terça-feira

24

março 2009

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Entrevista – Mauro A. (Wagner & Beethoven)

Written by , Posted in Urbanidades

Desde que surgiu na rede, Wagner & Beethoven conquistou seu espaço muito rápido. Os pensamentos absurdos dos dois personagens deram a volta na rede e foram parar nas páginas das revistas Playboy e da Bravo, apresentando as piadas para uma outra fatia de público.

Não era pra menos, trata-se de um dos melhores quadrinhos de humor a aparecer em bastante tempo. W&B é assinado por Mauro A., pseudônimo de um jornalista que prefere se manter anônimo, por medo de que descubram que ele “perde tempo” com quadrinhos. Vê se pode…

Em entrevista exclusiva para o URBe, Mauro conta um pouco dos bastidores dessa história e fala também do seu novo projeto, o Cearenses Internacionais.

URBe – Como surgiu a idéia para o Wagner & Beethoven?

Mauro A – Começou como uma experiência, pra ver se eu conseguia fazer quadrinhos sem desenhar, com a graça decorrente apenas do texto. Escolhi esses personagens porque são figuras que todo mundo reconhece e que têm uma imagem sisuda, que aumentaria o contraste com o texto. Na verdade não teorizei tanto antes de criar o blog, é claro, mas acho que foram esses os motivos que me fizeram pensar que criar o Wagner & Beethoven fosse uma boa idéia.

Como foi a repercussão? Quais os caminhos o W&B fez até começar a chamar atenção de mais gente?

Mauro A – Cadastrei o blog numa lista de webcomics, e acho que a partir daí meia dúzia de quadrinistas começou a me acompanhar e a linkar o blog. Aí o número de leitores foi crescendo pouco a pouco. Depois disso alguns blogs bem visitados botaram comentários e links, até chegarem os convites para publicações impressas (Playboy, mensalmente desde janeiro, e Bravo!, na edição de fevereiro).

Você consegue traçar o caminho queo W&B fez pelos blogues?

Mauro A – Pois é, eu não queria fazer uma injustiça com os vários blogs pequenos que me linkaram logo no começo. Consigo lembrar de alguns, mas não de todos… Sei que quando fui citado no Desculpe a Poeira, do Ricardo Lombardi, comecei a ser bastante lido por gente que trabalha em redações. E lembro que o que fez a audiência disparar pela primeira vez, acima de mil visitas num só dia, foi uma citação no blog do Allan Sieber. O convite para a Playboy e para a Bravo veio logo depois. Não perguntei a ninguém das revistas exatamente como conheceram o W&B, então não posso esclarecer isso.

O humor do W&B muitas vezes é non-sense. Quais são suas referências, que tipo de coisas vc gosta no humor?

Mauro A – Gosto de um monte de coisas, mas não sei dizer qual delas chega a ser uma influência (provavelmente a maioria).

Na TV, gosto de SNL, Seinfeld, Adult Swin, Monty Python, Falwty Towers, qualquer seriadinho meia-boca americano ou inglês (até o pior deles é setenta vezes melhor que o humor da TV brasileira).

Em texto, gosto dos contos do Woody Allen, dos posts do Alexandre Soares Silva, e quando era pequeno amava Casseta Popular e Planeta Diário, especialmente o folhetim da Eleonora V. Vorsky, feito pelo Alexandre Machado – mas acho que esses textos envelheceram mal, e só valem a pena ser relidos por quem gostava deles na época (o que é exatamente o meu caso, e eu releio sempre).

Devo ser também a única pessoa que gosta mais de Luis Fernando Verissimo do que de Erico Verissimo – e, do Luis Fernando Verissimo, mais dos romances do que das crônicas, que são de uma chatice de humanista fã de Obama insuportável. Mas os romances são ótimos – são muito bem escritos, o que é raro na literatura brasileira, e não parecem manifestos ou declarações de princípios, o que é mais raro ainda.

Já li bastante quadrinhos, mas hoje não conheço muita coisa nova. Acho o Laerte um gênio de verdade. E gosto do Angeli, talvez muito por saudosismo, já que a Chiclete com Banana era o que eu lia e relia fanaticamente quando era criança/adolescente. A lista é longa, eu sei, mas tenho certeza de que estou esquecendo alguém importante…

Fazer quadrinhos é um hobby ou é o seu emprego principal? Afinal, quem é você?

Mauro A – É hobby, é hobby – meu emprego é uma coisa muito mais chata. Sou formado em jornalismo, tenho 30 anos, nasci em São Paulo. Uso só o nome “Mauro A.” porque acho que ia pegar mal no meu trabalho se soubessem que perco meu tempo fazendo HQs – mas posso garantir que só uso meu tempo livre.

Como as pessoas reagem? Te surpreendeu tanta gente entrar na onda do W&B?

Mauro A – Surpreendeu muito. Acho meu humor bem peculiar, ou bem esquisito, e não esperava que ele tivesse um público tão amplo.

O que vc fazia antes do W&B? Algum outro trabalho teve tanta repercussão?

Mauro A – Eu e um amigo já fizemos alguns blogs de humor que nunca deram certo. Já estão todos fora do ar.

Agora você faz o Cearenses Internacionais. Como surgiu essa idéia?

Mauro A – Eu tinha acabado de ver o Men Who Look Like Old Lesbians e pensei como esse tipo de site é engraçado e fácil de fazer. Juntei isso à constatação de que um conhecido meu, nascido no Crato, é a cara do Tarantino, e pronto. Mas é um blog de uma piada só, não sei se vai durar muito.

Há outros saites que você faça?

Mauro A – Não, só idéias. Falta tempo. E dá preguiça também – a empolgação com uma idéia nova passa logo, mas a obrigação de atualizar não…

Quais os próximos projetos, se puder falar? O que vc gostaria muito de fazer?

Mauro A – Comecei a escrever uma espécie de folhetim – humorístico, mas não muito escrachado. Vamos ver se vai pra frente.

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