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setembro 2005

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Revista Beatz, setembro 2005

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“Teste de resistência:
Um pra trás, dois pra frente, a cena eletrônica do Rio de Janeiro encolhe para se expandir
“, matéria que escrevi para revista Beatz.

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Teste de resistência
Um pra trás, dois pra frente, a cena eletrônica do Rio de Janeiro encolhe para se expandir
Por Bruno Natal

A noite carioca é inconstante – quase que literalmente – por natureza. Cidade essencialmente diurna (por todos os motivos óbvios) e com uma certa queda por modismos, a cultura eletrônica sempre teve dificuldades para pegar de vez no Rio.

Após experimentar seu auge na virada dos anos 1990 para os 2000; bons tempos do clube Bunker, de várias raves e pseudo-raves e até de uma edição local do Skol Beats, as coisas esfriaram. A perseguição das autoridades a eventos de música eletrônica – culminando com a proibição das raves – diminuiu as luzes das pistas de dança do Rio. Mas não apagou.

Entre solavancos, a noite carioca parece estar finalmente encontrando seu formato ideal. Clubes menores têm atendido a demanda, oferecendo festas mais bem produzidas e direcionadas. Top DJs voltaram a tocar na cidade e até mesmo festas maiores, como a Delírio – que tem levado grandes nomes internacionais ao Rio nos últimos meses – estão novamente acontecendo. É o renascimento das pistas do Rio.

Ilustra Rio

O recuo, obrigatório, acabou sendo também estratégico. Passado o pico, hoje as festas em clubes como Fosfobox, Dama de Ferro, 00 e Casa da Matriz têm sido mais bacanas do que tempos atrás. Tanto para o público quanto para os DJs. Com estruturas menores, fica mais fácil tomar conta dos “detalhes”, como a qualidade do equipamento de som, coisa rara por esses lados.

O DJ Spark, catarinense radicado no Rio, concorda. “Simplesmente tudo flui melhor, desde o acerto dos produtores com as casas, até o DJ que chega pra tocar e está tudo certinho.” Ele continua: “O Fosfobox é perfeito: som ótimo, DJs melhores ainda e público misturado. Já o Dama arrasa pelos DJs que traz, por misturar as coisas de um jeito próprio e por investir na noite
carioca”.

O produtor Cabbet Araújo, dono do Fosfobox e também do Oz Club, é outro que acredita na mistura. “Com a proibição das raves, houve uma segmentação e agora está havendo uma fusão. Com o rock, por exemplo. As pessoas não estão mais agüentando ouvir música eletrônica a noite toda. Quando se mistura com qualidade a noite rende muito mais.”

Além do cancelamento da edição de março da Delírio, por causa da interdição em cima da hora do Clube Mourisco, lugar onde acontecia a festa – que se mudou agora para o Pão de Açúcar –, a boate Sygno fechou suas portas de vez.

O produtor da Febre, a mais antiga festa de drum’n’bass do Rio de Janeiro, e da noite do Digital Dubs (ambas na Casa da Matriz, onde também acontece a festa de rock Maldita), Joca Vidal aponta um problema recorrente, que acontece também em São Paulo: “As pessoas não querem pagar. É a cultura do VIP, todos querem entrar de graça. Depois, quando as festas não conseguem se sustentar, essas mesmas pessoas reclamam da falta de opções interessantes”.

Feliz com o levante carioca, o DJ Markinhos Mesquita faz algumas ressalvas. “Existe muito elogio e poucas críticas. Para os DJs, nem todas as casas são tão boas como parecem. A visão do público é uma, a do DJ é outra”, explica.

“Os novos clubes ainda têm que mostrar a que vieram, é cedo pra dizer que agora vai. Eu espero que durem, para criar algo que não seja apenas diversão de verão.”

Bem ao jeitão carioca, sempre dando um jeitinho, as coisas vão se acertando. Devagar e sempre, como tem que ser.

Serviço:

Fosfobox
Rua Siqueira Campos 143/loja 22A (subsolo) Copacabana
Tel: (21) 2548-7498

Dama de Ferro
Rua Vinícius de Moraes 288 Ipanema
Tel: (21) 2247 2330
www.damadeferro.com.br

00
Av. Padre Leonel Franca 240 (dentro do Planetário da Gávea) Gávea
Tel: (21) 2540-8041
www.00site.com.br

Casa da Matriz
Rua Henrique de Novaes, 106 Botafogo
Tel: (21) 2266-1014
www.casadamatriz.com.br

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