Operação padrão
Written by urbe, Posted in Urbanidades
Essa semana finalmente estréia (em Londres) “Standard Operating Procedure”, novo filme de um dos mestres do documentário, Errol Morris, o primeiro desde “Fog of war”, de 2003, premiado com o Oscar.
Dessa vez, através de entrevistas com as chamadas “maçãs podres”, famosas pelas fotos que correram o mundo, Morris explora os abusos cometido pelo exército americano contra os prisioneiros de Abu Ghraib, no Iraque.
O assunto já foi bem explorado no“Taxi to the dark side”, vencedor do Oscar na categoria esse ano. O grande diferencial é o fator Errol Morris.
Um filme dirigido por Errol Morris contém, basicamente, tudo que os puristas não admitem num documentário.
Seu filme mais emblemático, “The thin blue line”, de 1988, é um marco nesse sentido, pelo uso pesado de reconstruções de cenas, da trilha sonora (a cargo de Philip Glass) e pelo impacto no mundo real, tirando um acusado inocente do corredor da morte.
Uma das característica mais marcantes de seus filmes é o formato das entrevistas, onde as pessoas estão sempre olhando diretamente para lente, simulando um contato visual com a platéia.
Para atingir esse efeito, Errol desenvolveu um equipamento chamado Interrotron, que permite que o entrevistado veja o entrevistador num monitor a frente da câmera (como um teleprompter) e olhe no seu olho.
Parece pouca coisa, mas qualquer um que já conversou por vídeo via Skype sabe como é bizarro a impossibilidade de se olhar no olho da outra pessoa.
Dessa vez, já com o careca dourado no bolso e provavelmente mais dinheiro pra produzir, Morris abusou. Chamou Danny Elfmann para trilha e chegou ao requinte de utilizar câmeras capazes de produzir imagens em super câmera-lenta, filmando a mais de 6 mil quadros por segundo. Pelos clipes disponíveis até agora, é o seu trabalho mais bem acabado visualmente até aqui.
Um filme de Errol Morris é sempre uma chance de testar até onde vão os limites do documentário. Uma aula, por si só, imperdível.
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