terça-feira

18

março 2008

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MGMT, "Oracular Spectacular"

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A julgar pela estética nerd que exportou para o mundo, o Brookyn é um lugar estranho. As fotos do Cobra Snake comprovam que os hábitos de lá se espalham: nas principais capitais mundiais existem jovens forçando o mesmo estilo roubei-da-minha-vó ou achei-no-armário-do-meu-irmão-mais-velho.

Lá, todos usam óculos grandes e de armação grossa, calças jeans apertadas, sobretudo com cinto, tênis de cano-longo, cabelo torto, são designers e/ou artistas plásticos. E, o mais importante, tem uma banda.

É tanto conjunto super-valorizado que sai de lá — do chato Clap Your Hands Say Yeah ao super-valorizado Vampire Weekend chupando tudo do Peter Gabriel — que as vezes fica difícil de acreditar que o The Rapture ou LCD Soundsystem também são de Nova York.

Veja, por exemplo, a dupla MGMT. Com tanto burburinho e uma capa ridícula dessas, a vontade de ir adiante e efetivamente ouvir o disco é mínima. O que só torna a (boa) surpresa ainda maior.

Primeiro porque, escutando, descobre-se que o ridículo faz parte do conceito. A música de trabalho, “Time to pretend”, fala de largar tudo e aproveitar a vida de rock-star, casar-se com modelos, cheirar cocaína e viver todos os clichês.

A opção pelo produtor Dave Fridmann (co-produtor de quase todos os discos do Flaming Lips, além de Weezer, Mogwai, Café Tacuba…) pode esconder, mas a banda é o anti-indie. A começar pela opção de lançamento pela Sony-BMG, em vez de algum selo obscuro.

Do lugar onde tudo é disco-punk ou folk e gravado para soar como se o estúdio fosse um banheiro, “Oracular Spectacular” toma o caminho contrário. As canções têm nuances, camadas, quebras de andamento e melodias diferentes entre si (algo cada vez mais raro entre as bandas novas).

Sim, os atualmente obrigatórios folk e disco-punk fazem parte da equação do MGMT, assim como uma atmosfera independente (no sentido de não soar perfeitinho demais) e influências setentistas, juntando Beatles e Pixies, Fleetwood Mac e electro. Tentar categorizar a sonoridade é tarefa complicada.

Seja na pegada disco “Electric feel”, o som da fita magnética começando a rodar em “Pieces of what”, os dois solos de guitarra “Of moon, birds & monsters” (o segundo soando como se um dos guitarristas do Explosion in the Sky tenha aparecido no estúdio), a produção é cuidadosa.

As música são bem diferentes entre si, recebendo tratamentos e elementos específicos para cada uma, sem que disco perca unidade por isso. Instrumentos e timbragens variam, se adequando a cada música.

O teclado da introdução de “Kids”, que reaparece no refrão grudento, faz dessa a principal música do disco. É a quinta faixa.

Hoje, quando cada banda tem direito as suas quatro música de “sucesso” no MySpace, resta saber quantas pessoas vão chegar até a número cinco. Pode ser crucial para determinar até quando o MGMT irá durar.

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