quinta-feira

16

novembro 2006

7

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Bem ranqueado

Written by , Posted in Resenhas

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fotos: Ines Laborim

Inteirão. Aos 47 anos, foi assim que o veterano toaster Ranking Joe se mostrou na apresentação no Teatro Odisséia, lotado mesmo com a forte chuva que despencou o dia inteiro.

Obviamente, como não podia deixar de ser, a atração principal pisou o palco tarde bagaralho, depois das 2h da matina. Ao menos, enquanto o Ranking Joe não entrava, a diversão estava boa. Black Alien cavalgou as bases colocadas por MPC, do Digitaldubs, totalmente a vontade no formato deejay + selectah.

“Police in helicopter”, de John Holt e outras pedradas foram enfileiradas pelo Mr. Niterói, o MC mais versátil de sua geração. Black Alien poderia (e deveria) ser um gigante nas rádios (e TVs) que tocam música — o que hoje em dia, infelizmente, não é um pleonasmo — se dependesse apenas de seu talento. Infelizmente, só isso não basta.

Rimando até quando falava com o público, Black Alien humildemente agradeceu aos elogios de Christiano Dubmaster, que o chamou de mestre, dizendo que ele é quem estava tendo uma aula, “pra não ficar em recuperação e poder ir pra Cabo Frio no verão”. A platéia estava quente para receber Ranking Joe.

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Vestindo uma camisa estampada com um tigre e uma calça de oncinha, o Bionic Deejay abriu a apresentação perguntando “People are you ready?”, respondido por um “pow! oh lord!”, como na música do Tappa Zukie.

Havia algo de “errado” com os graves do Teatro Odisséia. Ao contrário da magreza usual que se escuta nos shows de reggae na casa, as sub-frequências apertavam o peito e fazia tremer a garrafa de cerveja na mão. MPC, soltando as bases para o jamaicano, fazia a festa.

Hoje vivendo na Inglaterra (onde costuma cantar no Blood & Fire Sound System), Ranking Joe arrancou os primeiros gritos quando citou “Promised land”, do Aswad, seguida de “Marcus Garvey”, do Burning Spear. Nem “Trechtown rock”, de Bob Marley, empolgou tanto, o que deve ser um sinal de amadurecimento da cena local.

Apesar das muitas referência a músicas conhecidas, (“No, no, no”, Dawn Penn; “CB 200”, Dillinger; “The message”; Grandmaster Flash; “Ali baba”; John Holt), o discípulo de U-Roy improvisou a maior parte do tempo, acelerando a fala e usando seus característicos gritos de “woaaah!” para pontuar.

Dizendo estar se sentindo na Jamaica, Joe flutuou sobre riddims de rub-a-dub, típicos da virada dos anos 70 para os 80, chamado por Ranking Joe de “o verdadeiro dancehall”, como também é chamada a música jamaicana desse período, antes do termo se tornar sinônimo de reggae eletrônico.

Sem preconceitos, o deejay também versou sobre bases eletrônicas steppers inglês. Como curiosidade, poderia ter havido uma menção a sua bombástica versão de “Time”, do Pink Floyd, presente no discão “Dub Side of the Moon”.

Não fez falta. Ranking Joe sobrou.

colaborou: o enciclopédico Chicodub. consulte.

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  1. Bito Roots
  2. Noemia

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