domingo

14

janeiro 2007

3

COMMENTS

HPP, semana 02

Written by , Posted in Resenhas

brasov01_hpp2007.jpg
Brasov
fotos: Joca Vidal

Na segunda semana do Humaitá pra Peixe 2007, a mudança do perfil do público, devido a passagem dos shows para os finais de semana, vai se confirmando. Com isso, abrem-se mais portas para os músicos que ali se apresentam, o que só pode ser bom.

Além disso, a semana 02 trouxe o melhor show do festival até agora. A banda que quiser mudar isso terá bastante trabalho.

brasov_hpp2007.jpg
Brasov

O nome do grupo é emprestado da capital de um condado romeno com tradições ciganas. O título do disco que estava sendo lançado, “Uma noite em Tuktoyaktuk” (Dubas), fala de uma cidade canadense próxima ao círculo ártico, onde brilham o sol-da-meia noite e a aurora boreal.

Alguns nomes presentes na lista de agradecimentos no encarte podem dar uma pista do som: Fanfare Ciocarlia, Intrépida Trupe, Andy Warhol, Mike Patton, Teddy Boy Marino, Berna & Kassin, Marcelinho da Lua, Silvio Santos…

Se essa dicas não são suficientes para entender do que se trata a banda, a culpa não é sua. Misturando levadas de música brasileira (guitarrada, samba), latina (cumbia, salsa) e cigana, o Brasov veio mesmo pra confundir. E, sobretudo, divertir, passando longe dos cabecismos que as referências acima podem sugerir.

Para um desavisado, o Brasov, no seu resgate de sonoridades orquestrais antigas, pode remeter à Orquestra Imperial. Entretanto, voltando ao mesmo HPP onde se apresentou pela primeira vez há seis anos, em 2001, o septeto é anterior a big band e os caminhos são diferentes.

Como um Skatalites no palco de uma churrascaria, o Brasov fez um show espetacular. As músicas instrumentais, as breguices em espanhol, as performances no meio da platéia, a teatralidade tosca, a banda acertou em tudo, conquistando os presentes.

De quebra, a ótima qualidade do som que se ouviu é a prova que, com um bom técnico, o Sergio Porto pode soar muito bem.

A volta do Brasov, que andava desativado, confirma que há mesmo um preço a se pagar pelo ineditismo. Há seis anos atrás, com um circuito independente bem menos estruturado, a banda não conseguiu o espaço que merecia. A julgar pela apresentação de sexta e pelo bom disco, tudo indica que dessa vez vai.

O encerramento foi com “O show já terminou” (Roberto e Erasmo), interrompida abruptamente pela metade. Para quem perdeu — e pros que querem repeteco — a banda falou de um show no Odeon. É esperar e ver.

duSouto_hpp2007.jpg
duSOUTO

Coube aos potiguares do duSOUTO a ingrata tarefa de subir ao palco após a catarse provocada pelo Brasov. Não deu.

A mistura de rock, eletrônica e elementos locais (em nome de uma suposta e desnecessária brasilidade), mesmo nos melhores momentos, não apresenta nada de novo. O show não segurou quem foi pelo Brasov e a casa, que estava cheia, aos poucos foi se esvaziando.

Ruim não é, mesmo porque é bem feito. Porém, o mais-do-mesmo remete a tantas coisas — dos cariocas do Grave!, Asian Dub Foundation e DJ Patife, esbarrando em DJ Dolores e Chico Correa — sem, de fato, recriar essas influências, que se torna cansativo e previsível.

Existe um caminho interessante, além de talento. Talvez o que falte seja estrada e disposição de se jogar em terrenos menos conhecidos.

zederiba_hpp2007.jpg
Zé de Riba

No sábado não houve apresentação de nenhum artista carioca. O maranhense Zé de Riba mostrou ao vivo as músicas do bom disco “Reprocesso” (Urban Jungle). Alguma coisa, no entanto, se perdeu na transposição para o palco.

As referências de Totonho e os Cabra, Otto, Lenine, bem filtradas no disco, ficam óbvias ao vivo. O elétrico Zé da Riba, que chegou a invadir a platéia, ficou um tanto abandonado pela banda, que apesar de competente, é tem uma presença apagada no palco.

Apoiado por baixo, guitarra, três percussionistas e um saxofonista, Zé da Riba passeou por repentes, xote, batidas afrobeat, funk e uma versão de “Alma não tem cor”, do Karnak.

Lançado pela mesma gravadora da cantora Céu, a Urban Jungle, Zé da Riba tem toda pinta de que vai cavar seu espaço lá fora antes de pisar forte por aqui. Como fez a própria Céu.

tombloch_hpp2007.jpg
Tom Bloch

Os gaúchos do Tom Bloch, a banda-do-filho-do-Luis-Fernando-Verissimo, foram responsáveis por uma visita inusitada que, certamente, entrou para a história do HPP. Assistindo o show de pé, pertinho do palco, estava a atriz Tonia Carrero.

A pegada oitentista e soturna do Tom Block, ora lembrando o Zero, ora lembrando um Biquini Cavadão mais pesado, soou datada e não decolou. No intervalo das músicas, o cantor era saudado aos gritos de “Jack Bauer!”, por sua semelhança com agente da central anti-terrorismo da série “24 Horas”, interpretado por Kiefer Sutherland.

Espremido entre os porto-alegrenses, quem se destacou foi o baixista carioca Patrick Laplan. Fazendo linhas de baixo escorregadias e criativas, Laplan brincou com efeitos, salivando aqueles que continuam aguardando o show do seu novo grupo, Eskimo, um duo formado com Henrique Zumpichiatti.

No domingo, o Revolucionnários, do ex-baixista do Charlie Brown Jr., Champignon, e e os gaúchos do Fresno, fecharam a programação da semana.

Deixe uma resposta

3 Comments

  1. Joca

Deixe uma resposta