quarta-feira

18

abril 2007

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Rolling Stone, Fev/2007

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Matéria sobre a escalação do Coachella 2007 (com destaque para o retorno do Rage Against the Machine), mais uma resenha do Humaitá pra Peixe 2007 que escrevi para o quinto número da Rolling Stone Brasil.

Com a edição fora das bancas, seguem os textos.

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A raiva está de volta

Realizado desde 1999 num campo de pólo na cidade de Indio, fincada no deserto de Mojave, no sul da Califórnia, a recém-divulgada escalação do Coachella Music & Arts Festival 2007 (dias 27, 28 e 29 de abril) é eclética:

Vai dos veteranos Björk, Sonic Youth, Willie Nelson, Red Hot Chilli Peppers, Ozomatli, Air, The Roots, Konono No.1, Manu Chao à atualidades como Arctic Monkeys, Arcade Fire, Klaxons, LCD Soundsystem, Rapture, Kaiser Chiefs, Nightwatchman, Gogol Bordello, Justice, Evil Nine, Explosions in the Sky e Girl Talk; das novidades The Good, the Bad and the Queen, Hot Chip e MSTRKRFT aos brasileiros do Cansei de Ser Sexy e a volta do Happy Mondays e do The Jesus and Mary Chain.

Esses — e muitos outros — nomes fazem parte da lista de mais de 100 atrações da oitava edição do festival (a farra não aconteceu em 2000). Seguindo a tradição de servir de palco para a reunião de bandas de carreira encerrada (Jane’s Addiction, Siouxsie and the Banshees e Iggy Pop & The Stooges foram algumas delas), esse ano o Coachella assistirá um reencontro considerado impossível. O Rage Against the Machine (que se apresentou na primeira edição do festival) está de volta à ativa.

Desde a estréia, em 1992, num disco homônimo, a mistura de rap, funk, metal e letras contestadoras, identificadas como esquerdistas, do Rage Against the Machine assombrou o mundo.

As alucinações do guitarrista Tom Morello, fazendo usos originais de pedais, microfonias e do botão de ligar e desligar o instrumento, a pancadaria do baixo de Tim Commerford, a bateria de Brad Wilk e, sobretudo, o vocal furioso de Zack de la Rocha, moldaram um som que seria imitado e pausterizado nos anos posteriores. O segundo disco da banda, “Evil empire”, estreiou no topo da parada da Billboard em 1996.

Além das letras, a banda esteve constantemente envolvida em causas sociais e políticas, borrando a fronteira entre o músico e o ativista que existia em cada integrante. As letras e a postura da banda — que tinha o hábito de pendurar a bandeira dos EUA de cabeça pra baixo nos amplificadores durante as apresentações (no Woodstock ’99 eles a queimaram no palco) — renderam ao grupo, após os atentados de 11 de setembro, a “honra” de ter sido a única banda a ter todas suas música censuradas nas rádios americanas operadas pela Clear Channel.

Em 2000, um ano após lançar “The Battle of Los Angeles”, terceiro e último disco do grupo, o Rage Against the Machine fez seu derradeiro show, no dia 13 de setembro, em Los Angeles, apresentação gravada no disco “Live at the Grand Olympic Auditorium”.

Os motivos do fim da banda nunca foram totalmente revelados. Marcado pela saída do vocalista Zack de la Rocha, alegando as surradas “diferenças artísticas”, ficou aparente um desentendimento entre os membros do grupo, afastando as chances de um retorno.

Enquanto Zack perseguiu uma nunca concretizada carreira solo, tendo trabalhado em faixas com Roni Size, DJ Shadow e Trent Reznor, os outros três integrantes recrutaram o vocalista Chris Cornell (ex-Soundgarden) e formaram o Audioslave.

Em tempos de Iraque, Katrina e outros desastres, uma banda como Rage Against the Machine nunca foi tão necessária. Que bom que eles estão de volta.

Humaitá pra Peixe 2007
Espaço Cultural Sergio Porto – Rio de Janeiro
Janeiro 2007
3 estrelas e meia

Sempre contra-corrente

Idealizado e produzido por Bruno Levinson desde o emblemático 1994, ano chave da música brasileira contemporânea, o festival Humaitá pra Peixe hoje é uma das principais vitrines da cena independente nacional e palco onde boa parte das bandas cariocas almejam um dia tocar. Em sua 16ª edição, o evento reuniu 22 nomes (algumas de fora do Rio, como os gaúchos do Fresno e Tom Bloch, os paulistas do Revoluccionários e a mineira Érika Machado) em apresentações em todos os finais de semana de janeiro, no Espaço Cultural Sergio Porto.

Esse ano, o festival fez mais mapear a cena do que revelar novos talentos, dando espaço para representantes de algumas das muitas vertentes culturais atuantes na cidade. Do fenômeno rock adolescente dos saraus (Scracho) à MPB (Edu Krieger, Zé de Riba), passando pelo pop rock (Reverse, Eletro, Rodrigo Bittencourt), festas universitárias (Rio Maracatu), influências eletrônicas nordestina (DuSOUTO) e jazz praiano (Ordinário Groove Combo), todo mundo teve vez.

Os destaques foram as bandas mais estabelecidas, como o triunfal retorno do Skatalites das churrascarias Brasov, a competência e força do Rockz, a presença rara no Rio de Curumin, o samba rap d’A Filial e a roda de samba do Casuarina. Na última semana, Duplexx, Vulgue Tostoi, o animado Móveis Coloniais de Acaju e o Turbo Trio fecharam a programação em alto nível.

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