Gorila”, onde uma mulher acha um gorila na varanda e veste as patas dele com meias, para que ele não a arranhe no ato sexual – parece verídico. Por outro lado, ninguém reclamou dos contos com incesto, não sei exatamente o que isso significa. O Marcelinho ganhou pela simpatia.

A questão agora é saber o que mais vai pintar no computador para o Marcelinho ler, afinal, criança nenhuma deveria ler apenas essas besteiras. Para sobreviver, esse moleque terá que se mostrar dinâmico e capaz de divertir com outros conteúdos.

– A sessão “artes dos fãs” em si é uma prova de que o Marcelinho não precisa estar lendo contos eróticos pra ser engraçado. Com o tempo ele vai fazendo outras coisas, com outros fantoches, sem deixar de ler os contos, ao menos enquanto o público quiser. Essa semana eu fui no Centro do Rio e comprei mais tecidos, espumas, olhos, cabelos e mandei tudo pelo correio pro Nigel, que está morando em São Paulo. Ele vai costurar uns fantoches novos, algumas ideias que tive. O Nigel é o próximo Jim Henson, mas ele ainda não sabe – conclui Erik.

Tchequirau

Bom disco lançado ano passado passado pela Rough Trade, “Happy Soup”, do Baxter Dury (sim, filho do Ian Dury), passou batido. Ouça “Claire” e diga lá se essas músicas não mereciam mais atenção.