quinta-feira

15

julho 2010

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A Copa do público

Written by , Posted in Urbanidades

Possivelmente, as vuvuzelas, a Jabulani e o polvo Paul são os três personagens mais emblemáticos da Copa do Mundo da África do Sul. Num evento em que, do sorteio dos grupos a apresentação da taça, cada detalhe tem tratamento requintado de marketing, é admirável que assuntos paralelos ao jogo tenham dominado o imaginário popular mundial durante os 31 dias do maior evento esportivo do planeta.

A culpa não foi do futebol sofrível da primeira fase, principalmente porque na segunda a competição embalou. Na primeira Copa do Twitter e do Facebook (talvez a última, pois sabe-se lá o que inventarão até 2014), o público se manifestou e interagiu como nunca. Se as tomadas em super câmera lenta, um marco na transmissão esportiva, não deixaram nada escapar, os espectadores foram ainda mais implacáveis.

Antes do início da competição, o álbum de figurinhas centralizou as atenções e forçou os colecionadores encontrarem-se pessoalmente para trocar os cromos auto-colantes – essa não dava pra resolver por e-mail. Falou-se mais de qual figurinha faltava pra completar o album do que das ausências na seleção do Dunga.

A campanha da Nike, com Robinho, Cristiano Ronaldo, Canavarro, Drogba, Rooney e Ribery, foi bastante comentada, ofuscando a da Adidas, menos emocionante, mesmo com Daft Punk num cenário do “Guera Nas Estrelas” Star Wars e presença de Snoop Dogg, Oasis e David Beckham. No final, provou-se uma maldição conforme os craques foram escrevendo o seu futuro: um bilhete de volta pra casa mais cedo.

Isso era só o começo, e veio de fora para dentro, das empresas para a massa. Foi quando a bola rolou que surgiram as manifestações mais interessantes, ilustrando o poder do público na geração de conteúdo. Toscas, rebuscadas, quase sempre bem-humoradas, espalharam-se pelas redes sociais, demonstrando o apelo pop da Copa.

Logo no início da Copa o “cala boca Galvão” não saiu dos trending topics mundial do Twitter, a lista de assuntos mais comentados na ferramenta. Aproveitando que no resto do planeta ninguém conhecia o narrador, inventou-se ser uma campanha para salvar o pássaro Galvão, em extinção no Brasil, e o mundo comprou e espalhou a ideia, mantendo o assunto vivo por dias e dias. Assim, o que se tornou conhecida como a maior piada interna da história serviu de largada para as brincadeiras.

A polêmica Jabulani, carinhosamente chamada de Jaburu, foi eternizada na narração do Cid Moreira e seu assombroso “Jabulaaaaaani!”, tornando-se gíria para algo estranho ou fora do normal. Grande vilã da Copa, as vuvuzelas foram as campeãs de reclamações, pipocaram guias informais de como neutralizar a frequência das cornetas no áudio dos televisores. Mesmo assim, o YouTube criou um botão que possibilitava vuvuzelizar qualquer video durante a Copa.

No Twitter o instrumento ganhou representação gráfica: ====<0. A rede de mensagens instântaneas também criou uma página especial para o evento, além de uma série de hashtags especiais, como #bra para publicar a bandeira do Brasil ou #worldcup para gerar uma bola de futebol.

A paraguaia Larissa Riquelme ganhou fama após utilizar os próprios seios como suporte publicitário de companhia celular. Após saltos teatrais na partida contra o Brasil, o holandês Arjen Robben estrelou um meme (uma imagem cujo conceito inicial é repetido exponencialmente, adquirindo significado próprio) baseado numa foto em se encolhia além da conta depois de cavar mais uma falta. Apelidado de Robben Jabulani, apareceu em dezenas de montagens em forma de bola, hora no papel de Sonic (protagonista de um videogame que rola em vez correr), hora sendo enterrado por um jogador de basquete. Ou até mesmo entre os seios de… Larissa Riquelme.

O vídeo com a reação de americanos ao redor do mundo ao gol de Donovan nos acréscimos da partida contra a Argélia, garantindo a vaga dos EUA nas oitavas de final, mostrou que os americanos começam a entender porque um gol vale mais que mil cestas. Feito a partir da combinação de imagens geradas por diversos usuários, passou dos dois milhões e meio de exibições. Só não emocionou mais que o do goleiro espanhol Iker Casillas beijando sua mulher, a repórter Sara Carbonero, ao vivo, momentos após se tornar campeão do mundo. No final, o amor prevaleceu e Mick Jagger foi consagrado como um grande pé-frio.

A próxima Copa é no Brasil. Mesmo ainda faltando quatro anos, os personagens polêmicos já deram as caras. Diz aí, essa logomarca da Copa de 2014, um face palm do Chico Xavier, é feia ou não é?

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7 Comments

  1. chico
  2. Guilherme Fassy
  3. Marcelo Paiva
  4. Marcelo Paiva
  5. vivi spínoooooola

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